Não conheço muito do
trabalho do Warren Ellis, já li algumas coisas dele,
como Trasmetropolitian (5 primeiras
edições bem interessantes), arcos para Quarteto
Fantástico Ultimate, fora alguns
arcos que ele fez para Hellblazer. Entretanto, não li
realmente materiais que fizeram mesmo a fama dele, como Autorithy. Se eu fosse
falar do universo Ultimate há uns dez
anos atrás, ainda teria que explicar um pouco, mas hoje em dia, acho que não,
até porque o que aconteceu com o universo Ultimate
foi ser “tradicionalizado” bem como
o Universo Marvel sofreu mudanças “ultimates”,
no final, umas das maiores, se não melhor jogada editorial que a Marvel fez até
hoje foi o Universo Ultimate, só que como tudo o que é bom além da medida no
mundo... Acaba sendo punido, como diziam para o Magneto nessa HQ : “O prego que se destaca é martelado de volta”. Passado um pouco das
minhas mágoas sobre o Universo Ultimate e seu “fim”, eu trago hoje dois arcos
fechados, na verdade sobre o mesmo personagem, em versões “diferentes” feito
pelo mesmo escritor.
HOMEM
DE FERRO EXTREMIS
Roteiro:
Warren Ellis
Desenhos:
Adi Gravanov
“Eu sou um vendedor de armas? Não. Comecei como projetista
bélico? Sim. Pretendo morrer assim? Não.”
Essa
HQ saiu recentemente pela Salvat, bem como Marvelsque o Sr. Itálo fez o review, um verdadeiro serviço aos fãs, o que a Salvat faz. Compro todo mês. Bem,
essa HQ saiu pela Salvat, bem como Panini, até ai tudo bem, o problema... É que sempre ouvi falar dela como “A história que redefiniu o Homem de Ferro
para o século XXI”, o erro acho que foi a minha interpretação, que tomei isso
que seria uma grande história, o que não
é. Extremis não se trata de uma história ruim, eu que a li com muita pretensão,
como dizem os críticos normalmente “ela entrega o que promete”, ou seja: atualizar o Homem de Ferro. Quando eu
disse não se tratar de algo ruim, é que esse material claramente não é tão
baixo nível quanto o longa Homem de
Ferro 3, que “se baseou” nessa história.
Warren
Ellis constrói um bom terreno na
primeira edição, mostrando Stark isolado em seu laboratório em suas “férias”,
até ser aturdido pela sua secretária (que não é a Pepper Pots) para uma
entrevista que ele havia agendado há semanas antes, essa entrevista é o ponto que eu achei mais interessante da história,
pena o enredo não seguir totalmente o gancho que ela deixa, que é o Stark
realmente parar para analisar de perto o uso que boa parte de suas armas
(bombas na maioria), para seguir o caminho de Stark reencontrando amigos (personagens
criados por Ellis) e tendo seu caminho cruzado com o “vírus” Extreme, que é uma substância usada para aprimorar o corpo
humano, só que na prática deixa o individuo com poderes de fogo (?!), superfortes e em autodestruição,
salvo o caso do mesmo individuo conseguir mais doses. (Hmm... Veneno... Bane...
Cof cof), o resumo de tudo é o Homem de Ferro levando um cacete de um
extremista genérico qualquer que é um peão em “um jogo maior”, lambendo as
feridas e utilizando o “vírus Extremis” ao seu favor, em “uma dose controlada”,
ai é que entra a “atualização pro século XXI”, em vez de ser só um humano sem
poderes, Stark fica com uma espécie de controle através do pensamento de sua
armadura. “Ah cara, você é muito chato, quer resumir uma história dessa
grandeza em apenas o “Homem de Ferro levando um cacete, se atualizando e dando
o troco”, sim, e isso não é rebaixar uma
história, quase todas as histórias são assim, principalmente as do
Homem-Aranha por exemplo, a grande jogada é o que acontece entre essas duas lutas, é ai que está a chance do
roteirista fazer algo valer, para que quando a revanche chegue, o leitor se
entusiasme e torça por aquilo, que aprenda algo com o que leu, e admire algum
gesto. Eu admiro o Stark querer fazer algo significativo nessa história, como
ele menciona na entrevista ao repórter na edição #1, o que eu não admiro é um
roteirista do nível do Warren Ellis
pegar um título como Ironman duas
vezes, com ótimos artistas e fazer um material regular.
Nota:
4.7
HOMEM DE FERRO –
ULTIMATE HUMAN (OU HUMANO SUPREMO)
Roteiro:
Warren Ellis
Desenhos:
Cary Nord
“Você foi preparado para tudo por ricos pais tecnocratas. Desde
da sua estrutura celular ser transformada em computronium biológico ainda no
útero, pelo amor de Deus! Não me ensinaram nada além de ficar longe da porra do
caminho dos meus pais. Foi doente a vida toda e tive que lutar por tudo o que
eu quis, e nunca tive. Nunca. Você inventou o Homem de Ferro, alguma coisa que
ninguém havia visto antes. Além disso, você fez a nanotecnologia funcionar, do
rascunho, quando metade da comunidade cientifica ainda não acreditava que ela
poderia existir. Eu falhei em reinventar o soro do supersoldado que funcionou
perfeitamente sessenta anos atrás. Cada vez que você voa no Homem de Ferro,
prova o quão brilhante você é e salva vidas, cada vez que eu fico puto, o
registro falho na minhas células ativa e eu mato pessoas.”
Outro
exemplo de história que começa muito boa, com o mesmo personagem e autor, e
olha só, tem um final que deixa a
desejar, e um desenvolvimento idem. Cronologicamente, esse conto se passa
como um arquivo secreto que ocorreu
dentro de Os Supremos II: Bruce Banner tinha sido levado a julgamento pelo
assassinato em massa que o Hulk exerceu nem Nova York, alcançando três dígitos em
vítimas. Banner foi enganado por Nick,
que o dopou e o colocou em uma bomba nuclear para explodir com ele no meio do
oceano. Supostamente, Hank Pym, apiedado de Bruce Banner (que ele odiava no
principio, mas que se tornou um grande amigo cientista) diminuiu a dose do sonífero
para que Bruce se acorda-se e transforma-se no Hulk poucos instantes da
explosão para se salvar, fato também mostrado na Mini Hulk V.S Wolverine... Mas
passada a aula de história, nesse conto, Bruce Banner, tido como morto, vai ao
encontro de Stark e compara o sucesso, diferenciado de ambos: enquanto Stark
opera uma armadura e salva vidas, Banner diz que o máximo que conseguiu na vida
foi manipular formulas e criar um assassino em massa dentro de si... Stark, que
parecia não ter nada melhor para fazer, além de se embriagar por mais um dia,
resolve ajudar o Bruce a se tratar e o leva para uma de suas instalações. Para
testar a resistência que o monstro Hulk venha a ter, Stark tem a “brilhante ideia”
de colocar Bruce em uma forte câmara, que simula gravidades de planetas,
colocando Bruce na gravidade de Vênus, fazendo com que ele sinta dor extrema e
rompa músculos em níveis absurdos, o que Stark não contava (ou estava bêbado
demais para cobrir essa possibilidade) é que o Hulk possui não só um organismo
quase invulnerável e habilidade regenerativas: ele também tem um processo
celular para se adaptar a qualquer situação.
Ellis
coloca isso como ponto chave para essa mini em quatro partes, criando uma
explicação para a “imortalidade” e situação “incurável” que o Hulk é. Teria
sido uma boa história de contraste entre dois dos homens mais inteligentes do
universo Marvel, seja qual universo for, mas acaba indo para o caminho precoce
de “dois heróis que ganham de um vilão que teve a chance de matá-los, mas não o
fez, abrindo um caminho para que eles o vençam”, e isso realmente frustra. A
história poderia acrescentar bastante a ambos personagens, mas tudo que faz,
como diz o título “Ultimate Human” é criar uma justificativa pseudo política e
não muito desenvolvida para a existência irrelevante que o Líder teve no
universo Ultimate. Warren Ellis até tenta fazer um gancho com os dois volumes
dos Supremos, principalmente com o II, ao fazer o Líder ser um funcionário da
... que quer fazer a própria iniciativa do Supersoldado ser só inglesa e não só
européia como acabou sendo, mas acaba sendo algo vago, sem muita diferença. Não
li ou assisti muito do Homem de Ferro na vida, ele é indispensável como
Vingador, faltar ele nos Vingadores é como faltar o Batman na Liga da Justiça
(Se bem que o Batman fora da Liga até que seria interessante, já que ele
combina melhor com histórias solos), mas sua carência de boas histórias é
justamente em suas missões solo. Ele não parece ter vilões muito interessante,
e muita coisa fica mal desenvolvida, como personagens a sua volta e por ai vai.
Problema que se estende na trilogia do Homem de Ferro no cinema, certo, claro
que você e a maioria das pessoas gosta do Robert Downey Jr ali, mas tirando o
Homem de Ferro que ele atua, a trilogia não tem vilões memoráveis, até mesmo o
Chicote Elétrico que começou foda, terminou como mais um otário detonado em uma
armadura. Então, não, ainda não li uma história boa do Ironman, tenho
esperanças em “O Demônio da Guarrafa” que vou comprar quando a Salvat lançar na minha cidade, com a expectativa
de ser o que “A Queda de Murdock” foi para o Demolidor. Afinal, nenhum
personagem é ruim nas mãos de alguém talentoso. Já ta na hora de eu ler e
assistir algo além de um stand up do Tony, algo memorável solo com o Homem de
Ferro.
Nota:
4.6
Recomendações de quadrinhos dignos do Homem de Ferro...?
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