Última leitura. Pois é, eu estava esperando
para ver quando é que a Marvel iria dar uma “lacrada” no Conan, agora que a
editora voltou a ter os direitos de fazer quadrinhos do personagem. E não
precisei esperar muito, na verdade. Nesse segundo número, a lacrada já acontece.
E acontece forte. Justo na primeira
história dessa edição, Conan está lutando contra seus odiados pictos, velhos
arqui-inimigos dos cimérios. O problema é que, se nos lembrarmos bem, veremos
que os pictos eram retratados como um povo primitivo, quase que neandertais. O problema é que o desenhista Mahmud Asrar
desenhou os pictos como nativos norte-americanos. Sim, isso mesmo, índios.
Conan está, como de praxe, furioso com os
pictos, vingando companheiros de armas mortos, quando aparecem umas cobras
gigantescas conhecidas como serpentes fantasmas e começam a devorar os selvagens.
Até mesmo Conan não resiste a ver seus detestáveis inimigos sendo massacrados
dessa maneira e parte para cima das bichas. Em seguida, ele acorda na tenda do
xamã da aldeia dos pictos, que faz uma proposta inusitada para o cimério.
O xamã diz que garantirá salvo-conduto para
Conan passar pelas terras pictas, mas, para isso, o bárbaro terá de ajudar a
derrotar as tais serpentes fantasmas. Relutante, o cimério aceita a tarefa. Mas o
que parecia uma aliança inusitada entre inimigos que se odiavam, com o tempo,
dá lugar a companheirismo. Conan fica amiguinho dos pictos, no melhor estilo Dança
com Lobos e ainda diz frases merdas como “lutem como pictos”, com pintura
facial na cara! Sem contar que ele ainda se diverte na fogueira e ainda pega
umas pictas. A gente sabe que Conan não perdoa nenhuma mulher e nunca negou
fogo, mas isso acho demais, pois as mulheres pictas eram as únicas que ele
tinha certa repulsa e não tinha coragem de enfiar nelas seu gigantesco falo
hiboriano de mais de 30 centímetros (uia!).
Eu não sei o que o roteirista Jason Aaron
pensou, mas fazer Conan camarada dos pictos é demais. Assim não dá. Acredito
que ele quis estabelecer um elo de identificação entre Conan e os pictos, pelo
barbarismo que os une, mas isso é demais. Até mesmo porque o personagem é de
origem bárbara, sim, mas viajou pelos quatro cantos da Era Hiboriana e aprendeu
bastante sobre o mundo civilizado, ainda que, sim, sentisse certo desprezo por
suas convenções. Inclusive como rei da Aquilônia, Conan ficava dividido entre
seu barbarismo inato e os costumes do mundo civilizado.
Mas ficar amiguinhos dos pictos é foda! Vai
tomar no cu, Marvel! Vai se fuder, Jason Aaron, encarecidamente! Os dois povos
que Conan sempre odiou foram os pictos e os estígios, e tornar o cimério
companheiro dos selvagens é muita forçação. Os pictos faziam colares de dedos de mulheres e crianças cimérias, e agora Conan ficou miguxo deles. Lacrou!!!
A segunda história da revista nem é tão ruim,
na qual Conan é condenado por enforcamento na Árvore Vermelha, por ter roubado
o ouro dos mineiros da fronteira entre a Nemédia e a Aquilônia, mas ele não
morre de jeito maneira, ou quebrando o galho da tal árvore, ou então por
intervenção divina do próprio Crom, uma vez que Conan, como bom cimério, não
vai implorar a Crom que salve seu rabo. Por isso, o título de “Cimérios nunca
oram”.
Dá até para fazer uma analogia interessante
sobre religião nessa segunda história, pois um sacerdote até tenta converter
Conan a Mitra, pobre coitado! Enfim, a segunda história da revista é bem melhor
que a primeira, porque não tem muito como comparar. A primeira história dessa
revista é uma bela de uma bosta. A segunda é uma história apenas ok do Conan,
mas que parece muito melhor quando comparada com a primeira. Apesar de que gastei
muito mais linhas comentando sobre a primeira história que a segunda. E ao final da segunda história estão as duas crianças gêmeas sinistras e a Feiticeira Rubra morta-viva levando Conan agora rei da Aquilônia para ser sacrificado para o Capiroto, como havia sido mostrado na última edição. Jason Aaron resolveu fazer vários recortes de fases da vida do cimério nesse primeiro arco.
A revista ainda vem com mais dois capítulos
da história “A luz estrelar negra”, que é uma narrativa em literatura, para
honrar a origem pulp do personagem. Nota 4 de 10, porque a primeira história
dessa revista realmente foi foda (de ruim).
0 Comentários