O objetivo deste texto é trazer à tona alguns paralelos entre o contexto do cenário da guerra civil americana e o atual cenário político dos EUA. As últimas eleições foram de fato muito conturbadas, com alegações de fraudes, votos de mortos e uma polarização descomunal.
Não vou entrar no mérito de afirmar que tivemos fraudes ou não, mas quero apenas afirmar que o cenário se repetiria com uma eventual eleição de Trump também.
O episódio do Capitólio teria se repetido nos eua se Trump tivesse sido eleito, só que, agora o radicalismo do outro lado teria se revelado, em suma, o caos era anunciado e inevitável.
Vamos ao contexto histórico, em meados do século XIX Abraham Lincoln o "homenzinho “ comum de springfield, tinha derrotado o renomado Seward do partido republicano nas primárias para as eleições, Lincoln foi uma surpresa para grande parte do establishment republicano. Assim como Trump foi uma surpresa para o establishment republicano, e Biden foi um bom jogador para o establishment democrata.
Além do mais, Lincoln sofreu diversos ataques da mídia democrata, diziam até que ele era um terrorista incutido, não diferente do que ocorreu com Trump em particular, com Biden a mídia republicana até que pegou leve, mas tinha-se o fato dos casos de pedofilia, o filho dele, o fato dele ser velho demais para o cargo e etc. Mas a violência dos ataques a Lincoln refletia o medo dos democratas da possível eleição de Lincoln, e por que? , bom, o partido democrata estava rachado neste período, muito mais do que o republicano com suas intrigas internas a respeito de Lincoln. Para referência, enquanto o partido republicano fez uma convenção apenas para decidir seu candidato, os democratas fizeram três , e na terceira decidiram que Stephen Douglas seria o seu candidato, o que mais atrasou os democratas foi a questão da abolição da escravatura, entre os republicanos ao menos tinha-se o consenso de que ela deveria acabar.
Lincoln tinha que ganhar em três estados: Indiana, Pensilvânia e Ohio, lugares onde Stephen Douglas tinha força considerável, mas Lincoln sabia que para realizar tal feito precisaria assegurar sua autoridade sobre o partido republicano. O que de certo Trump fez na eleição de 2016, mas perdeu a mão na de 2020, enquanto Joe Biden foi o único entre tantos que conseguiu conciliar as duas partes do Partido democrata, ou seja na nossa história aqui, Joe Biden é o “Abraham Lincoln” dos democratas, ele uniu os mais “tradicionais” e os progressistas mais ligados a causa radicais como o BLM e o movimento Antifa, e isso faz toda a diferença.
Como todos sabemos Lincoln acabou vencendo a eleição, e um temor que já perdurava a alguns anos na mentalidade dos americanos , se concretizou, parte da população não aceitava que Lincoln era o presidente eleito. Lincoln sabia da pressão que ia receber, e começou a se cercar de pessoas técnicas e fortes, Joe Biden nas suas indicações equilibra bem o que faz, ao mesmo tempo que indica nomes conhecidos para economia por exemplo, atende a pauta identitária da esquerda progressista, nomeando uma trangerenso para cargo de secretaria em assuntos de saúde, por exemplo. Não digo que concordo com isso( pra mim se a pessoas for competente para ocupar o cargo pode ser até o kid bengala em cargo público) , mas observo o jogo e os movimentos das peças , e por hora Joe tem jogado bem.
Voltando ao século XIX, enquanto Lincoln ia formando sua família política, o país se dilacerava, no dia 20 de dezembro de 1860 a Carolina do Sul,em consequência da vitória republicana, realizou uma convenção estadual, na qual um decreto que aprova a secessão do estado foi assinado, e por todo o extremo sul, a onda foi se espalhando. Em protestos nos estados da Flórida, e Geórgia, eram carregadas tochas e cartazes que afirmavam, “ Abraham Lincoln, o primeiro presidente da confederação do norte”, o passo estava dado.
Assim como ocorreu no dia da invasão do Capitólio, as pessoas não aceitavam o presidente eleito, se isso é certo ou errado ? bom eu sou da ideia de que o poder emana do povo e ele tem todo o direito de protestar pelos motivos que ele achar justo, Biden venceu, mas uma parcela da população que votou em peso em Donald Trump também quer, e precisa ser ouvida.
No passado este acontecimento de protestos populares acabaram com a esperança de que o tempo traria uma solução pacífica para a crise da secessão.
Depois do episódio do Capitólio, nenhum outro protesto violento ocorreu, mas a posse de Joe Biden foi “vazia” e rodeada de uma sensação de insegurança e medo, dizem que a primeira impressão é a que fica não é ?. Pelo próximos 4 anos Joe Biden vai ter que “sambar” para agradar ao máximo todas as vertentes políticas do país que ele mesmo fomentou a polarização.Durante as eleições ele obteve sucesso em unir seu partido e trabalhar na retórica que o fizesse vencer, mas o seu tiro no Pé foi ter fomentado violência e radicalismo e achar que isso não retornaria contra ele uma hora. Se os EUA correm o risco de uma nova guerra civil ? , acredito que sim, mas como em toda guerra alguém tem que acender o estopim, e aí está a maior democracia do ocidente, decaída e fragilizada. O “império” estadunidense deu mais um passo (e bem largo) para sua Ruína e não há partido ou instituição democrática que resolva isso.
E apenas para conclusão, uma grata e justa saudação ao eterno Abraham Lincoln “No final, apesar de na época não ter sido plenamente reconhecido, foi Lincoln que manteve unido seu partido rebelde, quando uma ruptura evidente poderia com facilidade ter destruído sua administração, antes mesmo que ela começasse. Lincoln manteve um espantoso grau de controle sobre uma situação cada vez mais caótica e potencialmente devastadora”. O único medo é que apesar de Biden ter levado muito bem seu partido e suas pautas na eleição, ele não transparece essa segurança de "Líder nacional” que é fundamental para qualquer ser que direcione na prática, um país.
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