[Texto da tag “Escritor Convidado”,
escrito por 🕷O TᗩGᗩᖇᕮᒪᗩ SᑭIᗪᕮᖇ-ᗰᗩᑎO🕷, publicado originalmente em:
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Durante
a virada do milênio, era comum que a mídia quisesse passar a sensação de
mudança, de que o futuro visto em filmes de ficção científica em épocas
passadas havia chegado. E isso influenciou também as HQs. No ano de 2000, a
Marvel começou com um projeto que buscava revitalizar seus principais
super-heróis e personagens para o século 21, mas sem sofrer com a continuidade
do Universo principal, o 616. Ao longo de seus quinze anos, tornou-se a linha
alternativa mais bem-sucedida da editora, servindo até de influência para a
construção do Universo Compartilhado da Marvel nos cinemas. Hoje falarei do
Universo Ultimate.
(2000-2004):
PRIMEIROS PASSOS
Assim
que foi criado, o Universo Ultimate procurou ter bases mais realistas em
contraste ao universo 616, com poderes e origens dos personagens da Marvel
sendo recriadas para se adequar a época. Além disso, a própria mitologia e
magia aqui são colocadas em um caráter duvidoso, com muitas vezes o leitor se
perguntando se elas estão presentes também nessa realidade ou não, já que aqui
o foco é bem mais na ficção científica. Além disso, por puxar uma linha mais
realista, o Ultiverso ficou conhecido por lidar com a morte de uma forma mais
ousada em comparação ao universo principal: vários personagens foram mortos (às
vezes em situações até banais) e não voltavam.
Quando
surgiu em 2000, a Marvel escolheu para inaugurar este novo universo, o seu
principal super-herói da editora, o Homem-Aranha. Tendo Brian Michael Bendis
(Alias) como escritor e desenhada por Mark Bagley, Ultimate Spider-Man foi de
longe, a HQ mais sucedida da linha, com um total de 133 edições originais sendo
publicadas entre 2000 e 2009. Um destaque em especial, vai para o primeiro
arco, intitulado Poder e Responsabilidade, no qual conseguiu expandir nas suas
cinco primeiras edições, os eventos de Amazing Fantasy #15. Peter Parker
aqui é filho de dois cientistas (no universo principal, seus pais eram
espiões): Richard Parker e Mary Parker, mortos em um acidente de avião. Peter
cresceu com seus tios, mas embora tenho herdado o intelecto dos seus pais, se
tornou um adolescente tímido e introvertido. Sua vida muda drasticamente
durante o passeio de sua escola as indústrias Osborn. A companhia, liderada por
Norman Osborn, estava desenvolvendo o soro do Super Soldado quando uma aranha
experimental escapou, picando Peter antes de ser destruída. Mais tarde, Peter
descobriu que seu corpo e força já não eram os mesmos, ganhando força
sobre-humana, agilidade e vários poderes relativos a uma aranha, como o Sentido
Aranha. Ao descobrir que sua família passava por dificuldades financeiras,
Peter decide participar de um desafio de luta livre, usando uma máscara para
esconder sua identidade. O promotor da luta lhe dá traje mais colorido e passa
chamá-lo de Homem-Aranha. Após fazer várias lutas, Peter um dia é acusado pelo promotor
de ter roubado seu dinheiro. Sem escolha, ele é obrigado a fugir e impedido de
participar de outras lutas. No mesmo dia, um ladrão passa correndo bem na sua
frente e Peter não usa seus poderes para capturá-lo, uma ação que o assombrou
mais tarde, pois quando retornou para casa, soube que um assaltante tinha
assassinado seu tio Ben em sua ausência. Inconformado, Peter veste seu traje e
consegue capturá-lo. Quando encontrou o bandido, o jovem se dá conta de que era
o mesmo criminoso que tinha permitido escapar mais cedo. Com o peso da culpa,
Peter começa a lutar contra o crime e sendo conhecido como Homem-aranha.
Com
o sucesso imediato de Homem-Aranha, a Marvel decidiu ampliar o Universo
Ultimate, com o lançamento de Ultimate Marvel Team-Up, onde mostrava o
Homem-Aranha interagindo com outros super-heróis da mesma realidade, além de
trazer versões modernas de suas principais equipes como os X-Men, o Quarteto
Fantástico e em especial, os Supremos. As três equipes, diferentemente de
Homem-Aranha, não ficaram sob encargo de Bendis, mas sim do escritor escocês
Mark Millar.
Lançado
em 2001, Ultimate X-Men teve como grande influência o filme dos mutantes
lançado um ano antes, ao mesmo tempo que procurava reinventar os elementos das
histórias da equipe para o século 21, da mesma forma que Bendis fez com o
Homem-Aranha. Inicialmente escrito por Mark Millar, com desenhos de Adam
Kubert, a HQ passou na mão de vários escritores, porém nunca teve o mesmo
sucesso que os X-Men do Universo principal. A premissa ainda é a mesma: Xavier
recruta vários jovens que tiveram o dom de ganhar seus poderes desde o
nascimento, mas por não saber controlá-los, são odiados e temidos pela
humanidade. Para defender sua causa em busca da paz entre humanos e mutantes,
ele recruta as versões Ultimate de Ciclope, Garota Marvel, Fera, Tempestade e
Colossus para formarem os X-Men. As principais diferenças da equipe nessa
realidade, talvez sejam a (polêmica) mudança de sexualidade de Colossus, que é
homossexual e chegou a namorar o mutante Estrela Polar, a personalidade de
alguns membros da equipe como a Vampira (bem mais introvertida nessa realidade
do que no universo 616), o Wolverine (aqui deixo bem claro que ele era um
escroto, um mercenário enviado pra matar o Xavier a mando de Magneto, mas que
sofreu uma lavagem cerebral de leve feita pelo próprio careca para entrar na
equipe e que tinha uma tara pela Jean Grey tamanha, que abandonou e deixou pra
morrer o namorado dela e membro de equipe. E sim, era o Ciclope) e a Cristal
(de cantora de discoteca a cantora de banda de Rock underground), sem falar em
especial, de uma mudança que mexeria com os mutantes dessa realidade, mas
deixarei pra falar dela mais pra frente…
A
terceira principal HQ do Ultiverso foi lançada em 2002, chamada de Os Supremos
(The Ultimates no original). Também criada por Millar e desenhada por Bryan
Hitch (The Authority), ele fez dos Supremos, uma reimaginação quase que total
dos Vingadores, uma das principais equipes da Casa das Ideias. Enquanto que os
Vingadores eram uma equipe independente que ficava sob os cuidados de um
mordomo atencioso, os Supremos eram como havia dito anteriormente, uma
força-tarefa da S.H.I.E.L.D, criada para defender os Estados Unidos (e a Terra
em geral) de qualquer tipo de ameça, impedindo-a de qualquer maneira… custe o
que custar. Para deter uma invasão secreta orquestrada por alienígenas
transmorfos conhecidos como Chitauri (a versão Ultimate dos Skrulls), o diretor
da S.H.I.E.L.D, Nick Fury, recruta os super-heróis mais poderosos da Terra para
fazer parte do grupo: Bruce Banner, um cientista que falhou em recriar o Soro
do Super-Soldado do Capitão América e que com excessos de raiva, transforma-se
na criatura conhecida como Hulk; Tony Stark, o Homem de Ferro, aqui bem mais
sarcástico e adepto ao alcoolismo que sua contraparte do universo 616; Janet
Van Dyne, a Vespa, que nessa realidade, é uma mutante com o poder de diminuir
de tamanho, inspirando seu marido Hank Pym a desenvolver uma tecnologia que
imite seu poder mutante e até mesmo aumentar seu tamanho corporal, tornando-se
o Gigante; Gavião Arqueiro e Viúva Negra, ambos exímios agentes secretos da
S.H.I.E.L.D; e por fim, o Capitão América, que mantém intacta parcialmente sua
origem como no universo 616, com o diferencial que aqui ela está mais atrelada
a presença dos Chitauri na Terra, infiltrados de nazistas, sem falar que sua
versão Ultimate é bem mais conservadora, ao ponto de apelar para a xenofobia.
Nas edições seguintes, o grupo ainda é reforçado pela chegada de Feiticeira
Escarlate e Mercúrio, recém-saídos da Irmandade de Mutantes de seu pai, Magneto
e que procuravam se redimir começando uma carreira como super-heróis.
Millar
coloca o Hulk como destaque no primeiro arco da equipe, no qual o Gigante
Esmeralda (mas aqui cinza) é a ferramenta que acaba sendo utilizada para
justificar a existência do super-grupo. Enquanto que na origem dos Vingadores o
Hulk foi manipulado por Loki, aqui ele é fruto da mente doentia do próprio
Bruce Banner que vê em seu alter-ego a única possibilidade de Os Supremos
manterem-se na ativa, considerando que o grupo, logo quando criado, cai no mais
completo marasmo e passa a sofrer pressões orçamentárias dos EUA e das Nações
Unidas.
Vê-se
muito claramente no trabalho de Millar a preocupação logo no início de encaixar
a conceituação da equipe dentro da engrenagem política que reflete muito
proximamente a que temos hoje em dia, estabelecendo Os Supremos quase que como
uma ferramenta de controle, um Big Brother super-heroístico que pode até ter
uma função nobre a princípio, mas que também sofre dos malefícios da sociedade
contemporânea. Aliás, esse é um mais um ponto característico no Universo
Ultimate, que é a linha tênue entre super-heróis e vilões. Enquanto que no
universo 616 há claras definições de moralidade e decência, suas contrapartes
no Universo Ultimate caminham em uma corda bamba entre ser bons e maus, a
maioria possuindo seus demônios internos, embora alguns tenham a virtude
inabalável, como o Homem-Aranha.
Finalmente
em 2004, Millar, Bendis e Kubert adaptariam a versão Ultimate do Quarteto
Fantástico (Nota: Uma versão da equipe já havia aparecido em uma das edições de
Ultimate Marvel Team-Up, porém foi desconsiderada tempos depois da cronologia
oficial do Universo Ultimate) e como não poderia ser diferente, trouxe grandes
mudanças para a equipe. Aqui, o Quarteto deixou de ser a família super-heroica
como era no universo 616, já que todos os seus membros eram jovens. Além disso
Millar fez com que o acidente responsável por gerar os poderes da equipe
ocorresse na Terra ao invés de ser no espaço. Reed Richards desde cedo
demonstrou tamanha inteligência, ainda que seus pais fossem apenas pessoas
comuns e não soubessem muito bem lidar com a inteligência do garoto, chegando
até a desincentivá-lo. Seu único amigo é Ben Grimm, um promissor jogador de
Futebol Americano. Para uma feira de ciências, Reed constrói uma máquina de
teletransporte e quando um olheiro o vê, ele é levado para o Edifício Baxter,
lugar para onde vão crianças super-dotadas. Lá, Reed conhece Victor Von Doom,
Sue e Johnny Storm e seu pai Franklin Storm, dono da Baxter. Anos depois, Reed
e Victor constroem uma máquina de teletransporte para mandar uma maçã à Zona
Negativa(Universo Paralelo). No dia em que a dupla vai testar o experimento
eles convidam: Ben Grimm, Sue Storm e Johnny Storm, contudo, o experimento dá
errado e os cinco ganham poderes extraordinários.
(2004-2009):
O AUGE, CROSSOVERS E… UM ULTIMATO CATASTRÓFICO
Em
2004, o Ultiverso estava bem estabelecido, com as vendas de suas HQs indo bem e
sendo um sucesso de crítica, em especial, os Supremos. Com isso, já estava na
hora de expandir o universo para novos horizontes. Assim em 2004, era lançada a
minissérie Pesadelo Supremo (Ultimate Nightmare no original), escrita por
Warren Ellis (The Authority) e que serviu de entrada para uma trilogia de
minisséries dedicadas a chegada de Galactus (com as outras sendo Ultimate
Secret e Ultimate Extinction) ao Ultiverso, ou melhor dizendo, "Gah Lak
Tus": Diferentemente de sua versão tradicional do universo 616, aqui nós
temos o Devorador de Mundos sendo um enxame de seres robóticos, criados pela
raça alienígena Kree, que acabaram por sair do controle, passando a perambular
pelos cosmos consumindo planetas. Além da trilogia, ainda foi publicada em
2006, uma minissérie intitulada Ultimate Vision publicada sob a forma de um
interlúdio, com os seus eventos se passando logo após ao fim da primeira minissérie,
Pesadelo Supremo.
Além
da Trilogia de Galactus, o Ultiverso também começou a interagir com outros
universos. Em Ultimate Quarteto Fantástico #25, o arco "Crossover"
fez com o que o Quarteto dessa realidade se encontrasse aparentemente com o
Quarteto do universo principal… digo aparentemente, porque mais tarde
descobrimos que na verdade tratavam-se de uma realidade onde a equipe havia se
transformado em zumbis. Ou melhor, virtualmente todos os personagens da editora
foram vitimados por um apocalipse zumbi, e se transformaram em mortos-vivos. A
ideia ganhou gosto do público e a Marvel decidiu criar a linha Zumbis Marvel,
com os super-heróis zumbificados invadindo mais realidades além da do Universo
Ultimate para conseguir alimento humano.
O
segundo crossover aconteceu em Ultimate Power. Aqui vemos o Ultiverso se
encontrar com o universo de Poder Supremo (pense como uma realidade onde o
Esquadrão Supremo são os únicos super-heróis dessa realidade e suas atitudes
são similares a Liga da Justiça na série de games Injustice), ainda que seja em
uma história bem dispensável, tendo os traços de Greg Land, o cara que adora
erotizar suas personagens femininas (até demais) e não é muito conhecido por
ser um cara original…
Em
2005, a Marvel lançou a continuação da série original de Os Supremos,
intitulada Os Supremos 2, repetindo a dobradinha da primeira série da equipe,
Mark Millar e Bryan Hitch. Como não podia ser diferente, Millar continua a
fazer das HQs da equipe, a principal definição de como funciona a realidade
deste universo, influenciado pela corrida armamentista e a política de Guerra
ao Terror, marcas vigentes do governo norte-americano de George W. Bush na
época. Após salvarem a Terra da Invasão Secreta dos Chitauri, os Supremos se
tornam supercelebridades nos EUA, ao mesmo tempo que são induzidos a salvar a
"democracia e liberdade" em outros países. Tal fato faz com que Thor,
o idealista do time, recusasse a tomar parte dessas ações, saindo da equipe.
Aproveitando-se da situação, o manipulador Loki influencia outras nações do
mundo, a criarem uma "ação preventiva" para se protegerem das
intervenções impostas pelo governo dos EUA, ao mesmo tempo em que aproveita a
fama da equipe para desestabilizá-los um a um.
Apesar
do sucesso do segundo volume de Os Supremos, a linha Ultimate já demonstrava
dar sinais de desgaste perto de completar dez anos de vida. O segundo volume de
Os Supremos bem como outras séries sofriam atrasos na hora de suas publicações,
chegando a serem concluídas bem depois do prazo original. Um exemplo foi
Ultimate Wolverine vs Hulk, com sua primeira edição publicada em Fevereiro de
2006 e sofrendo um hiato de três anos (!!!) para enfim ser concluída em 2009.
As HQs já estavam com qualidade aquém dos primeiros anos da linha, sem falar
que a cronologia do universo começava a ficar tão confusa quanto a do universo
principal, isso em tão pouco tempo de vida. Era hora do Ultiverso sofrer
algumas mudanças que modificariam a linha para sempre… e foi assim que surgiu
Ultimato.
Em
Ultimate Origins, como o próprio nome sugere, os segredos sobre a origem dos
super-heróis nesse universo é finalmente revelado, em especial, os mutantes.
Enquanto que no universo 616, eles são vistos como o próximo passo da evolução
natural da humanidade, no Ultiverso descobrimos que eles são fruto de
experimentos em outros seres humanos, na busca de surgir criaturas superiores
assim como o Capitão América, com o Wolverine sendo o paciente zero.
Tudo
isso culmina em Ultimato (ou Ultimatum no original), escrita por Jeph Loeb e
tendo arte de David Finch, onde vemos um Magneto atormentado e enlouquecido
sendo o responsável por inverter os Polos Magnéticos terrestres, motivado pela
descoberta da origem dos mutantes nessa realidade e também pela morte de sua
filha, Wanda Maximoff, a Feiticeira Escarlate, contada na infame Os Supremos 3
(cuja trama consegue ser tão comfusa e ao mesmo tempo tão pífia comparada aos
dois primeiros volumes que preferi ignorar). Isso faz com que vários cidades ao
redor do mundo passem por várias catástrofes, em especial, a cidade de Nova
York, que por muito pouco não se transforma em uma versão contemporânea da
mitológica Atlântida após ser pega em um enorme tsunami que mata vários super-heróis
de uma só vez. Enquanto que o Homem-Aranha fica na cidade para poder resgatar
os inocentes que estavam ainda vivos, vemos os super-heróis sobreviventes
partindo em direção ao Asteroide M para ter uma batalha definitiva com Magneto.
A batalha termina com mais super-heróis sendo mortos (lembrando que o lema do
Universo Ultimate é que quem morre, permanece morto), porém com Magneto sendo
vencido e morto também. Ainda que tivesse sido feita em uma qualidade ruim, com
várias cenas violentas e impactantes apenas para traumatizar provavelmente o
leitor (como a infame cena de Blob bancando o canibal e comendo o cadáver da
Vespa) , Ultimato cumpriu com o seu papel de gerar uma grande mudança na linha
e assim iniciar um processo de reformulação.
(2010-2014):
REFORMULAÇÃO E MAIS CROSSOVERS
A
reformulação na linha após Ultimato deu uma sensação de revitalização ao
Ultiverso, inclusive com todas suas HQs sendo relançadas, agora sobre a marca
Ultimate Comics. Logo de cara, descobrimos o surgimento de uma nova ameaça para
aquele universo: Reed Richards, agora conhecido pelo nome de O Criador. Em
2011, Brian Michael Bendis faz uma grande mudança com o Homem-Aranha, com Peter
Parker não sobrevivendo após lutar com o Sexteto Sinistro e havendo uma
passagem de manto para Miles Morales, que se torna o novo Homem-Aranha nesse
universo.
Logo
após os eventos de Ultimato, Reed e Sue se separam e o Quarteto Fantástico é
dissolvido. Tempos depois, Reed é visto vivendo com seus pais, antes que uma
misteriosa explosão aparentemente os matasse. Logo descobrimos que foi o
próprio Reed responsável pelo assassinato de sua família, além de ter forjado
sua própria morte, se aliando com um grupo de alienígenas para pilhar os
artefatos armazenados no Projeto Pegasus. Parte de sua motivação para deixar de
ser um super-herói foi o fato dele não gostar mais de sua dimensão doméstica e
deseja poder encontrar outro mundo para melhorar. Futuramente, ele seria visto
como uma ameaça maior em Ultimate Comics: Ultimates, onde após passar 1000 anos
em um futuro distante, retorna a sua linha temporal para assumir a alcunha de O
Criador e se tornar líder das Crianças do Amanhã, uma raça de super-humanos
geneticamente modificados por ele próprio.
Em
uma tentativa de recriar a aranha geneticamente modificada que foi responsável
por dar os poderes de aranha a Peter Parker, Norman Osborn continuou com os
seus experimentos genéticos com a fórmula Oz em aranhas na Oscorp. Sem que ele
ou sua equipe soubessem, alguns dos experimentos foram bem-sucedidos e
produziram várias super-aranhas, onde uma delas escapa de sua gaiola e
perambula livremente no laboratório sem ser notada. Um ladrão conhecido como O
Gatuno, infiltra na Oscorp e a saqueia sem perceber que havia levado a aranha experimental
junto. Logo depois descobrimos que O Gatuno era o tio de Miles e ao visitá-lo
contra a vontade de seus pais é picado na mão quando estava no sofá comendo um
picolé. O garoto começa a espumar pela boca e desmaia. Ao recobrar a
consciência, vê seu pai discutindo com seu tio pois não gostava da má
influência que ele passava em seu filho, então o garoto foge do apartamento e
de repente descobre que tem a capacidade de ficar invisível, além de outros
poderes sobre-humanos. A princípio Miles fica receoso com tais mudanças e
rejeita querer tornar-se um super-herói tal como o Homem-Aranha era, querendo
ser apenas um garoto normal. No entanto, a morte do Homem-Aranha Ultimate o faz
ter um peso na consciência e ao ir no enterro de Peter, ele descobre através de
Gwen que Peter só se tornou o Homem-Aranha para vingar a morte de seu tio Ben e
que tinha como filosofia que “com grandes poderes vem grandes
responsabilidades”. Miles então decide assumir o manto de Homem-Aranha, embora
sua juventude e inexperiência, lhe servirão de obstáculos para conseguir vencer
os mesmos desafios que Peter Parker teve, sendo então sua prova de fogo.
Só
que nem tudo era novidade nessa fase da linha, há também continuidade de
equipes antigas. Vemos os Supremos e os X-Men se desenvolverem, ainda que sejam
de lados opostos: os Supremos lidam diretamente com as consequências de
Ultimato, enfrentando novos desafios, ao mesmo tempo que procuram manter os
Estados unido após o evento catastrófico, chegando até o Capitão América
assumindo a presidência do país; já os X-Men se veem em um mundo com cada vez
mais ódio pelos mutantes, com o governo norte-americano não tendo nenhuma
misericórdia em matá-los e sem a presença de seus maiores líderes: o pacifista
Charles Xavier e o revanchista Magneto. Aí vemos o desenvolvimento de Kitty
Pryde, outrora vista apenas como a integrante novata e imatura da equipe, pouco
a pouco, aprendendo a auxiliar os mutantes restantes nos Estados Unidos e
assumir o papel de líder, ganhando mais destaque até que sua contraparte do
universo 616.
Finalmente
em 2012, o Ultiverso finalmente se encontraria com o Universo 616 em
Homens-Aranha, onde vemos que Peter Parker (do universo 616) após
acidentalmente descobrir que Mysterio havia construído um portal
interdimensional, acaba parando no Universo Ultimate e descobrindo que lá ele
está morto, todos sabem que ele havia sido o Homem-Aranha e que um jovem
totalmente estranho para ele era o novo Homem-Aranha. Mas esse não seria o
único contato entre os dois universos: após os eventos de Era de Ultron, no
qual houve uma ruptura no espaço/tempo entre as realidades, o Galactus do
universo 616 foi sugado por um buraco e indo parar no Universo Ultimate. O
Devorador de Mundos logo se encontra com sua versão Ultimate, que como já
expliquei, era um enxame robótico que consumia planetas. Mas o que parecia ser
um embate cósmico sem precedentes, foi brochante até: Assim que o enxame notou
a presença de sua contraparte do universo 616, tratou logo de se fundir e isso
gerou uma espécie de armadura no ser cósmico, que agora ficou muito mais forte
e, naturalmente, com mais fome. Para impedir Galactus, vemos os sacrifícios de
personagens cósmicos importantes como o Capitão Mar-Vell e de Nova (que nessa
realidade é Rick Jones), que chega a separar a fusão entre o enxame e Galactus
e até mesmo a ferir o Devorador de Mundos, porém, o mesmo sobrevive e parte em
direção a Terra, extremamente faminto. Tudo isso culmina com os super-heróis e
até vilões da Terra precisando deixar suas diferenças de lado e unir suas
forças em Cataclismo. E assim como em Ultimato, vemos mais super-heróis
perdendo suas vidas (em especial, Thor e Capitão América), ainda que o mais
importante tenha acontecido: a Terra mais uma vez sobreviveu. E mais uma vez,
em uma sensação de dejavù, o Universo Ultimate passava por (mais uma)
reformulação…
(2014
– 2015): NOVA REFORMULAÇÃO… E TUDO MORRE.
Os
Estados Unidos inteiros estão de luto enquanto que no alto da Torre Stark, há
um velório mais pessoal para Steve Rogers, que se sacrificou para salvar o planeta
de Galactus; Monica Chang, que havia sido por um tempo, a Viúva Negra e era
atualmente a diretora da S.H.I.E.L.D, foi afastada do cargo; Reed Richards
estava abalado com o que havia visto no Universo 616; Kitty Pryde agora era
vista como heroína nacional após ter sido a principal responsável por salvar o
planeta; Os Supremos chegaram ao fim. Só que um grupo de jovens heróis resolve
chamar a responsabilidade para si e não deixar que o legado da equipe morra,
formando uma nova versão da equipe, os Novíssimos Supremos (ainda que na minha
opinião, estejam mais para uma versão Ultimate dos Novos Vingadores, mas no
caso aqui, dos Supremos). Além disso, somos apresentados a versão Ultimate da
Fundação Futuro, com o Homem de Ferro, Falcão, Homem-Máquina e surpreendentemente
o Doutor Destino.
Só
que nada disto pode evitar o desgaste que a linha passava desde 2010.
Novíssimos Supremos e Ultimate FF fracassaram nas vendas e foram rapidamente
canceladas, restando apenas Miles Morales: Ultimate Spider-Man como HQ publicada
pela linha. O Universo Ultimate poderia ter sobrevivido ao maremoto do Ultimato
de Magneto ou até mesmo a investida do Devorador de Mundos em Cataclismo,
porém, encontraria seu derradeiro fim em Guerras Secretas, um evento que pôs
frente a frente, o universo 616 e o Ultimate, em uma luta para decidir qual
universo sobreviveria perante a eminente destruição do Multiverso. A despedida
oficial da linha se deu em Ultimate End, escrito por Brian Michael Bendis e
ilustrada por Mark Bagley. O fim da linha não significou exatamente o fim para
todos os personagens, pois devido a popularidade, alguns personagens foram
resgatados e inseridos no universo principal tais como Miles Morales e
personagens relacionados a ele, além do Criador, a versão maligna de Reed
Richards que também vivia no Universo Ultimate.
LIGAÇÃO
COM O UNIVERSO CINEMATOGRÁFICO DOS CINEMAS
Quando
a Marvel Studios criou um universo compartilhado para filmes dos super-heróis
da Marvel em 2008, sem dúvida o Universo Ultimate serviu de maior influência:
*
Nick Fury negro e interpretado pelo Samuel L. Jackson (Bryan Hitch claramente
desenhava a versão Ultimate do diretor da S.H.I.E.L.D com as feições do
lendário ator);
*
Origem do Hulk no UCM é a mesma do Universo Ultimate, no qual foi uma tentativa
mal sucedida de reproduzir o Soro do Super Soldado que transformou Steve Rogers
no Capitão América;
*
Viúva Negra e Gavião Arqueiro serem agentes secretos da S.H.I.E.L.D, com
destaque pro Gavião Arqueiro ter uma família, apresentada em Vingadores: A Era
de Ultron;
*
Os Chitauri, a raça alienígena que foi o primeiro desafio para as histórias dos
Supremos, ganharam uma versão adaptada para os cinemas em Os Vingadores;
*
O jeito sarcástico da versão Ultimate do Homem de Ferro serviu como base para
que Robert Downey Jr. criasse sua versão do personagem de mesmo nome, para o
filme de 2008, entre outras pequenas influências.
E
EIS QUE… O RECOMEÇO?
Apesar
de ter oficializado o fim da linha, a Marvel nunca abandonou de fato sua linha
alternativa mais promissora, dando exemplos como os Supremos originais tendo um
papel importante nas últimas HQs da versão 616 da equipe. Além disso, na quinta
e última edição de Homens-Aranha 2 lançada em Dezembro de 2017, descobrimos que
o Universo Ultimate havia retornado, como consequência direta dos eventos de
Guerras Secretas, trazendo vários personagens que haviam morrido em eventos
anteriores como o Capitão América e o Thor, além de introduzir uma versão da
Coração de Ferro para aquele universo. Bendis, que trabalhou como roteirista da
HQ, explicou a decisão de retornar com o universo:
“Eu
trouxe o Universo de volta pois muitas pessoas falavam pra mim que apoiaram por
anos e, agora, ele havia sumido e era uma tristeza. Eu concordo. Não por ego,
apesar que acredito que ele faça parte, mas como um fã eu entendo esse
sentimento. Espero que a Marvel consiga fazê-lo funcionar outra vez.”
Seria
um indício de um reboot e retorno da linha? Vale lembrar que em 2020, a linha
Ultimate completará 20 anos de existência… o que será que a Marvel ainda
reservará para os fãs do Ultiverso?
Post escrito por Supremo Miranha, a.k.a
Spider-Mano.
3 Comentários
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