Como o tempo passa, não?
Apesar de ter visto aqui em uma rápida pesquisa que o seriado estreou no Brasil no dia 31 de Outubro de 2010, foi justamente nesse dia, 2 de novembro, o “Dia dos Finados” que conferi a estreia no canal de TV a cabo Fox, indo chatear um amigo para ver na casa dele. Em 2010 eu ainda não tinha visto muitos seriados, se os visto, só de forma incompleta e ocasional, a maioria passava na TV fechada apenas no SBT, nos demais canais, só passavam de madrugada, e olhe lá. Ver seriados ainda era um privilégio dos que tinham TV paga ou uma boa internet –além de conhecimentos de Torrents e afins – duas coisas que eu não tinha naquele tempo. Até os DVDs piratas eram vendidos de forma mais cara que os outros, com suas capas de plástico leve grampeadas umas nas outras, em perfeita ordem numérica e garantindo que nada fosse vendido separado.
Naquele ano, eu tava começando a ficar mais
crítico e chato com as coisas, começando a prestar mais atenção aos detalhes, e
ficava me perguntando o que tinha de especial naquela HQ que geral elogiava
pelo Orkut, e que na noite pro dia tinham pipocado várias comunidades sobre,
mesmo com a plataforma já em fim de carreira. Também me era um tanto
“desconfortável” ver algo que não fosse da Marvel ou DC, e muito menos sem
seres superpoderosos. Todos os trailers empolgavam, e finalmente pude assistir
em sua estreia.
A princípio, uma ruptura decepcionante com
todo referencial –limitado- que eu tinha sobre esse subgênero de zumbis
(Leia-se Resident Evil e Madrugada dos Mortos) por não apresentar uma causa para
tal epidemia, e nem mesmo entregar um background
adequado para o personagem principal: apenas um policial que após ser baleado,
acorda do coma e tenta achar sua família. 50 minutos se passam nesse piloto,
com Rick ficando tão atônito e surpreso quanto o público, com aquela súbita
realidade, e entre uma pá em sua cabeça por sobreviventes que ficavam em sua
casa, e uma promessa de tentar achar sua família, o policial sai cavalgando no
melhor estilo Velho Logan por toda aquela devastação e jornada às trevas. Como
algo assim poderia dar errado?
E ao meu ver, deu.
Já no segundo episódio caí do cavalo –literalmente-
junto a Rick, acuado por uma incontornável massa de inimigos, e se vendo
obrigado a fazer aliança com um batedor de grupo chamado Glen, que por conivência
de roteiro, lhe levaria até sua família, onde seu outrora melhor amigo estava a
traçar sua esposa. Clássico.
Os episódios seguintes, com ele no
acampamento, me faziam perguntar se eu não peguei o ônibus errado. Eu, em minha
burrice achando que iria acompanhar um tipo de Velho Oeste pós-apocalíptico
numa pegada Eastwood de ser, me vi preso em uma espécie de Big Brother Brasil
que por acaso, também tinham zumbis. Ao fim dos seis loooooooooooonnngos
episódios dessa temporada de estreia, larguei o seriado para nunca mais voltar,
e sentir um rancor pelos anos seguintes. Também vale menção que havia baixado
os 20 primeiros números do quadrinho, e havia desistido na edição #07. Achava
tudo abrupto, aleatório, uma história que já parecia tá em curso há dezenas de
edições, e eu havia perdido a origem daquilo tudo.
Só coisa de 2 anos atrás, mais maduro, pude
entender melhor a proposta do autor, ao finalmente reler com mente mais aberta
o quadrinho, parando na edição #66 (de 193, não parei por ser ruim, pretendo a
retomar), e mesmo mantendo meu veredito sobre o início simplório, o quadrinho
se mostra muito dinâmico, criativo, honesto quanto aos personagens e seus
possíveis fins, conseguindo prender a atenção de uma forma invejável, daí pude
ver o quanto a linguagem televisiva anulou tudo isso, esticando um enredo que
funciona com velocidade + senso de urgência. E nem me venha com “linguagens distintas
e blá blá blá”. Enquanto no quadrinho, cada edição criava medos reais no
leitor, a exemplo de “como defender essa prisão contra o filha duma puta do
Governador?”, sua adaptação encontrava subterfúgios para só entregar a história
de fato ao fim de cada episódio, como forma de manter sua estrutura inchada
como legítima, contando com a cumplicidade de um público não tão crítico a esse
modelo na época, mas que com o passar dos anos percebeu a cilada, e com séries
mais compactas e objetivas, como as da Netflix de anos atrás, foi debandando.
No presente momento, até o quadrinho, que
eu vivia zoando sobre o Kirkman não saber o fim, a uma história que nem começo tinha, já encerrou. O ator que fazia o
protagonista parece que saiu para fazer filmes dentro desse universo, um tópico
que nunca mais vi ser tratado. O seriado ainda gerou burburinho anos atrás com
o Comediante Negan e uma determinada cena de assassinato, mas após isso,
nunca mais vi qualquer pessoa comentando sobre. E claro, minha vontade pela
história que um dia busquei em TWD só veio ser aplacada ano passado, ao jogar The Last of Us pela primeira vez no PS3.
As modas vem e vão, e só a lembrança de dias mais simples e jovens é que ficam.
E você? Qual foi sua relação com TWD? Deixe
aí nos comentários.
Até o próximo.
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