Super-Herói, Um Apólogo da Alma Ocidental (parte 3/3)


Wagner Williams Ávlis*

"Sonhos nos salvam. Sonhos nos elevam e nos transformam, e, pela minha alma, eu juro, até que meu sonho de um mundo onde dignidade, honra e justiça seja uma realidade que todos compartilhem, eu nunca irei parar de lutar. Jamais!" – Superman[11]
Há de se saber que o séc. XX foi moldado pelas duas grandes guerras mundiais, por isso os soviéticos costumavam dizer que até o pacifista mais averso ao terror da guerra usufrui do conforto e da tecnologia advindos da guerra, uma forma de dizer que nosso cotidiano está impregnado de invenções que tiveram fins bélicos, de M&M’s, do micro-ondas ao computador. Invenções bélicas prodigiosas como o balão, o dirigível, o avião, o helicóptero, fizeram o homem ganhar os céus, com isso veio todo um imaginário sci-fi sideral, OVNI’s, galáxias, planetas, aliens; entretanto, como bem disse a sra. Martha Kent no filme Batman vs. Superman, A Origem da Justiça, “as pessoas odeiam aquilo que não entendem"; o imaginário sideral nos anos de guerra era algo ainda pouco compreendido e como tal a figura do alienígena era vista como a de um hostil invasor, basta para isso conferir as caracterizações nas pulps fictions magazine de Uma Princesa de Marte (1917), Buck Rogers (1928), Flash Gordon (1934) e congêneres, bem como em obras da literatura de Júlio Verne, H. G. Wells e Isaac Asimov.
As pulp fictions magazine: ideia do alienígena como hostil invasor.
Em 1933 os jovens judeus Jerry Siegel e Joe Shuster seguiram a mesma concepção alienígena, criando a primeira versão do Superman, sendo ele um hostil invasor, um vilão, “caracterizado como um ser humano que havia adquirido superpoderes após entrar em contato com uma rocha extraterrestre”[12]. Em 1938 os mesmos Jerry Siegel e Joe Shuster foram os primeiros a romper com a tendência do hostil invasor, elaborando um extraterrestre amistoso adotado por terráqueos que o fizeram um herói, “campeão dos fracos e oprimidos”[13], o Superman como o conhecemos, e a partir deste ponto surgiram todos os super-heróis nos quadrinhos que hoje povoam a cultura pop. Por isso Grant Morrison não exagera ao dizer que o Superman reúne em si todas as potencialidades dos deuses antes dele e de todos os super-heróis depois dele[14], pois, de algum modo, os super-heróis subsequentes têm um pouco do kryptoniano em algum aspecto. Mas se os personagens dos quadrinhos foram moldados pelo Superman, e o Superman pelo contexto de época – a do período entre guerras –, então estamos diante dum dilema: os heróis influenciam a época ou é a época que determina os heróis? Sendo mais objetivo, os artistas por trás dos personagens são produto das tendências da época e assim definem os heróis ou, independentemente da época e do artista, os personagens possuem em si mesmos uma essência atemporal? Os super-heróis têm vida própria? Não é fácil responder à questão. Críticos de quadrinhos como Dan Mazur/Alexander Danner[15] e Álvaro de Moya[16] defendem pontos de vista diferentes, contudo farei uma tentativa de dizer o que a crítica literária, Beth Brait[17], citando Aristóteles, disse: o personagem – neste caso, os super-heróis – são condicionados pelos artistas e também têm vida própria. Essa ambivalência é outro aspecto que torna a personagem de ficção algo fantástico.
Na imagem de cima, a 1ª versão do Superman em 1933, um vilão cujos aspectos fisionômicos foram mantidos no arqui-inimigo Lex Luthor. Na imagem de baixo, a sequência do surgimento dos heróis antes do Superman, segundo registra a enciclopédia DC 75 Anos, A Arte de Criar Mitos Modernos (2010, sem publicação no Brasil).
 O exemplo mais emblemático de que os personagens têm vida própria está em sua gênese. Os entes fictícios são criados como uma reação do homem contra a certeza de sua própria finitude, uma forma de superar a morte por meio da imortalidade do personagem. É que a vida é trágica. A tragédia é inerente à vida humana porque esta é frágil e instável. A vida humana é finita. A nossa tragédia começa com a nossa certeza de finitude. A vida é trágica porque ela é incompleta, nós somos incompletos, sempre nos falta alguma coisa, somos carentes, cheios de lacunas e reticências, incompletos, por isso “na sua gênese e na sua realização, a Literatura aponta sempre para o que falta, no mundo e em nós. Ela empreende dizer as coisas como são, faltantes, ou como deveriam ser, completas; [...] ela está sempre dizendo que o real não satisfaz”[18]. Por isso Friedrich Nietzsche afirmara que “temos a arte para não morrer da verdade”[19]. O herói é, assim, uma representação do ideal de homem, a imagem aperfeiçoada que a humanidade faz de si mesma, e, apesar de ela não ser concreta, essa imagem possui vida própria. É por essa razão que no começo dos super-heróis dos quadrinhos havia neles uma independência contra o contexto materialista num contraste explícito: em meio ao estado depressivo (social e econômico) que a América se afundava devido à quebra da bolsa nos anos 1930, os aventureiros mascarados eram coloridos, otimistas, confiantes, éticos, disciplinados, portando cada qual seu modo de agir sobre o mundo, formando, a partir daí, seu cânon; eles não se deixaram influenciar pelas ideologias da época, como a delinquência, o cambalacho, o derrotismo, o niilismo, o chauvinismo de extrema-direita, o protesto antinuclear, a segregação, o antissemitismo, tanto o metacapitalismo quanto o comunismo. Foi na contramão dessas tendências que os super-heróis forjaram seu caráter como entes ficcionais, ganhando vida própria, o que a teoria literária denomina de “os universais” – elementos invariáveis da personalidade e da mitologia dum personagem que são válidos para todas as épocas, todos os públicos, todos os meios e lugares. Um Conan que não seja mais implacável, mas politicamente correto, não é o Conan; um Fantasma que rompa com o milenarismo ancestral de Bangalla e que não se fere não é o Fantasma; um Besouro Verde solitário e que hesita chafurdar nas latrinas e becos não é Besouro Verde. Não por menos, mesmo heróis de cronologias alternativas que alteram esses universais, como o Superman dos Novos 52 (imaturo e sem senso de liderança), a Mulher-Maravilha de Terra Um (lésbica), e agora a falsa memória implantada num Capitão América da Hydra, provoca os mais variados furores entre fãs.
Em contraposição, um exemplo emblemático de que os personagens dos quadrinhos são ao mesmo tempo determinados pela época (pelas ideias correntes dos artistas, das editoras) está em cada mudança de época e em cada época de mudanças. Entes fictícios de grande longevidade costumam atravessar transições, via de regra assimilando suas nuances, pois, como são representações do coletivo, no coletivo se moldam, e revelam aí que personagens evoluem de acordo com os anseios de seus leitores[20]. Basta recordar o icônico evento em que Sherlock Holmes morre nas cataratas de Reichenbach, na Suíça, em “Problema Final”. Para o autor Conan Doyle, a cronologia do melhor detetive do mundo encerrava ali, mas o que aconteceu depois? Um manifesto dos fãs que não aceitavam o óbito do personagem, forçando Conan Doyle a trazer de volta Sherlock Holmes em “A Casa Vazia” sob a explicação de que o detetive forjara a própria morte. Na transição para a Era de Prata dos Quadrinhos (1956-1970), a ameaça atômica, os estudos psiquiátricos de Fredric Wertham, o reproche dos pais, os debates no congresso, o código de censura, o macarthismo, impuseram modificações nos cânones dos super-heróis agora não violentos, cômicos, infantilizados, com uma áurea mais paternalista do que justiceira. Noutra transição, agora pela Era de Bronze dos Quadrinhos (1970-1986), são casos memoráveis o de Homem-Aranha #97 (1971), onde Harry Osborn, amigo de Peter Parker e filho do Duende Verde, envolve-se com o LSD, Dizem que Elas Matam, Mas Não Dizem Quando (1971), quando Roy Harper (Ricardito), o Arsenal, parceiro do Arqueiro Verde, é flagrado sendo usuário de cocaína, O Demônio na Garrafa (1978), onde Tony Stark, o Homem de Ferro, vê-se refém do alcoolismo, A Queda de Murdock (1986), mostrando a ex-namorada do Demolidor, Karen Page, envolvendo-se com a indústria pornô e o consumo de heroína. De um modo geral, devido aos anseios do público e da mentalidade dos tempos, os super-heróis de hoje não são mais os de ontem; se um leitor de HQs dos anos 1940 ler uma HQ hoje do mesmo herói favorito o estranharia, diferente de Fausto do Goethe ou do Ivan Karamazov, de Dostoiévski, sem sombra de variação e portanto reconhecidos em qualquer época e por qualquer geração. Embora os universais se firmem no superser desde a origem daquele herói – Superman não mata[21], Homem-Aranha é empático, Sue Storm, a Mulher Invisível do Quarteto Fantástico, é ética e maternal –, a longevidade do personagem, se o torna imortal, o sujeita ao tempo e suas transformações, implacáveis e que a tudo consome. E a passagem do tempo não é apenas o passar dos números, dos anos, dos ciclos; a passagem do tempo é a passagem do sistema de coisas no proceder humano, isso inclui, para os super-heróis, a mudança de autores, de desenhistas, de editores, de mentalidades, de ideais, fatores que mexem com o fazer artístico. Compreender isso implica compreender também que a mera mudança na forma de se narrar, uma novidade na linguagem dialógica, uma nova técnica de desenho, mudam a constituição de um personagem. É a técnica mudando a estrutura. Implica compreender também que os critérios de moralidade, novos saberes/valores, a mudança em conceitos de justiça e de bem, deslocamento de eixos dos paradigmas sociais mudam, da mesma forma, a constituição de um personagem. É o contexto mudando a estrutura. O Fausto de Goethe e o Ivan Karamazov de Dostoiévski não passaram por isso, já que foram publicados em uma época específica; com efeito, são personagens imortais, mas não são longevos. Superman, Homem-Aranha, Mulher Invisível (e qualquer dos heróis em nanquim) além de imortais são longevos e por isso são influenciados por cada época.
A Mulher-Maravilha do desenhista George Pérez, em meados dos anos 1980, é um exemplo de como os super-heróis evoluem conforme o anseio dos leitores. A Princesa Amazona pós-Crise nas Infinitas Terras é muito mais poderosa do que a das décadas antes; a de Pérez espelhava os novos tempos de uma formação social que requeria uma heroína à altura das novas mudanças do mundo.  
Até aqui me arrisquei a defender que “os super-heróis são condicionados pelos artistas e também têm vida própria”, mas isso, se por um lado responde ao dilema se influenciam a época ou a época que os determina, por outro resvala numa questão pungente: o que é ser um herói no séc. XXI? Cada um que lê essa pergunta decerto tem respostas diferentes, porquanto o nosso século é o da desconstrução de conceitos, do ceticismo generalizado, da pluralidade de ideias, da liberdade de opinião, então o mocinho, a princesa e o vilão, para as novas gerações, não significam mais o que essa tríade significava para as gerações precedentes; suas imagens agora estão embaçadas, fragmentárias; seus conceitos permutam-se num confuso intercâmbio, de sorte que o que era um vilão tradicional pode ser hoje um mocinho, este, um vilão, a princesa, a fusão de ambos ou simplesmente não ser princesa e sim megera. Em todo o caso, o que vigora na composição do personagem contemporâneo é que não se é total mocinho, nem vilão total, quase não há mulheres a serem salvas, mas mulheres protagonistas ou antagonistas, obedecendo, como dito acima, a composição dual. Foi nessa tendência composicional que eclodiu a figura do anti-herói, a caracterização mais cultuada de nosso tempo.
Será que ser um herói no séc. XXI é ser um anti-herói então? Talvez. O fato é que há um fascínio modístico[22] sob a justificativa de que ser dual, ambíguo e não mais maniqueísta é algo próximo da psicologia humana: “ninguém é totalmente bom e correto, nem totalmente mal e corrupto, assim como ninguém é tão refém que não possa se defender”, proclama o senso comum. O fato é que, no interior dessa nova concepção, há um fascínio pela liberdade do mal – não pela maledicência por si – e uma fracionária rejeição pela austeridade do bem – isto é, pelas regras a seguir para ser do bem. É aqui que faz todo o sentido o que disse o ator Alfred Molina nos bastidores de Homem-Aranha-2, de Sam Raimi, ao encenar Dr. Octopus: “Encarnar antagonistas é libertador!”. E é libertador para fãs também. Como eu disse na parte II deste ensaio, é medindo e comparando as virtudes da personalidade dos personagens que se estabelece a identificação entre personagem e leitor, este que inconscientemente quer despertar o que é “super” dentro de si, seja para o bem, seja para o mal[23]. Tal identificação, em tempos hodiernos, tende para o anti-heroísmo. Disso resulta uma nova referência, um novo modelo mais complexo a admirar em galerias de entes como Darth Vader, Hannibal Lecter, Wilson Fisk (o Rei do Crime da série Demolidor da Netflix), o Pinguim de Robin Lord Taylor (no seriado Gotham da Warner), Mulher-Gato, Hera Venenosa, Arlequina, Coringa, Exterminador, Lex Luthor, Justiceiro, Deadpool, Duende Verde, Dr. Destino, Jesse Custer, John Constantine, Vampirella[24], etc. 
O culto ao anti-herói é, antes de tudo, um almejo por realidade, um desejo de ver a psicologia humana instável na personalidade dos personagens de ficção.
O culto ao anti-herói não está preso à cultura pop; está também nos morros e favelas pela louvação das milícias mais providentes do que o Estado e na aversão à polícia, na apologia aos bailes funks “proibidões” e na reprovação à “música das elites”. O culto ao anti-herói está na revalorização de personalidades históricas ditatórias, vistas por muitos como heróis, por outros, como criminosos, como se pode ver no atual conflito tupiniquim entre direita e esquerda: são idolatradas figuras como generais intransigentes (como Costa e Silva, autor do AI-5), Augusto Pinochet, a Escola da Anta, de Plínio Salgado, PT, Fidel Castro, Hugo Chávez, Nicolás Maduro, Kim Jong-un, Bashar al-Assad, e agora o fascínio de ocidentais pela causa do ISIS (Estado Islâmico). O culto ao anti-herói pode ser visto até em níveis mais microdimensionais, como dentro de nossas casas; hoje em dia a “ovelha negra da família”, sob certas condições, não é mais marginalizada, pois, se há na família aquele parente rebelde ou que fere os princípios repassados, mas que é bonito(a), bem-sucedido(a) e generoso(a), ele(a) será admirado(a) como um tipo de “anti-herói”, mais respeitado até do que o filho estudioso ou o marido “certinho”. O jornalista Danilo Novais[25] explica todo esse fenômeno com 3 outros fenômenos: a humanização da vilania, a relação entre o encanto por badboys e a nossa pisquê, séculos de desgraças refletidos numa geração pós-moderna. Expostos e familiarizados a esses 3 fenômenos, juntos e misturados, tornamo-nos mais simpáticos ao anti-heroísmo.
O culto ao Partido dos Trabalhadores tornou em "heróis" membros envolvidos em altos casos de corrupção. Para os militantes, muitos erros desses envolvidos são justificáveis pela causa maior do partido, um tipo de anti-heroísmo.
Mas será também que ser um herói no séc. XXI é levantar alguma bandeira de militância ideológica? Talvez. O fato é que há um fascínio modístico sob a justificativa de que para você ser um símbolo tem de ser o arauto das vozes, anseios e interesses de um segmento: “não há sujeito sem ideologia, e não há ideologia sem conflito de interesses”, proclama o discurso politizador. O fato é que, no interior dessa nova concepção, há o fetiche de a tudo problematizar e desconstruir – “revisionar”, como diz o academicismo –, a começar pelo próprio conceito de super-herói dito imperialista, americano, branco, machista e de moral cristã. É aqui que faz sentido o que disse o site Mundo Gonzo: “[...] Heróis significam ideais nobres em seu sacrifício, nobreza e comprometimento para com aqueles que precisam de proteção face à vilania do mundo. Mas mais forte que tudo, eles representam o fascismo na simbologia de poder e força para exercer a justiça, onde poucos devem e conseguem ditar o destino do mundo e mantém a proteção do status quo acima de qualquer custo. [...] O gênero de super-heróis e sua narrativa atingem em cheio a defesa da manutenção do status quo através da imposição do poder”[26]. Nesse viés de contestação ao estabelecido, os super-heróis, agora mais do que nunca, são rondados por ideologias circulantes, porque é assim, representantes de uma causa, que agora vêm sendo considerados. Postos ao lado de forças discursivas em defesa das minorias e dos pobres, como a Teologia da Libertação, MTST, LGBT, os movimentos raciais, o Femen, MST, Greempeace – estas, sendo de igual vistas como movimentos heroicos –, os denominados heróis (tanto os da ficção quanto os do mundo concreto), quando não marcham em favor dessas forças, incorporam-nas. “Diversidade” (sexual e racial) e “inclusão” têm sido o lema vigente para heróis militantes virtuais, líderes de ONG’s e partidos..., e para heróis (e vilões) de gibis. Homem de Gelo, Loki (depois de Ragnarok e Agente de Asgard), Colossus (Ultimate), Mística, Estrela Polar, Hulkling e Wiccan (Jovens Vingadores), Daken, Rictor e Shatterstar (X-Force), Miracleman, Rawhide Kid, Mulher-Gato, Hera Venenosa, Arlequina, Batwoman, Doutor Meia-Noite, Constantine, Bunker (Novos Titãs Novos 52), O Questão (Renee Montoya), Starman-III (Mikaal Tomas), Grace e Tormenta (Renegados pré-Novos 52), Nocaute, Granizo (GEN13), Flautista, Gravity Kid e Power Boy (Legião dos Super-Heróis), Casamata, são agora personagens gays ou bissexuais[27]; Hércules, Wolverine, Lanterna Verde (Alan Scott), Mulher-Maravilha tiveram versões alternativas homossexuais, e há campanha pressionando Hollywood a fazer com que o Capitão América namore seu parceiro Bucky Barnes, o Soldado Invernal, no próximo filme[28]. Homem-Aranha latino (Miles Morales), Miss Marvel árabe (Kamala Khan), Thor feminina (sob a frase “feministas malditas arruinando tudo!", do vilão Homem Absorvente), Capitã América afro (inclusive lutando contra um tal MODAAK que tem o rosto do presidente Donald Trump, em Spider-Gwen Annual #1), Garota de Ferro negra de 15 anos (em Invincible Iron Man #1), são alguns exemplos da diversidade étnica que permeia os personagens Marvel e que, embora com boas intenções, foram alvos duma recente polêmica ainda em curso e nada consensual, a da queda das vendas dos comics, segundo os lojistas do ramo nos EUA, por causa das ideologias de diversidade (racial e sexual) e inclusão dentro das HQs[29].
Acima, MODAAK, o novo vilão Marvel: panfletagem descarada contra Donald Trump e a frase "faça a América grande outra vez". Abaixo,  os super-heróis oriundos da diversidade.
Quanto a essas questões ideológicas, o assunto é vasto e rende infindas discussões no Youtube, nos sites, blogs, fóruns, sempre polarizadas: de um lado os pró-ideologia, ilustrando o progressismo; do outro os contra-ideologia, ilustrando o conservadorismo. Foi precisamente nesse fogo cruzado que no final do ano passado a Mulher-Maravilha, até então o ícone máximo da força mulheril, sob alegações de ser ela “mulher de peitos grandes, branca e de proporções impossíveis, seminua num maiô com uma bandeira americana e botas até o joelho – a epítome da ‘pin-up’ girl”[30], perdeu seu cargo simbólico de embaixadora da ONU que mantinha desde os anos 1970 em prol dos direitos das mulheres. Até a atriz israelense Gal Gadot (que interpretará a amazona grega mês que vem nas telas) e a norte-americana Lynda Carter (que foi a Mulher-Maravilha no seriado dos anos 1970) se pronunciaram em crítica à deposição da ONU[31], entretanto, para o movimento feminista, foi uma deposição justa, pois a Diana Prince dos anos 2010 não mais representa o ideário do empoderamento feminino; segundo o feminismo, ela é apenas um fetichismo da fantasia machista. Doutro lado, os conservadores criticam a plenos pulmões o excesso de feminismo nas tramas dos super-heróis, um tipo de “forçação de barra” para agradar e angariar novos públicos que se identificam com ideias feministas, gayzistas. O site Pop Liberal listou os últimos excessos[32] e o Blog do Doutrinador levantou a discussão segundo a qual a difusão das ideias feministas no fazer artístico está efeminando os super-heróis, extraindo-lhes a virilidade na troca da força física pela conjuração de magia e por um parâmetro de masculinidade metrossexual[33]. Noutro ponto, a Mulher-Aranha no traço de Milo Manara mais as mulheres em nanquim de Frank Cho foram severamente criticadas por sites feministas e por leitores mais recentes que viram nelas hiperssexualização, a ponto de capas de HQs serem descartadas[34]. A revista Cosmopolitan criticou o teor machista de comentários e perguntas feitas à atriz Scarllet Johansson quanto à personagem Viúva Negra, e usuários do Twitter repreenderam a Disney por fabricar a linha de bonecos Vingadores, A Era de Ultron (2015) com o Capitão América num motocross Quinjet no lugar da Viúva Negra[35].  Sob a acusação de “usar a violência contra a mulher para promover um filme”, o outdoor de X-Men, Apocalipse (2016) foi duramente criticado por uma atriz[36]
O pronunciamento da atriz Gal Gadot contra a deposição da Mulher-Maravilha na ONU ganhou os jornais internacionais, inclusive o do Zero-Hora Porto Alegre. Em imagem comparativa, a capa do gibi da Mulher-Aranha desenhada por Milo Manara, censurada por pressão das críticas de objetificação da mulher. Por fim, o outdoor  de X-Men, Apocalipse, acusado de apologia à violência contra a mulher.


Enquanto as Garotas Geeks celebram Faith Herbert, a heroína plus-size da Valiant, os críticos da política inclusiva retrucam, dizendo que uma heroína obesa é o exemplo mais nítido do sensacionalismo[37]
. Recentemente um estudo em Psicologia da Brigham Young University afirmou que “crianças podem interpretar as ações dos heróis de forma violenta, em vez de entender as mensagens de justiça e defesa dos mais fracos. [...] Pequenos adeptos à cultura dos super-heróis tendem a desenvolver um comportamento mais agressivo e não são mais propensos a defender amiguinhos em perigo”[38] – o mesmo argumento rodopiante do psiquiatra Fredric Wertham em A Sedução do Inocente, segundo o qual os super-heróis tornam crianças mais violentas. Imerso nessa ideologia politicamente correta está um senso de que o super-herói moderno é aquele que não precisa usar de meios violentos para pacificar[39].
Memes dos fãs conservadores em oposição aos boicotes feministas e à pesquisa da Brigham Young University. À direita, capa da Valiant para a edição #1 de Faith Herbert, a super-heroína gorda e fora dos padrões de beleza. 

No Brasil, doutrinas protestantes fundamentalistas se bifurcam das novas comunidades de fé pentecostais quanto à abordagem dos super-heróis – só agora em evidência para elas devido à popularização do herói como produto de massa a partir do cinema e do seriado –, para umas, consumo nocivo à fé, para outras, uma nova didática para catequizar. Em 2012 o adventismo do 7º dia produziu o documentário Os deuses Substituídos, dissertando que os super-heróis Marvel e DC são o travestismo do culto idolátrico pagão da Antiguidade condenado pela lei mosaica; para isso empreendeu um seminário[40] comparando herói por herói com divindades míticas e as invectivas da Bíblia, a ideia-núcleo por trás de tudo era “consumir super-heróis em qualquer mídia é cometer pecado de idolatria”. Um pastor de nome Ericson Danese escreveu o artigo “Idolatria e Ficção no Século XXI”, defendendo que os super-heróis da pop art são demônios, viralizando em páginas de outras denominações[41]. Distando dessa mentalidade, o site Gospelmais, uma imprensa voltada para denominações traditivas e novas, divulgou, sem hesitação, “pregadores relacionam filmes de super-heróis com passagens bíblicas”, para mostrar que é possível ver a verdade contida no Evangelho nas virtudes dos superseres. Congregações que focam as crianças lançam mão de usar a imagem do herói como um protótipo do que Cristo foi para a humanidade, criando até o Capitão Salvação, o super-herói gospel[42]. Sobre ser herói neste século, vemos então, o protestantismo brasileiro está dividido. A ideia do herói é demoníaca ou é divina? A resposta não está no gibi...
A arte gospel que correlaciona os super-heróis da cultura pop com Jesus Cristo, visto também como um super-herói.

Ser um herói no séc. XXI é combater o terror islâmico e ao mesmo tempo ser aberto ao multiculturalismo migratório do mesmo Islã? Talvez. Em meio à guerra travada nos EUA de Donald Trump pela abertura ou fechamento das fronteiras da imigração, na Alemanha de Angela Merkel, na Itália do papa Francisco, e na recente eleição na França entre Macron e Le Pen, o combate à “islamofobia” e a flexibilidade pelos imigrantes e refugiados de guerra é a tônica do momento; levantar essa bandeira é sinal de heroísmo, abaixá-la sinal de vilania, razão por que Trump e Le Pen são vistos pela imprensa como inimigos, enquanto Francisco, Merkel e Macron, amigos. Foi seguindo esse mesmo viés que algumas leitoras de HQs queriam a paquistanesa-mulçumana Kamala Khan (a nova Miss Marvel) no lugar da grega [vista como norte-americana] Diana Prince, a Mulher-Maravilha, na embaixada da ONU como símbolo da paz e dos direitos humanos para as mulheres. Vejamos um comentário[43]:
“Depois que a paquistanesa Malala Yousafzai é Nobel da paz, sendo muçulmana e usando nikab, a heroína que talvez nos representasse, enquanto movimento global, seria mesmo a Kamala Khan. Hoje, quando questionamos o uso da força armada para promover a paz e os direitos humanos, quando já temos que lidar não apenas com mulheres militares agredidas, mas também com o fato de que mulheres militares (brancas ocidentais) cometem tortura, soa torta a presença da Mulher-Maravilha reforçando a legitimidade da ONU”.
O fato é que, no interior dessa nova concepção transcultural, há uma certa xenofobia pelo que é norte-americano e uma simpatia pelo que é anti-american way of life, por isso faz sentido um dizer como este: “[...] As revistas em quadrinhos [dos super-heróis] serviram para minimizar e até desqualificar os movimentos radicais por direitos civis, que, nos anos de 1960 nos EUA, iniciaram uma onda de questionamento do status quo do país, chegando a cogitar a transformação do sistema capitalista estadunidense[44]”.
            Convém dizer, paira uma atmosfera de incompreensão heroínica no ar, tanto da parte dos que defendem a redução migratória quanto dos que são pró-multicuturalismo. A essência heroica não é estanque, pode conciliar as duas posturas, ser um herói não significa pregar a abertura das fronteiras irresponsavelmente, nem fechá-las por total, e isso está subscrito nas personas mais proeminentes dos quadrinhos, pois, desde tempos imemoriais, a essência de ser herói é algo universal. Em uma ponta, Kal-El é o maior dos imigrantes dos comics, a Liga da Justiça da América não pertence à América do Norte e sim ao mundo, Steve Rogers, o Capitão América, não luta por governo americano nenhum, mas pelos valores atemporais da democracia; em outra ponta, Arqueiro-Verde, Homem de Ferro, Magneto e Dr. Destino – e aqui não cabe a discussão se são heróis ou anti-heróis – defendem reformas diretas e radicais, representam ideias de maior controle demográfico, conservação da cultura local, muitas vezes com razão, independente dos meios.
1ª imagem: a garota paquistanesa Malala Yousafzai, ganhadora do Nobel da paz pelos esforços do direito à educação gratuita para mulheres sob o regime do Talibã em palestra no Boston College High (2013). 2ª imagem: a nova Miss Marvel, a também adolescente paquistanesa muçulmana Kamala Khan – uma homenagem dos seus criadores à Malala –, que sucedeu Carol Danvers, a ex-Miss Marvel. Em 2015 os contos com Kamala Khan renderam aos seus artistas um prêmio de melhor história em quadrinhos do ano.
            Se há uma coisa no heroísmo que transcende qualquer postura geopolítica é a compaixão. A compaixão não tem espaço nem tempo. Os seres animais podem até proteger a prole ou o parceiro, dificilmente tomarão as dores de outrem, não se impelirão a ajudar ou proteger um desconhecido ou um ser de outra espécie. Os homens e os deuses sim. Jesus chorou a dor das irmãs de Lázaro, Gilgamesh se debruçou em lamentos pela humanidade submersa no dilúvio, o panteão grego sofreu o luto de Orfeu por Eurídice; se Petra Laszlo, a cinegrafista húngara, chutava os refugiados sírios, todos os telespectadores de TV se comoviam com a criança Aylan Kurdi, cujo cadáver aparecera boiando na praia da Turquia todo arrumadinho para uma viagem – a compaixão suplantou a geopolítica. Esse mesmo nobre exemplo deram os heróis de nanquim. Quando se deflagraram as sequelas do 11 de Setembro de 2001, o maior ataque terrorista da história, personalidades como o Homem-Aranha e o Superman apareciam em trabalhos que os inseriam na tragédia[45] e, numa abordagem anômala, sentiram-se impotentes diante da avalanche de malefícios, de sorte que foram postos como personagens coadjuvantes, ao passo que os protagonistas eram os bombeiros, paramédicos, policiais, voluntários, jornalistas. Na psicologia daqueles dois supers não estavam em jogo a etnia, a religião, a cultura donde vinham os aviões-bomba; estava em jogo “o mal no coração dos homens”, a al-Qaeda com seu terrorismo, todo e qualquer empreendimento que visasse pôr abaixo a segurança nacional, a paz mundial. A começar por tal premissa os comics e o cinema passaram a ser influenciados pelo fatídico 11/09 (algumas vezes destinando parte da receita às famílias das vítimas); HQs como o aclamado Emergency Relief (ed. Alternative Comics), 9-11: September 11, 2001 (eds. Dark Horse, Image, Chaos!), The 9/11 Report: A Graphic Adaptation (ed. Hill and Wang), A Moment of Silence (ed. Marvel), À Sombra das Torres Ausentes, de Art Spiegelman (ed. Companhia das Letras), Terror Sagrado, de Frank Miller (ed. Legendary, no Brasil ed. Panini), Le 11e jour (ed. Delcourt) e os premiados álbuns de Alex Ross Mulher-Maravilha, O Espírito da Verdade, Superman, Paz na Terra, Shazam, O Poder da Esperança, Batman, Guerra ao Crime (ed. DC) formaram o esforço coletivo da 9ª arte em levantar o moral da América e do mundo. Em cada uma das obras o espírito heroico foi colocado à prova, empregado numa verossimilhança pouco vista na indústria, de modo que artistas, personagens e profissões se amalgamaram numa massa homogênea, remodelando a alma do Ocidente para os anos seguintes.
De cima para baixo: o drama mórbido dos refugiados da Síria, em guerra civil, exemplificado no cadáver da criança Aylan Kurdi, afogado enquanto fugia num bote. Cenas quadrinísticas da impotência de alguns super-heróis ante o 11 de Setembro. Enfim, episódios marcantes dos premiados álbuns de Alex Ross após os atentados contra o World Trade Center.
            Numa última análise, o monomito[46] apregoado pelo antropólogo Joseph Campbell é a jornada de todo ser humano que deseja vencer na vida. Entre o nascer e o morrer, percorremos a jornada do herói com algumas poucas variações, porque sobreviver e ajudar a sobreviver por meios honestos são, em essência, atos heroicos. Tudo isso está lá naqueles personagens heroínicos da cultura pop, como também está em cada menino que se imagina ser o Son Goku, cada menina que se vê como a Mulher-Maravilha, cada adulto que se fantasia para amenizar a dor de crianças e idosos em hospitais, cada fã que arrecada fundos para que outro fã, em estado terminal, possa ver em primeira mão o filme de seu ídolo, cada professora que faz mais do que seu ofício em sala, levando leitura aonde a educação oficial não quer chegar, médicos e advogados que se importam com os que não têm renda, sacerdotes ou missionários que abdicam de seu conforto para consolar os desconfortados, está nos pais ou responsáveis que batalham dia a dia para manter a subsistência de seus dependentes com alguma dignidade; está em você, que leu este ensaio até agora em suas 3 partes, e que não sabe bem qual o seu chamado ou papel no heroísmo numa vida meio sem sentido, numa sociedade injusta, na carência dos adequados meios. Indiferente a isso, você é genética, histórica e psicologicamente um(a) herói (heroína) em processo na jornada, uma fração representativa do todo que é a aventura da vida humana na Terra, quer lutando por seus objetivos, quer lutando pelos outros. Em todos nós, deficientes, doentes, sadios, reside o “gene” da derrota e do triunfo, do mal e do bem, e o mais fabuloso, a capacidade de nos transformar a cada nova etapa. Seja pela experiência que a vida dá, seja por afetos que prestamos, seja por recursos que dispomos, nunca temos tão pouco que não possamos dar mais. Não é assim que fazem os heróis na ficção? Por terem algo um pouco a mais do que os outros, põem esse “algo a mais” em benefício das pessoas, dos seres, do mundo, das coisas. Enquanto vivos, enquanto possamos nos indignar, temos algum poder de fazer o bem e a justiça acontecer, nem que isso se dê nos mínimos espaços, e nem por ser mínimo isso deixa de ser “super”. São das situações difíceis que emergem os heróis.
De cima para baixo: a atriz Melissa Benoist, que interpreta Kara Zor-El, a Supergirl do seriado da CW/CBS, e sua forte representatividade heroica entre as meninas. Militares, bombeiros, médicos, voluntários e até o ator Chris Evans (Capitão América) se juntam para encarnar os super-heróis, a fim de transmitir inspiração, força, perseverança e alegria em hospitais. Exemplos plurais da essência heroica presente em todos os seres humanos.
Ter a coragem para melhorar o ato de viver, eis, em suma, a alma do herói. A partir de então, quando olhar aqueles super-heróis coloridos nos quadrinhos, no cinema, nas animações, nos seriados, nos games, nos brinquedos, saberá agora que eles representam, em algum grau, a você; eles são o seu apólogo, o apólogo da alma ocidental.

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WAGNER WILLIAMS ÁVLIS – crítico literário da Academia Maceioense de Letras (reg. O.N.E. ​nº 243), professor de Língua Portuguesa, articulista, historiador do Homem-Morcego.



[11] Superman, “Olho por Olho” (“Contra Elite”). Roteiro de Joe Kelly, arte por Lee Bermejo e Dough Mahnke. In. Coleção DC 70 Anos – part. I de VI, As Maiores Histórias do Superman, ed. Panini, 2008, p.191.

[13] “Superman, Campeão dos Oprimidos!”, Action Comics #1 (junho de 1938), roteiro por Jerry Siegel e arte de Joe Shuster. In. Crônicas, vol. I – As Primeiras Histórias do Superman em Ordem Cronológica, ed. Panini, 2007, p.06.

[14] MORRISON, Grant. Superdeuses – Mutantes, Alienígenas, Vigilantes, Justiceiros Mascarados e o Significado de Ser Humano na Era dos Super-Heróis (trad. Érico Assis). Parte-I: A Era de Ouro, cap.1: “O deus sol e o cavaleiro das trevas”. São Paulo: Seoman/Cultrix, 2012, pp.33-34.

[15] Quadrinhos – História Moderna de Uma Arte Global (trad. Marilena Moraes). São Paulo: ed. Martins Fontes, 2014.

[16] Debates, Comunicação. SHAZAM! São Paulo: ed. Perspectiva, 1972.

[17] A Personagem (Série Princípios).  São Paulo: ed. Ática, 1985, pp.28-35.

[18] PERRONE-MOISÉS, Leyla. Flores da Escrivaninha. São Paulo: ed. Companhia das Letras, 1998, p.104.

[19] NIETZSCHE, Friedrich. A Vontade de Poder (1901). Anotação minha em KAFKA, Franz. O Silêncio das Sereias, artigo. (trad. Modesto Carone).

[20] ROSA, Franco de (org.). Os Segredos dos Super-Heróis. Cap. I: “Superman, de samaritano a vigilante: a evolução da espécie”. São Paulo: ed. Geek, 2015, p.08.

[21] O Superman (Henry Cavill) do diretor Zack Snyder e do roteirista David S. Goyer em “O Homem de Aço” (2013) assassinou o kryptoniano General Zod. Até hoje os fãs consideram isso um insulto contra o herói.

[23] Transcrevendo o excerto em literal: “[...] É neste ponto, a aferição das virtudes na personalidade dos entes ficcionais, que se estabelece a identificação entre personagem e leitor – um leitor que quer despertar o que é “super” dentro de si, seja para o bem, seja para o mal, recaindo na noção da disputa por poder –, fator determinante para a memória afetiva que, não raro, é responsável pelo sucesso de uma persona ou da obra”. Cf. penúltimo parágrafo da parte II.

[24] Recentemente a editora Mythos lançou um álbum de luxo capa-dura com 212 páginas da vampiresa, “Vampirella, Grandes Clássicos”, da fase de José Gonzáles nos anos 1970.




[39] Note-se que é o mesmo senso contemporâneo aplicado aos castigos e palmadas da parte dos novos pais. A Lei da Palmada (lei 13.010 de 2014) preconiza isso. No atual imaginário pedagógico da sociedade, das escolas e de alguns familiares, o pai ou a mãe que dá palmada no filho não é mais o “herói” desse filho.

[43] Márcia, in. “Mulher-Maravilha, ONU, Críticas e Maiôs” (comentários). Collant Sem Decote, out. 2016.

[44] BOARETTO PEREIRA, Carlos Eduardo. A Difusão da Ideologia Imperialista Estadunidense nas Histórias em Quadrinhos dos Avengers (1963 a 1967). Dissertação de Mestrado em História pela UNIOESTE-PR, Biblioteca da UNIOESTE, 2012, p.14.

[45] Homem-Aranha – em Memória das Vítimas do 11 De Setembro. Ed. Panini, 2002. Superman and the Heroes of September 11, DC Comics, 2001. Arte de Alex Ross.

[46] Monomito é um padrão único e repetível em todas as narratologias de mitos e contos de fantasia envolvendo um herói. Joseph Campbell inferiu que em todas as mitologias há um mito só: a jornada do herói, jornada essa com 12 etapas cíclicas como rito de passagem, que vão da iniciação/separação ao retorno. De Ulisses, Alice a Luke Skywalker, todos os heróis, inconscientemente, traçam essa jornada, e não só entes ficcionais, mas também figuras notórias como Buda, Moisés, Jesus Cristo, Maomé, Mahatma Gandhi.


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