A Guerra dos Anéis - Por que é a melhor história do Lanterna Verde?

 


 

O Lanterna Verde de Geoff Johns é considerada por muitos fãs uma das melhores fases de quadrinhos já feitas, estando no mesmo patamar que clássicos como Demolidor do Frank Miller e Superman do John Byrne.



Esse foi um período de histórias marcado pela volta do Hal Jordan como protagonista, mas também pela forma como Geoff Johns reinventou a mitologia do Lanterna Verde com uns conceitos novos (com o espectrum emocional), criando  uma grande saga cósmica, composta por vários arcos memoráveis, como “Renascimento” e “Noite mais densa”.






Mas aquele que é considerado uma das maiores obras da fase do Geoff Johns é a “Guerra dos Anéis”, publicada em Green Lantern: Sinestro Corps Special 1, Green Lantern vol.4 nº21 a 25 Green Lantern Corps vol.2 nº14 a 19 em 2006.



 Escritas por Geoff Johns e Dave Gibbons, com os artistas Ivan Reis. Patrick Gleason e Ethan Van Sciver, “A guerra dos anéis” se tratou de um crossover épico entre as revistas do Lanterna Verde, girando em torno de um confronto cósmico entre o Hal Jordan e Tropa Lanternas Verdes contra seu arqui-inimigo Sinestro, quando este criou sua própria tropa.



É bem lembrada por sua história bem organizada, batalhas bem ilustradas e momentos épicos de vários de seus personagens.

No meu caso, como um fã, é uma história bem especial, tendo sido a primeira revista do Lanterna Verde que li quando criança e a que me introduziu ao vasto universo do herói (para se ter uma ideia eu nem sequer conhecia Hal Jordan ou outros lanternas exceto pelo John Stewart). Tendo relido essa história como um adulto, minha admiração por ela já passou da simples nostalgia, conforme eu descobri que ela tinha muito mais do que ser apenas uma história em quadrinhos sobre super heróis lutando no espaço. Era uma obra sobre guerra, moralidade, inseguranças, força de vontade vs medo e as mudanças que essas emoções podem causar.



Para explicar melhor sobre esses pontos, irei me aprofundar nessa história do Lanterna e o que a torna a melhor de todas as aventuras do cavaleiro esmeralda.

Trama

Depois de ser derrotado em batalha pelo ressuscitado Hal Jordan e Kyle Rayner, Sinestro voltou para as sombras onde começou a tramar um novo esquema contra seus inimigos. Criando réplicas de seu anel amarelo, o lanterna renegado começa a recrutar vários seres do universos capazes de “inspirar grande medo”, criando sua própria tropa de lanternas, a Tropa Sinestro.



Sem um aviso, o grupo inicia seu primeiro ataque em massa a OA, o quartel-general dos Lanternas Verdes, libertando vilões poderosos como Superboy Primordial e Superman Cyborg e, ainda por cima, capturando Kyle Rayner, que é possuído por Parallax. Eles também tem como aliado o Anti-Monitor (o grande vilão da Crise nas Infinitas Terras), o que torna a Tropa Sinestro uma ameaça maior para todo universo.




Quando Hal Jordan e seus amigos (John Stewart e Guy Garnder) recarregam seus anéis para poder resgatar Kyle, eles ativam uma armadilha deixada pelos lanternas amarelos, que os envia para Qward. Preso nesse universo de anti-matéria, com seu anel enfraquecido, Hal tem que abrir caminho pelos lanternas de Sinestro, para poder reencontrar seus amigos e juntos se unirem a Tropa nessa guerra que terá grande impacto nos princípios dos heróis.

 


Holofotes para todos

Uma história onde os Lanternas Verdes enfrentam um exército invasor no espaço não é novidade nenhuma. Até mesmo a ideia deles lidarem com uma versão maligna de Lanternas já tinha sido usada antes (ex: em Green Lantern vol.2 nº150).



O que torna Guerra dos Anéis diferentes dessas histórias anteriores está na forma como Geoff Johns e os outros autores consegue distribuir o foco entre vários personagens. Ninguém na trama parece um figurante. Cada lanterna, tem seu momento para demonstrar sua personalidade e dinâmica, criando uma conexão com o público e dando um impacto maior para suas conquistas ou derrotas.

Sejam personagens como Killowog, liderando um esquadrão de Lanternas para proteger Mogo ou a doutora Soranik Natu ficando dividida entre sua lealdade com a Tropa e seu povo ou confiante Sodam Yat enfrentando sozinho o Superboy Primordial, cada um tem seu momento marcante pois o roteiro contribuiu para que os leitores pudessem conhecer esses personagens, o que bem impressionante considerando como a Tropa dos Lanternas é um dos maiores grupos da DC quando se trata de número integrantes, o que poderia tornar a história parece bagunçada e sem foco.




 


A redenção de Hal Jordan

Agora que surge uma pergunta, com tantos personagens tendo seus momentos para brilhar, onde entra o protagonista central, Hal Jordan?

Enquanto a ameaça da Tropa Sinestro representam uma ameaça cósmica para os Lanternas Verdes, para Hal Jordan eles representam algo bem mais pessoal: Não só ele tem que lidar mais uma vez com Sinestro (a relação dos dois foi bem mais aprofundada na fase do Johns) mas também com o fato que seu sucessor Kyle Rayner foi transformado em Parallax, assim como ele foi no passado. O que Sinestro fez não foi apenas usar virar um amigo contra Hal, mas também reabrir uma feridas psicológicas.

 



Para complicar ainda mais as coisas, Ganthet e Sayd, os dois guardiões próximos dos Lanternas da Terra, informam que, nessa batalha, Hal Jordan terá que assumir um papel de liderança para guiar seus colegas da Tropa, o que deixa o piloto ainda mais ansioso, já que alguns membros da Tropa ainda não confiam nele pelo que fez quando era Parallax e o próprio Jordan ainda não se perdoou por ter sido manipulado. É interessante ver um personagem conhecido por sua confiança e jeito rebelde demonstrar inseguranças por causa de erros de seu passado e sua capacidade de atender a expectativa dos outros.



Entretanto, ao mesmo tempo que o arco explora esse lado sensível do Hal, é mostrado seus pontos fortes, com ele se arriscando para ajudar seus companheiros e assume responsabilidade pelo bem-estar deles. 


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Isso tudo serve como construção para um momento simbólico, onde a guerra chega até Coast City, cidade do Hal Jordan, e a Tropa dos Lanternas Verdes vem ao seu resgate, com os moradores de Coast City se recusando a deixar suas casas e acendendo lâmpadas verdes, simbolizando a coragem que Hal inspirou neles. O herói que era visto como um traidor reconquistou a confiança e respeito das pessoas com seu trabalho duro e dedicação.



 

 

Força de vontade vs Medo

Em sua essência, a Guerra dos Anéis é um arco que explora a ideia de Força de vontade (ou coragem) vs medo.  Para alguns, isso deve parece que a história tem aquela típicas mensagem sobre “Enfrente aquilo de que você tem medo”, mas é algo mais complexo, que está refletido no grande vilão dessa história, e com certeza o personagem mais desenvolvido nela: Sinestro.



Diferente de outros autores, Geoff Johns não escreve Sinestro como um vilão genérico de bigodinho. Ele é mais um antagonista movido por uma ideologia complexa. Apesar de sua rivalidade com Hal e os outros Lanternas, Sinestro, por suas próprias palavras, respeita a ideia da Tropa dos Lanternas Verdes como um conceito, uma força que polícia o universo. Porém, o que ele discorda são as regras impostas pelos guardiões, julgando que elas limitam a eficácia dos Lanternas como uma força intergaláctica. Afinal, se eles são “aqueles que superam o medo” por que criar regras para si mesmo? ? Por que se preocupar em evitar que o universo tenha medo deles quando poderiam usar tal emoção contra seus inimigos? Qual o ponto de se considerarem indivíduos que superam medo, quando temem comprometer seus princípios?

Em sua perspectiva, Sinestro não se vê como um vilão ou um pária, mas sim o único da Tropa que está disposto a fazer o necessário para manter a ordem no universo. 



A parte mais assustadora: Sinestro tem um ponto válido pois, conforme essa guerra vai se desenvolvendo, os Lanternas vão adotando medidas extremas para vencer seus inimigos, incluindo receberem autorização para uso de força letal.



Esse detalhe leva a um dos maiores twist dos quadrinhos que torna o final dessa história bem reflexivo sobre as ações que os heróis tiveram que tomar para salvar o mundo.

 

Considerações finais

Guerra dos Anéis pode parece uma épica saga espacial, mas, no fundo é algo maior: Uma história que captura a essência do Lanterna Verde, combinando grandes conceitos sci-fy com dramas pessoais e humanos.  É uma saga que consegue destacar vários personagens de mundos diferentes, mostrando as qualidades que tornam cada um deles tão relacionável e marcantes.

Com certeza é uma recomendação para vários fãs, sejam dos lanternas verdes ou de quadrinhos em geral.

10/10



Então é isso! Qual a opinião de vocês quanto A Guerra dos Anéis? Sintam-se a vontade para colocar suas opiniões e ideias nos comentários abaixo.