A FASE DEFINITIVA DO DEMOLIDOR
Um dos meus personagens favoritos das hqs é Demolidor,
o homem sem medo. Isso se deve ao fato do demônio de Hell's Kitchen
ser uns dos raros personagens da Marvel que teve a sorte de ser escrito por
grandes roteiristas como Kevin Smith, Brian Michael Bendis, Ed Brubaker, Mark
Waid e, atualmente, Chip Zdarsky. No entanto, o roteirista cuja fase foi o
ponto de partida para o sucesso do Demolidor nos quadrinhos é o Frank Miller.
Apesar dos seus trabalhos atualmente serem...controversos, não há como negar a
importância que a fase do Miller (Demolidor vol
DEFININDO OS TONS DAS HISTÓRIAS
Antes da chegada de Miller, Demolidor era um personagem
que os roteiristas não tinham ideia do que fazer com ele. Sua história mudava
de uma direção a outra. Ele começou como um herói colorido enfrentando vilões
fantasiados, lembrando muito histórias do Homem Aranha, enfrentou ameaças
paranormais e até mesmo chegou a mudar de cidade e teve uma longa parceira com
a Viuva Negra. Nenhuma das ideias tinha sido o bastante para aumentar sua
popularidade.
Quando Miller, que na época era apenas um desenhista
assumiu os roteiros ele deu pras histórias uma direção, dando a elas um tom bem
noir e pé no chão.. Ao invés de um herói colorido e charmoso, o demolidor era
um vigilante badass e sombrio, tentando manter a ordem em um bairro violento, o
que tornou o drama em suas histórias bem relacionável.
A EVOLUÇÃO DOS VILÕES
Uma das formas que Miller abordou essas temáticas mais
maduras e complexas foi por meio da relação do Demolidor com seus inimigos, que
foram de vilões coloridos e cartunesco para mafiosos e assassinos, que
representavam um desafio o demolidor, não só em relação em sua força física,
mas em relação a sua ideologia e valores como um vigilante, um advogado e até
mesmo um homem religioso.
Os maiores exemplos disso estão na forma como Miller
reinventou dois vilões da editora Mercenário e o Rei do Crime como adversários
que encaixam no mundo do Homem sem Medo. Interessante é a forma como Miller foi
capaz de tornar esses vilões populares sem retconizar a história estabelecida
deles, mas desenvolvê-los através da narrativa, dando mais profundidade. No
caso do Mercenário, que era um vilão genérico e sem carisma, foi mostrado o
efeito que suas derrotas nas mão do Demolidor, fazendo ficar insano e
imprevisível. Sempre que Mercenário entrava em cena, deixava para trás uma
pilha de cadáveres, deixando o herói tentado a executa-lo, a quebrar seu código
moral e sua fé na lei.
Mas o melhor vilão na fase foi o Rei do Crime, um
vilão que tava praticamente sem lugar nas hqs. Embora tenha começado como um
vilão do Aranha, os escritores não achavam que Fisk se encaixa-se na galeria de
vilões do amigo da vizinhança, mesmo tendo acrescentado detalhes interessantes
ao vilão como seu relacionamento com Vanessa, sua esposa, e seu filho Richard.
Foi graças a Miller, que o Rei do Crime achou seu
lugar como um dos vilões mais importantes do universo Marvel. O seu retorno no
arco "Guerra de gangues" mostra Fisk voltando a sua vida de crime,
após o sumiço de sua esposa Vanessa, e aos poucos conquistando o submundo de
Nova York, se tornando uma figura importante nas histórias seguintes. Sua
rivalidade com Demolidor foi um dos maiores destaques na fase do Miller, com os
dois tendo seus conflitos mas também um certo respeito e necessidade pelo
outro, agindo como os dois elementos opostos que promovem equilibrio de poder
em Hell's Kitchen.
ÁREAS CINZAS ENTRE O PRETO E BRANCO
Além de vilões como Fisk e Mercenário, Miller também
introduziu ao mundo do Demolidor anti heróis, que reforçavam o questionamento
do herói em relação aos seus valores, como por exemplo, o Justiceiro, que
desafia a crença do Demolidor na efetividade da lei, fazendo questionar se vale a
pena deixar criminosos serem julgados, sabendo que eles provavelmente
conseguiram escapar (legalmente ou ilegalmente) e repetir os mesmo crimes.
No entanto, o oponente que representou as áreas cinzas
no mundo preto e branco de Matt Murdock
foi a primeira grande criação de Miller: A ninja assassina Elektra. Tendo sido
amante de Matt durante a faculdade, o fato de estarem em lado oposto, com
Elektra sendo mercenária e Matt sendo um combatente do crime, torna sua relação
bem dificil, com ambos estando divididos entre seus deveres e a paixão que
sentem um pelo outro, tornando o romance dos dois um dos arcos mais trágicos e
icônicos na fase do Miller
A OBRA PRIMA DE MILLER
Após ter trabalhado nas hqs Demolidor desde a edição
Essa história é emocionante foi uma excelente forma de
Miller encerrar sua fase no Demolidor. Se essa tivesse sido sua ultima
história, a fase dele teria terminado de forma muito boa. Mas não foi...pois
Miller tinha um final muito mais grandioso em mente.
Ao voltar por um breve período as hqs do demônio de
Hell's Kitchen, Miller fez uma ultima grande história do personagem, uma que
viria a ser a história definitiva do Demolidor aos olhos dos fãs e que definiu
Miller como o melhor roteirista dos quadrinhos do Demolidor: A queda de
Murdock.
Nesse arco épico, temos o retorno de Karen Page uma
antiga namorada de Murdock que estava sumida das hqs. Agora sendo viciada em
drogas, Karen acaba cedendo a identidade secreta do Matt a um traficante e essa
informação acaba caindo nas mãos do Rei do Crime, que começa a destruir a vida
do Matt aos poucos, indo desde incrimina-lo e faze-lo perder sua licença de
advogado a explodir sua casa deixando o herói desabrigado e afastado dos seus
amigos.
Depois de várias histórias mostrando Matt confrontando
inimigos mortais e encarando dilemas que o faziam questionar sua moral e seus
métodos como um herói, essa história foi um final perfeito pra fase do Miller,
puxando o Demolidor até seus limites, fazendo ele perder tudo em sua vida
pessoal, mas mostrando seus pontos fortes, com Matt se recusando a se dar por
vencido, se esforçando para sobreviver mesmo diante um cenário tão dificil,
tornando seus momentos de vitória muito mais merecidos e bem construídos.
E não é só Matt, mas vários personagens do seu elenco
de apoio passam por dificuldades nessa história, seja a Karen tentando fugir
dos capangas do Rei do Crime ou Ben Urich sendo ameaçado por investigar as
operações do Rei, todos tendo momentos de derrota e desespero, mas no final
conseguindo se reerguer para alcançar seus objetivos. Isso perfeitamente
reforçar a mensagem da história e demonstrar o que tornar Demolidor um herói
tão legal: Sua habilidade de sempre levantar, não importa quantas vezes ele
caia.
LEGADO DO DEMÔNIO
Embora Miller tenha deixado as hqs do Demônio de
Hell's Kitchen, seu trabalho nunca será esquecido, tendo estabelecido o tom e
estilo de histórias que muitos fãs associam com o Demolidor.
Até hoje, muitos roteiristas que trabalham nas hqs
pegam inspiração da fase de Miller, chegando até mesmo desenvolver tramas
estabelecidas em suas fases como a rivalidade do Demolidor com o Mercenário
(ex: Demônio da Guarda de Kevin Smith) ou o Rei do Crime ter descoberto a
identidade secreta do herói (ex: O arco Revelado de Brian Michael Bendis e a
fase do Mark Waid).
Mesmo as adaptações em outras mídias como desenhos,
séries e o filme do Ben Affleck pegaram inspiração da fase Miller, demonstrando
a influência que ela teve na mitologia do Demolidor
Claro que tudo isso é opinião pessoa, e tem pessoas
que julgam as fases dos outros escritores superiores a do Miller, porém nenhuma
fases teria existido se não tivesse sido pela forma como Miller pegou esse
herói desconhecido, com a hq a beira do cancelado e o transformou num melhores
personagens da Marvel. Pode-se dizer que ele realmente ensinou a todos, sejam
editores da Marvel ou nós, fãs leitores de hqs que...
Um homem sem esperança é um homem sem medo!
Então é isso! Qual a opinião de vocês em relação a
fase do Frank Miller no Demolidor? Sintam-se a vontade para colocar suas opiniões
e ideias nos comentários abaixo.
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