Batman foi criado em 1938, um vigilante sinistro e carrancudo que
combatia o mal na cidade de Gotham City. Mas o tom das histórias andava adulto,
sério demais e Batman não conversava com ninguém fora Alfred, uma HQ naquela
época era voltada quase que totalmente para o público infantil, super-heróis
tinham que ter cor e atrair a atenção das crianças, Batman vivia nas trevas e
apavorava qualquer um, então o que fazer para trazer as crianças para as
histórias do Cavaleiro das Trevas? A resposta veio na forma de Robin, o Menino
Prodígio.
Em 1940, na revista nº 38 de Detective Comics surgia o parceiro mirim de
Batman, um menino de circo cujos pais artistas, os Graysons Voadores, foram
mortos por um mafioso durante uma sabotagem em sua apresentação, Bruce Wayne
estava no circo e assistiu a tudo, literalmente, de camarote. Batman reconheceu
no menino sua própria dor e o adotou, treinando-o para superar a perda e fazer
justiça como ele. Criado por Bob Kane e Bill Finger, com Jerry Robinson, para
fazer contraparte à sisudez de Batman e angariar a simpatia das crianças para a
revista do Morcego, curiosidade: reza a lenda que o nome Robin veio do
sobrenome de Jerry Robinson, que era o ‘ajudante-mirim’ dos autores na época
(valeu, Wikipédia). No entanto, não imaginavam é que, com a chegada de Robin e
o seu sucesso imediato, teria início a era dos Parceiros Mirins dos
super-heróis. Dick Grayson, o Robin, é, reconhecidamente, o primeiro e mais
famoso parceiro de herói da história das HQs.
Na esteira do seu sucesso vieram Ricardito para o Arqueiro Verde, Bucky
para o Capitão América, Centelha para o Tocha Humana, Moça Maravilha para a
Mulher Maravilha, Aqualad para o Aquaman, Kid Flash para o Flash, Jimmy Olsen
para o Superman e muitos outros, nessa lista não cito Rick Jones como parceiro
do Hulk, porque ele às vezes nem deve saber de quem é parceiro. Vejam bem,
somente na inocência das HQs é que homens feitos deixariam crianças vestirem
uniformes e lutarem contra bandidos e assassinos. O assunto já rendeu bastante
controvérsia, levando até ao questionamento da sexualidade dos heróis e,
curiosamente, o que mais sofreu com isso foi o Batman. Só que isso não adiantou
muito para essa febre acabar, durou muitos anos e esse cordão umbilical começou
a ser cortado quando veio a era dos Titãs, ou melhor, dos Jovens Titãs, quando
em uma jogada de mestre, Marv Wolfman e George Pérez pegaram os parceiros
mirins, tirando-os de debaixo da asa dos seus mentores, para lutarem suas
próprias batalhas sozinhos e crescerem, um reflexo daqueles tempos em que o
público de gibis também estava amadurecendo e as histórias de heróis estavam
ganhando tons mais adultos e sombrios.
Robin começou nos Titãs diretamente como saiu das histórias do Batman,
sem identidade própria, sempre o ‘parceiro do Batman’ com o uniforme e os
apetrechos clássicos, até que na saga contra a Colméia e o Exterminador, Robin
adotou a identidade de Asa Noturna, iniciando sua própria trilha no mundo dos
heróis saindo da adolescência para a fase adulta, chegando mesmo a substituir
Batman até o seu retorno, mais uma mostra do amadurecimento do personagem.
Porém, a lenda de Robin era grande demais para acabar por aí e o manto foi
passado para Jason Todd, um menino vivendo abandonado nas ruas de Gotham,
roubando para sobreviver. Repetindo os passos de Dick Grayson, Jason foi
adotado por Batman e se tornou o segundo Robin.
Jason, diferente de Dick, tinha personalidade violenta e errática, era
insubordinado e dava muita dor de cabeça ao Batman por ter problemas com
autoridade, do lado editorial os leitores não estavam aprovando muito bem a
mudança e uma questão foi levada aos leitores: Robin deveria morrer?
Surpreendentemente a resposta foi sim e Jason foi assassinado cruelmente pelo
Coringa. Como o Coringa estava sob as ordens de Ras Al Ghul, ele se sentiu
responsável pela morte de Robin, mergulhou-o no Poço de Lázarus e o trouxe de
volta a vida, mais tarde ele assumiu o nome de Capuz Vermelho, tentou se tornar
Batman, mas foi impedido por Dick Grayson.
A saga de Robin não acaba aí, Tim Drake estava no mesmo circo aonde os
pais de Dick morreram, assistiu a tudo como Bruce. Anos depois, usando de um
talento nato de investigação, deduziu as identidades de Batman e Robin. Após a
morte de Jason e percebendo a queda psicológica de Batman, Tim pediu a Dick que
o ajudasse a convencer Batman de que poderia se tornar o próximo Robin, após
salvar a vida deles do vilão Duas Caras, Batman aceitou o novo Robin, mais
inteligente, maduro e perspicaz do que os anteriores, ele alcançou um sucesso
maior do que os outros, chegando a ter o seu próprio título solo. Tim Drake tem
família rica, seu pai foi assassinado na saga Crise de Identidade em uma de
suas seqüências mais comoventes. Atualmente ele é o Robin Vermelho.
O manto de Robin passou, por pouco tempo, para Stephanie Brown, namorada
de Tim que foi demitida do cargo por desobedecer as ordens do Batman, o mais
recente é Damian Wayne, filho de Bruce com Thalia, filha de Ras Al Ghul.
Cresceu odiando o pai, tendo uma relação conturbada com ele quando passou a
morar na mansão, assumiu o nome de Robin quando Dick Grayson se tornou o novo
Batman por algum tempo.
Em outras mídias, Robin esteve presente na série de TV dos anos 60,
sendo vivido por Burt Ward, qual fã da DC não fala, às vezes, ‘santa alguma
coisa, Batman’? Pois é, o vício veio daí. No cinema, o personagem também esteve
presente naqueles famosos seriados dos anos 40, e foi desperdiçado em Batman
Eternamente e Batman & Robin, em caracterizações vergonhosas. Uma sacada
legal de Christopher Nolan foi ter colocado o personagem no último filme da
trilogia Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge sem uniforme como um policial
que ajuda o Batman, só no final revela seu nome e a herança do manto do
Cavaleiro das Trevas.
Os heróis nunca deixaram de ter parceiros, muita coisa mudou desde a
época de sua criação, mas Robin conseguiu deixar sua marca nas histórias do
Homem Morcego e nas HQs para sempre.
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