Assisti por "meios não oficiais" a Sem Tempo para Morrer, o último filme de James Bond estrelado por Daniel Craig. O filme é bom, sim, no geral. Não chega a ser tão bom quanto Cassino Royale ou Skyfall, mas é uma conclusão satisfatória para a versão de Craig do maior agente secreto da ficção.
É o filme mais longo da franquia, com quase
2h45m, mas até que flui bem, apesar de ter umas "barrigas". E tem
lacração? Sim, tem, mas menos do que esperava, digamos que uns 20% do filme é
lacração. Aquela lacradinha básica, mas bem menos que andaram dizendo.
Inclusive a própria campanha de marketing andou indo nessa direção, como
se se precavesse se o filme fosse um fracasso, para pôr a culpa nos
"machos escrotos". A nova 007 mulher e negra, Nomi, interpretada por
Lashana Lynch, tem sim importância no filme, mas em nenhum momento rouba o
protagonismo de Bond. E ele não pede desculpas por ser homem; é importante destacar
isso.
No entanto, é bem verdade que o Bond de Craig
foi o que mais sofreu com o politicamente correto, mas isso se refletiu mais
nesse último filme. O Bond do Pierce Brosnan foi outro que pegou o
politicamente correto mais forte dos anos 90. Era um Bond que já não fumava e
era mais cavalheresco com as mulheres. Ao contrário de Sean Connery, que era um
Bond que dava tapa na bunda das mulheres. O Bond do Craig também sofreu por ser
feio e não ser muito sedutor. O Bond anterior de Pierce Brosnan até hoje é o
preferido da mulherada. Craig deve ser sedutor só para as tiazinhas de 60 anos.
Mas seu Bond conseguiu arranhar a característica do Bond dos livros de Ian
Fleming, que tinha um lado mais seco e bruto, frio e implacável, mas que também
tinha certo desconforto com seu ofício de assassino. Apesar de que, sim, o Bond
dos livros tinha um lado mais sofisticado que o do Craig, que penou para
desenvolver.
Talvez o grande problema desse filme seja o vilão, Lyutsifer Safin, interpretado por Rami Malek, porque foi pouco desenvolvido e talvez devesse ter mais cenas em um filme de duração tão extensa. Malek é um ator excelente, mas seu vilão ficou bem caricato e achei que poderia ter rendido mais. Ernst Stavros Blofeld, o arqui-inimigo de Bond, vivido por Christoph Waltz, também está de volta, mas sua presença é bem reduzida, apesar de ser importante para o desenvolvimento do enredo.
É um filme com mais ares de romance, porque retoma a relação entre Bond e Madeleine, cujo papel é feito por Léa Seydoux. Ana de Armas também merece destaque, como a Bond girl Paloma.
O diretor Cari Fukunaga, a despeito de ter falado um monte de baboseiras durante a campanha de marketing do longa, como dizer que o Bond de Sean Connery é estuprador, realizou um trabalho realmente competente. As cenas de ação são de impressionar, com toda tensão e perseguição a que um filme de Bond teria direito, e a direção dos atores também é muito boa. Porém, fico curioso para saber como esse ficaria nas mãos do diretor Danny Boyle, que abandonou o projeto por causa das intervenções da produtora Barbara Broccoli.
No enredo, após os eventos de Spectre, Bond está vivendo com Madeleine dias de tranquilidade. Entretanto, após um ataque de membros da Spectre, ele acredita que foi traído por Madeleine e a abandona. Após isso, Bond está morando na Jamaica, aposentado; porém, seu velho amigo Felix Leiter, interpretado por Jeffrey Wright, o convoca como um operativo independente em uma missão, a fim de descobrir o paradeiro de uma arma nanotecnológica, que mata por contaminação de DNA. Isso acaba colocando Bond em uma rota de encontro ao MI6 e a Madeleine.
Quanto à trilha sonora, achei a canção-tema de Billie Ellish
ok, mas não me causou muito impacto, ficando aquém de canções-tema como a de Chris
Cornell e Adele, em Cassino Royale e Skyfall, respectivamente.
O filme tem várias referências aos fãs de Bond, como o Aston Martin, o drink "batido, não misturado", o tiro de silhueta a distância etc. A música que encerra os créditos é We Have All the Time in the World, de Louis Armstrong, a mesma dos créditos finais de A Serviço Secreto de Sua Majestade. É muito comum vários filmes do Bond ter referência à vida e morte no título, como Viva e Deixe Morrer, Só Se Vive Duas Vezes, Um Novo Dia para Morrer, O Amanhã Nunca Morre etc., mas nesse filme a referência à morte realmente faz sentido. É o ponto final. Adeus, Daniel Craig, você foi um Bond interessante. Boa sorte ao próximo ator que assumir a franquia, porque a comparação será cruel. Nota 7,5 de 10.
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