Como transformar um anti-herói em lenda!



>>> Texto escrito por: Stifmeister

JOHN CONSTATINE| HABITOS PERIGOSOS| RESENHA

 

Todos têm algo que nos marcou em alguma mídia de entretenimento, como uma série, filme, música ou no meu caso, quadrinho, e essa HQ é a fase longa do Garth Ennis pela revista Hellblazer.



Tenho orgulho em dizer que a primeira HQ que comprei foi “Hábitos Perigosos”, me encantou da primeira até a última página, foi uma experiência tão marcante que provavelmente me tornei um potencial fumante após ter lido rsrs.



“ O que eu poderia fazer com John Constantine que não houvesse sido feito antes? E então comecei a pensar em todas as coisas que mencionei no começo deste texto- você sabe, vida... morte... he, he, he... e, é claro, uma ação começou a se destacar das demais: mate ele!”



-Garth Ennis, prefácio do encadernado de Hábitos perigosos em 1993.

 




Morte é o tema que se passa durante toda a fase do Garth Ennis na revista Hellblazer, principalmente no seu primeiro arco (e o mais famoso) Hábitos Perigosos.


Quem escreveu?



Garth Ennis é um escritor norte-irlandês da leva de britânicos que foram da 2000AD para a DC após 1986, na famosa “invasão britânica”. Em suas obras ele sempre foca em temas políticos e religiosos, muito disso vem pela sua criação no meio das guerras irlandesas de protestantes vs católicos. Sua principal característica é o humor negro nas histórias, ele trata temas como racismo, nazismo, cristianismo e outros “ismos” importantes de debater, e os aborda de maneira satírica e de certa forma realista, sempre os deixando em evidência nas tramas . Claramente o Ennis não é um cara que você verá escrevendo histórias de super-heróis, pois ele mesmo já falou que os detesta, e quando ele escreveu sobre, bem, se tornou The Boys (não acho que seja algo que você daria de presente para uma criança).



Sinopse do arco Hábitos Perigosos:



A história começa com nosso querido mago britânico nos contando que vai morrer, pois o médico afirmou que o câncer é terminal, com isso John tenta procurar formas de sobreviver mesmo sabendo que seu destino é inevitável.


Essa é a sinopse simples arco, e você pode se perguntar “o que essa revista tem demais, é só um herói fugindo da morte provavelmente com uma solução genérica e sem graça”, e eu lhe digo que você começou errando ao afirmar que John Constantine é um herói e errou mais ainda ao pensar que seria uma solução genérica.

 

Quem é John Constantine?



Os desenhistas Stephen Bissette e John Totleben eram fãs número um do Sting, vocalista de The Police, tanto que estavam cada vez mais loucos para trabalharem em um personagem que se assemelhasse ao cantor, e conseguiram após conversarem com o famoso escritor barbudo chamado Alan Moore, no ano de 1985 data em que Moore estava trabalhando em sua obra, Monstro do Pântano.


E assim na edição nº37 da revista Swamp Thing foi criado o John Constantine, o mago inglês que não vive sem um Silk cut.


Um ano após sua criação, ele ganhou uma revista própria chamada Hellblazer, onde primeiramente o escritor Jamie Delano passou longas 40 edições até chegar o escritor Garth Ennis, o foco do texto.


O nosso protagonista não é um heroizinho que veste uma capa e fica imbatível e incorruptível, ele não se preocupa em salvar gatinhos em árvores e dizer para as crianças comerem vegetais, ele nem sequer pode ser considerado um herói com poderes levando em conta que a magia que John usa é algo totalmente sombrio e discreto (desconsiderando Constantine novos 52 ). O nosso mago é simplesmente um canalha auto destrutível que não consegue viver sem se envolver em problemas tanto pra si mesmo como para as pessoas próximas (gente como a gente), o seu linguajar é chulo e imoral, costuma ser questionável até com seus melhores amigos. Seu principal dilema foi ter jogado uma pobre garotinha ao inferno após um exorcismo mal executado, mas mesmo diante tudo isso, você ainda consegue enxergar uns 10% de caráter, um cara romântico, que tenta ajudar as pessoas, ele sabe carrega a culpa consigo e sabe de seu Karma de sempre estragar tudo o que toca ferir quem ama.


Então ele está bem longe de um herói qualquer de Comics, ainda mais por ser um personagem fumante, e retratado em diversos quadros ativo .




SPOILERS ALERT!!! Terei que falar sobre a solução da história

 

A história mostra o nosso John se esforçando ao máximo, não aceitando de forma alguma que o mago que sofreu de tudo sobrenatural na vida morrer simplesmente de câncer no pulmão, algo tão comum, e por culpa de um companheiro de longa data, os cigarros.


No decorrer do arco hábitos perigosos, Ennis mostra do que realmente é feito o caráter de John e apresenta outros personagens, que no decorrer do Run ele vai desenvolver, como kit, anjo Gabriel, os três caídos, Ellie, etc, personagens usados para moldar e definir o tom da história e que recebem um grau importância dentro dos conceitos inseridos.


A solução para o John Constantine se safar da morte não é algo simples que se vê em toda história, ele simplesmente engana o inferno e seus demônios encontrando furos dentro da lei, fazendo com que os demônios o deixem vivo, mas consecutivamente sua vida é totalmente afetada pois o inferno não iria deixar barato tamanha audácia do mago.



O casamento de um escritor que ama escrever canalhices com um personagem babaca deu tão certo que até hoje é considerado o melhor autor de Hellblazer, insuperável. Criou personagens memoráveis e trabalhou o Constantine de forma genial, impossível esquecer-se do aniversário e da aparição do monstro do pântano, de como John lidou com o sofrimento diante uma perca, ou da forma que ele confrontou o Rei dos vampiros, todas as tramas são de alto nível.



Considerações finais




Eu não irei falar sobre o resto da fase, pois definitivamente é um run que recomendo, considero essencial a leitura inteira, tanto para quem quer começar a ler Constantine ou até para quem só curte boas histórias de terror e tem certo preconceito com HQs julgando que sejam algo infantil, pois Ennis conta ótimas tramas que mexem com o sobrenatural, demônios, nazistas, e ótimas reviravoltas por todas as longas 42 edições de Hellblazer.



Ah e claro, os desenhos não foram o foco do meu texto, mas os desenhistas Will Simpson e Steve Dillon colaboram demais para as tramas que o Garth Ennis escreve, em destaque o Dillon que desenha histórias adultas de forma perfeita, trazendo bizarrices em tom de humor negro melhor do que qualquer outro desenhista. Não se pode esquecer as capas do Glen Fabry também, que listarei as minhas Cinco favoritas em outro post, pois esse capista é foda.


Como diria o Warren Ellis no prefácio do quarto encadernado da série


“Agora vá em frente e leia esta p0rr@ de edição”





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FONTES:

https://www.tabula-rasa.info/AusComics/Hellblazers.html 

https://youtu.be/Q5STwF1Ead8 

https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Constantine_(Hellblazer) 

https://youtu.be/FGMWvsFOuZE




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