Kirk Douglas é um nome dos mais marcantes do cinema, uma lenda que figura dentre tantas outras como John Wayne, Yul Brynner, Charlton Heston, Charles Bronson e James Mason, isso apenas para citar alguns. O que posso dizer de um homem que já era um ator consagrado quando eu nasci? Ele nos deixou em 05 de fevereiro de 2020 aos 103 anos... Ainda não cheguei perto da metade desse número e percebo o quanto podemos ter de estrada ainda pela frente, uma vida inteira na verdade, que ainda nem começou direito se acharmos que fizemos muito até agora.
Quem poderia imaginar aonde o rapaz pobre, filho de imigrantes judeus russos, iria chegar conseguindo uma bolsa de estudos entrando para um grupo de atuação por não poder pagar para estudar? Creio que nem ele, pois nesse instante nascia uma lenda. O talento desenvolvido em espetáculos da Broadway, comerciais de TV e em programas de rádio o levou para as telas do cinema, com uma ajuda da famosa Lauren Bacall, debutando no filme "O Tempo Não Apaga", de 1946 e não parou mais.
À partir daí seguiram dezenas de filmes, campeões de bilheteria, prêmios e três indicações ao Oscar, sendo que não levou nenhum, porém recebeu um Oscar Honorário em 1996. Na minha infância, sem o luxo da TV a cabo, nem sonhando em ter um computador em casa e muito menos conhecendo o termo internet, só tinha o rádio e a TV com os famosos canais convencionais, neles sempre passavam os filmes preferidos dos adultos da época: faroestes.
Clássicos como Duelo de Titãs, Sem Lei E Sem Alma e O Último Pôr do Sol. Confesso que assisti a um ou outro sem muito interesse, era uma criança, mas lembro do rosto de Kirk Douglas, só não fazia ideia do talento que estava na minha frente. Ele trabalhou ao lado de feras como Anthony Quinn e Burt Lancaster. Então veio uma novidade para mim: Faroeste com Comédia, o nome era Cactus Jack, O Vilão; Kirk era o Cactus Jack, uma paródia de vilão, tentando fazer suas trapaças sendo antagonizado por um jovem bobão Arnold Schwarzenneger em começo de carreira, muito divertido na época e hoje é uma relíquia de canais nostálgicos como o TCM.
Vendo esse filme levei um choque com a revelação de que estava vendo uma comédia com Spartacus. Nossa, sempre fui fã de filmes como Os Dez Mandamentos, O Maior Espetáculo da Terra, Ben-Hur e o maravilhoso Spartacus, o pai dos filmes de gladiadores, o marco na carreira de Kirk Douglas e ali estava ele em uma comédia pastelão, fazendo um papel que parecia o Dick Vigarista, o bandido que não dá uma dentro.
Outro que ficou na minha memória: A Fúria (1978) de Brian de Palma, Douglas interpreta o pai de um paranormal raptado para ser usado em um projeto de armas psíquicas militares, em busca do filho ele se junta a outra jovem paranormal para encontrar o rapaz. Um filme tenso com a marca do Brian de Palma (Carrie, A Estranha e Dublê de Corpo) e o carisma de Douglas, com um final que levei tempo para esquecer, também recomendo fortemente que procurem e assistam. E a lista é grande, como o filme que dá nome a esse texto: O Invencível, sobre um homem que busca no boxe o sustento para si e o seu irmão doente que foi um dos seus primeiros sucessos; Ulysses como o clássico herói grego; 20.000 Léguas Submarinas dando vida ao intrépido arpoador Ned Land (a luta com a lula gigante é o ponto alto do filme); Nimitz - De Volta Ao Inferno contando a saga de um porta-aviões nuclear que viaja no tempo através de um fenômeno até a véspera do Ataque a Pearl Harbor, ele faz o comandante do navio futurista que pode alterar o rumo da guerra e da história, pessoalmente um dos meus favoritos do astro.
Isso é uma pequena parte do legado desse grande artista para o cinema, seus filhos seguiram os seus passos dentro da indústria. O mais notório é o famoso ator Michael Douglas, seguido de Eric Douglas, também ator e comediante que faleceu em 2004; Joel Douglas, produtor cinematográfico e Peter Douglas, produtor de TV. Nada mais natural que se espelhassem no sucesso do pai, seja atuando ou não. O cinema foi a vida de Kirk Douglas, um homem de carisma tão grande nas telas como fora delas. Para nós, amantes da Sétima Arte, só nos resta agradecer e nos despedir do talento que agora é parte do panteão imortal dos maiores astros que já brilharam.
Obrigado, Kirk.
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