Segundo os partidos de esquerda brasileiros (e até alguns europeus), as eco-ONGs que veneram o verde (as verdinhas do dólar) e os professores de história e de sociologia das escolas públicas, o intrépido Jair Messias Bolsonaro, o eterno Capitão, entre tantos outros projetos genocidas, inventou e arquitetou : o desmatamento da Amazônia, as queimadas e as secas no Pantanal e no Cerrado e as invasões e garimpos ilegais em terras indígenas, ops, dos povos originários.
Aliás, genocida é pouco, é até um eufemismo para adjetivar o Mito, de acordo com o consórcio de vendilhões que se autoconvencionou chamar de Imprensa, e para o qual Bolsonaro é o próprio Anticristo, é apocalíptico, hecatômbico, armagedônico. Uma espécie de Thanos tupiniquim a urdir o extermínio de metade da população e dos ecossistemas; em suma, o Mal encarnado.
Porém, os Vingadores da Estrelinha se uniram em patrióticos e democráticos esforços, no que só nos resta agradecê-los em eterna vassalagem, e impediram o extermínio cósmico pretendido por Bolsonaro, responsável, inclusive, pela morte de 700 mil brasileiros infectados por um vírus saído das forjas de um instituto de virologia chinês, infecções essas que, em sua massiva maioria, se deram pela incapacidade do brasileiro ter o mínimo de disciplina e apego à regras, que ocorreram, preponderantemente, em pessoas que se recusaram ao uso de máscaras, que não mantiveram a distância segura uns dos outros, que não só não evitaram aglomerações como também as promoveram, dentro de lares e famílias que, a despeito de tudo, não seguraram seus jovens longe de seus velhos. Eu que não conheço quase ninguém, conheço quatro pessoas que, a bem dizer, quiseram se contaminar; dessas, uma morreu, outra chegou a sentir o bafo do capeta na nuca e as outras duas tiveram sintomas moderados. Tudo culpa do Presidente da República, claro.
Mas tudo isso ficou no passado. Os Vingadores da Estrelinha se uniram e o Mal foi vencido em bíblica batalha travada em honestíssimas urnas eletrônicas, só não mais honestas que Lula, a alma mais honesta do país. O Mal foi batido e deposto. E não só deposto. Tornado inelegível. O Brasil tornou-se território, inclusas suas 200 milhas marítimas, imunizado, refratário, impermeável ao Mal. Suas fronteiras foram vacinadas e imunizadas contra o Mal.
O Mal deixou não apenas de nos ser uma possibilidade. Deixou-nos de ser uma opção.
Se o Bem e o Mal existem, você pode escolher, já disse o Rei Roberto e o Rei dos Reis, segundo o Qual, rezam as escrituras, deu-nos o livre-arbítrio. Presente dos mais inúteis, se não temos opções a serem escolhidas.
No Brasil, eu não posso escolher o Mal, nem se eu quiser. Ele nos foi generosamente retirado do cardápio eleitoral. Tudo para que o Bem, para que o Amor Venceu, reine absoluto e - paradoxalmente - de forma democrática.
Uma vez que o Amor Venceu e o Mal foi para sempre exorcizado, acabaram-se as misérias e as mazelas, findaram-se as devastações de nossos dantes intocados e virgens biomas, nossos campos, florestas e cerrados voltaram a ser as sucursais do Jardim do Éden que sempre foram, certo?
Digo-vos : o caralho!!! O meu caralho amaldiçoado por São Peyronie!!!
Nesta semana, o Inpe, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, divulgou o registro do número de focos de incêndio e de queimadas na Floresta Amazônica durante o mês de junho de 2023. Foi o maior dos últimos 16 anos (quem é que governava mesmo o país durante este período?). Foram 3.075 focos de incêndio, cifra só inferior à contabilizada em 2007, 3519. Quem era mesmo o Presidente em 2007?
Fora os focos isolados de incêndio, o primeiro semestre de 2023 (quem é o Presidente atual mesmo?) apresentou também um aumento de queimadas em larga escala em relação ao mesmo período do ano passado, 2022 (quem governava mesmo o país, então?). Foram 8.344 queimadas em 2023 contra 7.533 em 2022, um aumento de 10%.
O Cerrado também está mais ardente sob o governo do Amor Venceu e das Minorias : 5% a mais de área carbonizada. Em 2022, 4.239 focos de incêndio; em 2023, 4.472.
Bolsonaro Presidente + queimadas = Bolsonaro culpado; Lula Presidente + mais queimadas = Lula culpado, certo?
O caralho! De novo, o meu caralho torto!!!
Claro que não. Não pela "lógica" da esquerdalha, pelo hipócrita duplo padrão de julgamento, pelo orwelliano duplipensar.
Serão, então, as tradicionais festas juninas com suas fogueiras de São João e os multicores balões pelo ar os responsáveis pelos aumentos das queimadas em junho? Se até agora nenhum petista filho de uma égua disse isso, é porque não ocorreu a nenhum deles.
Livres do Mal, que estamos, e governados pelo Amor Venceu, por que as tragédias e desastres continuam a ocorrer e a progredir em escala? Intrigado com a questão, fiz rápida pesquisa e a resposta é simples, esteve na minha cara o tempo todo. Como Lula poderia ser culpado de algo ruim? O culpado é o arteiro e travesso El Niño!
Segundo o site do próprio Inpe, o El Niño é o maior fenômeno climático global que há. De tempos em tempos, as águas do Oceano Pacífico Equatorial se aquecem, mudando o regime dos ventos alísios e originando uma onda de calor que bafeja sobre todo o planeta, alterando radicalmente a temperatura e os regimes de chuva e de estiagem mundiais.
Ou seja, queimadas no governo Bolsonaro = Bolsonaro. Mais queimadas ainda em governos petistas = El Niño. Agora, o culpado não é quem esquenta a bunda no trono do Planalto. Agora, são os caprichos, as imprevisibilidades e as intercorrências do clima global. Agora, são os maus humores das intempéries, a TPM da Mãe Natureza.
É por essa e por milhares de outras que tenho asco à esquerda brasileira e àqueles que, mesmo não se declarando partidários dela, apoiam-na com seus votos, dizendo optar pelo "menos pior".
Ou será que Bolsonaro era capaz, via decretos-leis, controlar a temperatura, os regimes dos ventos e das chuvas, quiçá até a incidência solar, as estações do ano, o eixo de inclinação do planeta e a rotação da Terra, e preferiu fazer vistas grossas e deixar a tudo se consumir em labaredas? Feito um Nero a transmitir calmamente suas lives enquanto o verde de nossa bandeira era calcinado?
Tão poderoso e omisso, era assim Bolsonaro? Tão poderoso ao ponto de não ter conseguido sequer evitar ser sabotado eleitoralmente, ou declarado inelegível de forma parcial e sumária?
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