Não
posso dizer que sou um aficionado por esportes de combate, pois não
conheço a fundo os princípios, os fundamentos, as regras, quais os
intervalos de peso de cada categoria, muito menos como são marcados os
pontos durante a luta, mas me considero um apreciador destas justas
modernas.
Prefiro
o boxe. Porém, em tempos áridos de grandes pesos-pesados, de um Cassius
Clay, de um George Foreman, de um Joe Louis, de um Rock Marciano, de um
Mike Tyson e, até mesmo, de grandes pesos-pesados da ficção, feito um
Rocky Balboa, ou um Adilson Rodrigues Maguila, tenho quebrado o galho e
me conformado com as lutas de vale-tudo, hoje conhecido como MMA.
Mesmo
não sendo, como declarado, um expert, também não sou um total néscio.
Sei do básico. Sei que, por exemplo, não é tudo que vale no vale-tudo.
Chute no saco e dedada no olho são golpes proibidíssimos, verdadeiros
tabus do esporte.
E dedada no olho do cu? O regulamento do MMA nada diz sobre.
Assim,
como todo bom brasileiro, que arruma um jeitinho pra tudo, o lutador
Jorge Kanella se valeu desta brecha legal para, primeiro, sacanear o seu
oponente, e, segundo, para tentar passar pela guarda do inglês Alfie
Davis e reverter a desvantagem em que se encontrava na peleja.
Jorge Kanella aproveitou a brecha legal e enfiou o dedão do pé na brecha do cu de seu adversário.
Kanella, mais afeito ao estilo wrestling,
à luta em pé e à trocação franca de golpes, irritou-se com a
insistência do adversário em se manter deitado de costas no chão, em
postura defensiva mais a la jiu-jitsu, uma tática que poderia ser comparada à retranca no futebol, ou seja, o cara nem ataca nem sai de trás da moita.
O impaciente Kanella não teve dúvidas : meteu-lhe o hálux, o famoso dedão do pé, no cu.
O inglês reclamou : "Se você está em pé com alguém no chão, não vai direto assim. Você aprende que não é legal".
Está certíssimo o inglês. Os dois lutadores nunca haviam se encontrado
antes, foi a primeira luta dos dois, o primeiro encontro. Se fosse já
um segundo ou terceiro encontro, vá lá, ou se Kanella tivesse tentado
antes uma chave de perna, uma chave de braço, um mata-leão, uma
guilhotina, um cheiro na orelha, uma cafungada no pescoço, o inglês
estaria mais à vontade e talvez não reclamasse tanto da atitude do
brasileiro.
A
manobra ilegal e lasciva de Kanella não passou despercebida ao árbitro,
que lhe puniu com o decréscimo de um ponto em sua contagem.
Davis
saiu da luta reclamando de dor no períneo. Engraçado. O cara leva
cotovelada no nariz, tem o supercílio dilacerado, leva chute nas
costelas, tem a cabeça quase arrancada por socos de mais de 100 kg de
peso e sai reclamando da dorzinha de uma dedada no cu? Firula. Frescura
do inglês. Que acabou vencendo a luta por pontos e em decisão unânime :
29 a 27.
A um jornalista, o brasileiro Jorge Kanella teria declarado em off : "Perdi a luta, mas ele perdeu as pregas."
Pããããããããta que o pariu!!!!
0 Comentários