[Texto
da tag “Escritor Convidado”, escrito
pelo nosso quase membro secreto RiptorBR.,
publicado originalmente em:
https://disqus.com/home/discussion/channel-familiamarvel/frustracoes_aranhaversos/]
Inegavelmente, o "subgênero" de heróis está em sua
Era de Ouro, onde todo ano há sempre mais de dois ou três adaptações, seja com
nomes já conhecidos, ou aqueles que inusitadamente ganharam uma chance de
brilhar no cinema. E pelos últimos números, essa fase não parece que vai
terminar tão cedo.
Mas... O que define um sucesso de um herói, seja no cinema, na
televisão,nos games ou mesmo no local onde nasceram (as HQs)? Bem, quem sabe a
melhor resposta seja o quanto ele
desperta em muitos o desejo de sê-lo. E não apenas por poderes ou por
visuais, mas por aquilo que liga qualquer espectador aos personagens: a identificação.
E Homem-Aranha no
Aranhaverso, a primeira aposta animada do Cabeça de Teia no cinema
co-roteirizada por Phil Lord e produzida também por ele junto de Chris Miller
(responsáveis por Uma Aventura LEGO, outra animação sobre ser quem você quiser)
compreende esse anseio de que "qualquer um pode usar a máscara". Seja
um homem branco de meia-idade, um adolescente negro, uma jovem roqueira, um
cara tirado diretamente de um universo Noir, uma garota de anime com um
robô...ou mesmo um porco falante. Oras, por que não?
Mas a dita identificação não é apenas a "do querer
ser", de "admiração", da "fantasia","de ter
poderes"... É a identificação do simplesmente... Se tornar. Com isso em
mente, o longa faz com que a identificação com um jovem Miles Morales seja quase
que instantânea: seja por sua relação com seu preocupado pai (e os famigerados
“micos” adolescentes que ele sente por causa dele), pela admiração pelo tio que
não é visto tão bem, a aproximação com Gwen ou mesmo pelos pensamentos comuns
impostos pelo roteiro, Miles poderia ser uma parcela considerável do público
ou, no mínimo, um conhecido nosso.
A proximidade é tanta que o filme brinca justamente com tudo
o que o Homem-Aranha já foi em outras adaptações, enquanto apresenta
rapidamente coisas sem parecer apressado. Assim, seja ao referenciar os filmes
dirigidos por Sam Raimi (com direito a uma menção sobre o "Peter Emo” de
HA3), passando pelo mais recente protagonizado por Tom Holland e até voltando
mais no tempo até as primeiras animações do final da década de 60 (a cena
pós-créditos tem uma coisa relacionada a isso que é ótima), tudo soa divertido.
No entanto, essa aproximação, por mais que disponibilize cenas engraçadas, também
impulsiona o longa a ganhar seriedade, em um filme que consegue equilibrar com
muita competência ambos os lados da moeda.
E ao falar isso, é bom destacar como o trio de diretores
(Peter Ramsey, de A Origem dos Guardiões,
e os estreantes Bob Persichetti e Rodney Rothman) conseguem não somente
construir tão bem uma possível realidade alternativa como a transpassa por
outras paralelas, construindo acima de um bom desenvolvimento da trama e dos
personagens (que carregam carisma facilmente) um entendimento de que a
realidade nada mais é do que aquilo que é feito no presente. E a partir de
então, cria-se a clássica linha temporal de passado, presente e futuro.
E para que essa realidade fosse crível (para animações
claro) a apresentação de mundo tinha grande importância, e os realizadores por
sorte sabiam disso: o mundo de Miles é vivo, assumindo uma estilização única
para o universo pessoal do herói desde a música que escuta em seus fones até o
detalhamento estético dos arredores nos mínimos detalhes, como nos grafites
coloridos e tipografias específicas feitos por Miles e seu tio. Já a primeira
conversa com o pai do protagonista já ajuda a entender a realidade daquele
local, como quando ele comenta da rede de cafés gourmet que chegou ao bairro – uma referência à gentrificação.
um tema que animações assim normalmente não abordam. –
Agora, quando ocorre essa colisão de diferentes tons e
estilos visuais, insinuada desde os logotipos iniciais, Aranhaverso torna-se um deleite ainda maior do que já parecia nos
trailers. Até já houveram filmes como o próprio Uma Aventura LEGO que experimentaram esse choque estilístico com
sucesso, mas aqui ele vai além – onde se não bastasse a impressionante junção
de modelos 3D com traços 2D – resultando em um inusitado e agradável espécie de
cel-shading -, ver uma personagem de
anime e um porco animado coexistirem em tela de forma tão natural faz os
questionamentos se esse filme é de fato da Sony
Animation brotarem: sério que o estúdio que entregou ultimamente projetos
descartáveis como Emoji (EMOJI!!!) fez ISSO?
Dessa maneira, se cria um verdadeiro espetáculo sensorial e
frenético, não só na estética mas principalmente na fluidez de uma HQ imprimida
sobre toda a ação. E por ser um filme de animação, o longa tem a vantagem extra
de não precisar se preocupar com limites na hora de seus realizadores criarem
situações deliciosamente implausíveis, como em uma parte na qual a uma colisão
de dimensões que rompe com as leis da física e resulta num campo de batalha
colorido (sem falar na presença de recursos típicos de quadrinhos como telas
divididas e balões de fala) permitindo ainda uma objetividade que nenhum live-action seria capaz de fornecer.
Vale notar também que a trilha magnética ajuda a criar e manter esse impulso
dianteiro.
(Se alguém se interessar,aí está a trilha completa);
Talvez o único "problema" do longa no entanto seja
sua tentativa de englobar certas coisas que talvez não conseguiria, onde deste
jeito o enredo se apressa um pouco em seus minutos finais para amarrar algumas
pontas soltas. Porém, nada disso atrapalha a experiência de ver um filme
que,mais do que uma animação no meio de todo um caos colorido, veste e guarda
seu coração na manga com cuidado, ao entregar personagens com os quais se quer
passar mais tempo. Tipo...
ESSE CARA QUE MERECE UM DERIVADO
No fim, Homem-Aranha: No Aranhaverso
cumpre não só seu potencial de entretenimento de ser de longe a melhor animação
baseada em um personagem da Marvel em anos (e o melhor projeto da Sony Animation também em anos) como
também é capaz de realmente inspirar um forte sentimento altruísta que se via
em falta na nova fase de filmes do herói.
Em um momento especial do longa, Miles questiona um certo
vendedor de fantasias sobre o tamanho apertado de um traje do Aranha que está
prestes a comprar. O vendedor então diz a Miles que o traje “sempre cabe”.
Talvez isso soe especial não só por essa ser uma das últimas pontas de você sabe quem no cinema, mas também
por um sentimento quase ingênuo: o de que todos, não importa quem ou mesmo de
qual dimensão vieram, ainda podem ser o Homem-Aranha. E que o herói não
necessariamente está representado na máscara, e sim...
EM QUEM ESTÁ POR TRÁS DELA?
Ok,como deu pra ver eu gostei pakas do filme,então porque o
"Frustrações" no título?
É porque eu passei por um INFERNO pra ir ver o filme: sai
perto das 15H20 da última terça e
fiquei esperando o ônibus que passa (ou deveria passar por ali) por volta das
16H00 para eu ir ao cinema (observação que eu moro em um residencial meio
afastado de tudo) sendo que eu já tinha visto certinho que o horário da exibição
que escolhi seria as 16H40. Aí
aquele arrombado daquele motorista que passa ali vez ou outra gosta de atrasar
os horários, mas eu fiquei lá esperando que nem um idiota enquanto o tempo
passava (já estava em 16H20) e nada daquele corno.
Ai quando finalmente ele chega, eu entrei numa raiva que
dava vontade de falar umas boas para aquele miserável. Mas eu fiquei obviamente
quieto ("acontece" não é
mesmo?). Mas adivinha? Já havia passado o horário quando o ônibus estava
perto do meio DO MEIO do caminho se é que deu pra entender, o filme já devia
estar em exibição a essa hora, e eu com vontade de sair mesmo nem chegando no
ponto.
Mas eu fui lá, e quando cheguei fui lá pergunta a vendedora
dos ingressos a próxima sessão....e adivinha? A sessão que eu perdi tinha dado
pau no começo e nem teve, onde eles iriam consertar pra começar ainda naquele
dia as sessões "das 19H00".
19H00
Eu então fiquei esperando, comprei algo pra comer enquanto
esperava (oras po###! Eu já gastei meu dia inteiro nessa merda, eu iria ver esse
filme de qualquer jeito mesmo que eu achasse ruim) e enfim...
EU TIVE DE ESPERAR A FILA, É
CLARO! E ADIVINHA? PELO JEITO OS INGRESSOS DA SESSÃO DO FILME JÁ IRIAM ESGOTAR!
Mas felizmente, eu comprei a merda do ingresso, e já tive de
ir logo pra dentro da sessão pois já tava começando (por sorte eu não perdi
nada importante). Em compensação, depois da sessão terminar, eu só pude sair
dali e ir pra casa quando chegasse ali O ÔNIBUS DAS 21H00.
Mas tirando toda essa desgraça.... Ao menos foi (em partes)
compensada com um filme bom. Só faltava eu ter feito tudo isso pra ver um filme
ruim, ai seria a cereja do bolo de pesares que eu tive de passar naquele
maldito dia...
>E obrigado se você
estiver lendo essa parte até aqui!<
Leia também mais textos do Riptor no blog: https://fmarvell.blogspot.com/
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