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Uma das histórias mais incríveis da genialidade de
Bobby Fischer eu ouvi do meu grande amigo HermanClaudius Van Riemsdijk. É tão incrível que você pode não acreditar.
Herman
é um forte Mestre Internacional e um dos grandes jogadores da história do
Brasil. Durante 20 anos ele escreveu uma coluna no Estadão e tem a maior
biblioteca de xadrez do Brasil (talvez da América do Sul?). Conheço ele desde o
meu primeiro torneio em São Paulo, que joguei em 1987.
Um
aviso: uma história, quando nos é contada, muitas vezes acaba ganhando uma
realidade própria em nossa imaginação. Eu não garanto que ela tenha sido
narrada exatamente do jeito que descreverei abaixo. Mas é assim que eu me
lembro dela.
Na
minha memória o Herman, em 1970, avistou o Fischer nas escadarias do Clube de
Xadrez de Buenos Aires. Emocionado, correu para tentar trocar algumas palavras
com o já lendário americano.
“Bobby,
sou um admirador seu”, disse Herman. “Qual o seu nome”? Perguntou Fischer. A
grande surpresa veio com as palavras de Bobby depois de saber com que estava
falando.
“Eu
conheço suas partidas. Aliás, acompanhei um match que você jogou recentemente.
Mas acho que você poderia ter arrematado melhor em uma das partidas” (e começou
a sugerir variantes).
Sim,
Fischer não só tinha visto as partidas do nosso MI - ele também as havia
analisado.
Detalhe:
salvo engano, o match era pelo título de Campeão do Clube de Xadrez São Paulo
(ou algo semelhante - não me lembro contra quem).
Algumas
conclusões:
1-
Sim, o Fischer era um gênio. E tinha uma memória fora do comum;
2- Por incrível que possa parecer, ele era humilde. E sabia que podia aprender
também vendo partidas de jogadores que não estavam na elite;
3- Ele amava xadrez e podia passar horas vendo partidas.
Essa
última conclusão é a mais importante. Se você quer melhorar, em qualquer nível,
você tem que amar o jogo e ver muitas partidas completas, sempre procurando
treinar sua tomada de decisão.
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