Ano passado uma amiga minha havia me recomendado esse livro com bastante intensidade, tipo "não morra sem ler". Ela falou que era impossível ler e sair sem se tornar um pouco diferente. Ela me perguntou se eu era dessas pessoas que tem problema com as diferenças entre gêneros, eu disse que não, então ela ressaltou que o livro provavelmente a tinha afetado mais por ser mulher, mas também me afetaria, de alguma forma diferente. Sendo um livro de poesias, eu devo ter terminado em menos de duas horas esses dias, já que a intenção não é ser um livrão mesmo, mas usar as páginas de forma que são enfeitadas com simplicidade pelos versos e prosas da autora, junto com alguns desenhos.
Eu nem gosto de poesia, só quando é dentro de músicas, mas aí ninguém chama de poesia, chama de música. Mas admito que nesse caso não era ruim, eu achava bem interessante. Claramente não é uma coisa "unissex", não fica dúvida que é mais atraente pro público feminino, mas eu nunca me importo de ler coisas que sejam mais orientadas pro outro sexo, então peguei emprestado mesmo, já que minha amiga tinha meio que me intimado. A escritora é a competente Rupi Kaur, uma indiana. Me surpreendeu uma autora de uma cultura tão diferente conseguir fazer tanto sucesso no Ocidente (primeiro lugar no New York Times), mas vi na minibiografia que tem no livro que ela foi criada no Canadá, o que torna o feito menos improvável. Ela divide o livro em quatro partes: "a dor", "o amor", "a ruptura" e "a cura".
Acho que não é só pra mim que o título passa a impressão de uma temática sexual, mas o original era "Milk and Honey", que é uma das metáforas que ela usa em suas poesias. Na primeira parte da "dor", todas as poesias são sobre abuso de alguma forma, desde maridos que estupram suas mulheres quando elas não querem transar com eles, até pedofilia e incesto. É muito bem feito, não fica explícito se é uma coisa autobiográfica, ou a autora o fez pensando na situação de outras pessoas, mas no segundo caso o crédito é maior ainda, pela capacidade que ela teve de transmitir tão bem as emoções nessas situações trágicas. É um início que quebra expectativas, já que acho que ninguém espera que vai abrir um livro de poesias aparentemente românticas/sexuais e ver várias menções a estupros. O diferencial cativa, sendo o tipo de coisa que é bem desagradável de ler e pensar sobre.
A segunda parte, "amor", é mais positiva, todas essas coisas mais negativas ficam realmente pra trás e as poesias são sobre se apaixonar. Ele envolve sentimentos e sexo de maneira bem livre. A terceira é "ruptura", que é sobre o fim de um relacionamento. Mas é aquele gosto mas não gosto. A moça é uma excelente poeta, ela escreve muito bem, mas nessa parte é aquelas coisas super chatas de quem terminou mas ainda gosta da pessoa, parecem várias legendas de selfies que as pessoas postam no Facebook. É tipo
"Eu sou muito muito foda
Você pensa que é foda
Mas na verdade você não é foda
Porque você não percebeu que eu era foda
Mas um dia você vai notar que você não é foda
Porque você não me acha foda" por Douglas Joker
Parece uma masturbação mental, acho meio cansativo, mas como eu disse, é um livro rápido, então não chega a ser algo que você vai ficar o dia todo lendo.
O último é "a cura", que também não fica muito mais interessante, parecem poesias de autoajuda. Deve ser interessante pra pessoas que estejam se sentindo mal com problemas na autoestima e queiram se reerguer, mas não era meu caso, então nem tchum. Também fica meio chato que ela começa a colocar uns negócios de feminismo, que todas todas todas as mulheres do mundo são incríveis unicamente por serem mulheres e sobre querer ser peluda, mas as pessoas acharem feio. Não são lá os temas que mais me interessam.
A Rupi Kaur é uma poeta bem sensível e competente, mas não sigo na opinião da minha amiga de que é algo que dê pra recomendar pra todo mundo. É muito mais pra mulheres, principalmente se estiver em uma situação de baixa-estima, nesse caso deve ser uma boa. E a forma que ela se comunica com o leitor também me passou a impressão de que se a pessoa estiver realmente conectada com o que ela escreve deve ser bem emocionante. Quem é mais chegado em poesia também deve se interessar ;)
Bem, tem algumas artistas mulheres que eu gosto muito das produções, mesmo tendo um ponto essencialmente feminino, são cantoras, eu vou deixar aqui de recomendação. Apesar da minha geração (cara, a próxima geração tem que ser melhor, a minha é muito biruta) dizer que a Anitta está trazendo poder pras mulheres no mundo da arte, meio que... tem nada a ver. É inegável que é menos que homens, mas tem várias mulheres que são influentes no mundo da música, sem precisar ser diva pop a lá Brittney Spears, onde realmente a mulher só é mostrada como objeto sexual (o que por mim tá de boa, só acho mais sem graça, no sentido de ser criativo e mostrar um ponto de vista). Deixo aí alguns vídeos das cantoras que mais me cativam. Acho interessante, já que 9/10 artistas que eu escrevo são homens.
Adele só gosto dessa e da do 007....
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