Sete de Setembro de 2022, a Nossa Nova Independência (ou não?)

Desde muito criança, desde os meus tempos de grupo primário, tempos em que a escola era escola e também se prestava a transmitir e a valorizar os valores cívicos e morais (e não a destrui-los), tempos em que os abnegados militares ainda teimavam em querer tornar o brasileiro em um povo com um mínimo de brio, honradez, dignidade e vergonha na cara (no que falharam miseravelmente, pois país que nasce torto nunca se endireita), que ouço dizer da nossa falta de amor à Pátria, do que hoje é chamado de complexo de vira-latas.

Desde essa época escuto dizer que o brasileiro não é patriota, que não se orgulha de suas origens, não valoriza suas raízes, não mostra nenhum apreço aos símbolos nacionais, ao Hino e, sobretudo, à Bandeira.

Em contraexemplo (não dos mais meritórios, é verdade), sempre ouvi elogios à reverência dos estadunidenses à sua independência e à sua bandeira. Em como eles festejam e se emocionam em seu 4 de julho, em como a bandeira é onipresente em suas vidas e em seu vasto território, em como ela tremula, diuturnamente, nos jardins das casas e nas fachadas dos prédios particulares e públicos, em como ela sempre figura nos filmes de Hollywood.

No Brasil, até pouco tempo atrás, só víamos a bandeira verde-amarela a bruxulear nas entradas das repartições públicas, e olhe lá; muitas vezes, inclusive, infringindo todas as normas de sua exibição : desbotadas, puídas, esgarçadas. Há muito não vejo uma bandeira ser hasteada em uma escola, por exemplo.

E, claro, aí sim, na época de Copa do Mundo de Futebol.

A cada quatro anos, a Pátria de Chuteiras também se torna a pátria das bandeiras. A cada quatro anos, quando onze dementes semianalfabetos são convocados e é dito que eles são o Brasil, o povo, é óbvio, nos débeis mentais se reconhecem, e se lembram de que tem (imerecidamente) uma bandeira.

E o nosso pobre e desprezado lábaro estrelado vira coadjuvante de perna de pau, vira gandula das bolas fora do escrete "canalhinho", vira enfeite e adereço amarrado às antenas de carros e a estampar bundas e peitos.

Até pouco tempo atrás, a única coisa que vinculava o brasileiro à sua bandeira era a desgraça do futebol. Já escrevi aqui sobre essa merda : A Ditadura das Bandeiras

Porém, de dois ou três anos para cá, felizmente, os antigos desejos daqueles que reclamavam da falta do amor do brasileiro aos nossos símbolos nacionais foram atendidos.

A bandeira voltou a ser associada a um ato de civismo, um dos mais fundamentais deles, a escolha direta (ainda que fraudável) do mandatário da nação. Um grande parte da população (espero que a maioria votante) vinculou a Bandeira Nacional ao atual Presidente da República Jair Bolsonaro.

E é fácil entender tal associação. Bolsonaro foi o primeiro presidente, depois de quase 30 anos da instalação da esquerdalha no país (primeiro, tímida e moderada, com FHC e, depois, extrema e predadora, com Lula e o PT), a tornar a falar em Pátria.

Pátria, mais que um vocábulo suprimido, foi um conceito banido do Dicionário Oficial da Esquerda no Brasil. Em quase 30 anos de canhotismo, ninguém nunca mais ouviu falar em pátria. Eu dou aula desde 1995 e, nesse tempo todo, nunca vi uma escola hastear um bandeira ou executar o Hino Nacional, como havia nos meus tempos de apedeuta.

A esquerda substituiu Pátria por Estado.

Substituiu o conceito de um povo que tem os mesmos objetivos, que trabalha para o seu bem pessoal e, consequentemente, para o da nação, o conceito de empenho, de estudo, do esforço e do mérito, pelo conceito do Estado Absoluto, do Big Father, que não só despreza o empreendedorismo e as iniciativas e os méritos pessoais : os condena, os criminaliza.

A esquerda substituiu Pátria por Estado, que, basicamente, tem a seguinte hierarquia : uma alta cúpula, a desfrutar de luxos e opulências nababescas, criminosas, literalmente, e um povo que foi reduzido à tão "sonhada" igualdade, ou seja, todo mundo pobre, miserável. Inclusive, vide Cuba, sem direito à propriedade.

Dizem, os esquerdistas canalhas (desculpem o pleonasmo) que Bolsonaro se apropriou da bandeira. Não foi Bolsonaro quem se apropriou : foram eles que a largaram, que a jogaram fora. Foram eles que vieram com a foice, o martelo, a engrenagem e outras pataquadas. E agora a querem de volta? Para quê? Para limparem o cu com ela? Como acontece em muitas de suas manifestações? Depois, é claro, de se deleitarem com o mastro?

Bolsonaro - e se de forma sincera, ou apenas como artífice eleitoral, já é uma outra questão - trouxe de volta a ideia da Pátria, de pessoas que trabalham por algo em comum, que brigam por algo que não esmolas e auxílios governamentais, de pessoas que tem a hombridade de não comer as migalhas da mão de quem os oprime.

Não é à toa que empresários e comerciantes - micros, pequenos, médios e grandes -, em sua maioria, apoiam Bolsonaro. Não é à toa que produtores e trabalhadores do campo, do agronegócio, apoiam Bolsonaro. Foi graças, inclusive, ao agronegócio, tão demonizado pela esquerda e pela mídia vendida, que não parou de trabalhar um dia sequer, para o qual não houve pandemia ou lóquidau, que o país não sofreu uma crise de desabastecimento.

Não é à toa que pessoas que trabalham queiram uma Pátria e não um Estado, que retalha os seus impostos, põe a parte nobre deles no bolso e distribui os miúdos para os encostados e improdutivos.

Não é à toa, por outro lado, que "minorias" e "vitiminhas" da sociedade, que ONGs, que sindicatos, que sem-tetos, sem-terras e sem-vergonhas-na-cara em geral apoiem Lula e o Estado.

Não é à toa que pretensos artistas, intelectuais, professores de "humanas", funcionários públicos de alto escalão, gente que, na prática, não produz porra nenhuma, apoiem Lula e o Estado.

Não é à toa que corruptos, assaltantes, traficantes, sequestradores, terroristas e líderes do crime organizado apoiem Lula e o Estado.

Não vou ser hipócrita e dizer que me emociono ao ouvir o Hino Nacional ou ao ver o hastear de nossa bandeira; não me emociono. Mas sempre trabalhei, nunca vivi do suor alheio, nem minha esposa; nem meu filho viverá.

Nesse 7 de setembro e, principalmente, nesses 2 e 30 de outubro, a escolha, para mim, não será entre Bolsonaro e Lula. Será entre a possibilidade de uma Pátria e a fatalidade de um Estado. 

E, principalmente, o que lhe parece melhor, associar a bandeira a um Presidente da República ou ao estrupício de um Neymar?

Não precisa ser uma Mãe Dinah para adivinhar o meu voto, né?

E nosso lábaro estrelado voltou com tanta força nessas eleições que até o setor de hortifruti do mercado onde normalmente me abasteço prestou-lhe sua cívica homenagem.

Notem, porém, o vermelho-pitaya a circundar, a rondar, a espreitar o nosso verde-amarelo, a tentar corroê-lo, contaminá-lo. Todo cuidado com o vermelho é pouco.


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