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Quando uma hq chega ao
fim de uma fase de sucesso, como que a editora poderá continuar histórias de
similar qualidade?
Esse foi o dilema que a Marvel teve que enfrentar após Peter David ter finalizado sua fase no Incrível Hulk. Como demonstrado na parte anterior dessa retrospectiva, seu trabalho com o Golias Esmeralda foi um dos seus melhores, com David tendo reinventando o personagem e seu mundo, tornando histórias de um monstro incompreendido num drama psicológico e complexo.
Natural que com a saída
dele, seria difícil a Marvel conseguir criar algo que superasse o trabalho de
David. Por sorte, as hqs do Hulk tiveram a sorte de serem por autores, como
Paul Jenkins, Bruce Jones e Greg Park. Todos souberam não só usar ideias
estabelecidas pelo Peter David e autores anteriores, como souberam realizar
aventuras novas do Hulk, criando algumas de suas histórias mais amadas pelos fãs
leitores, assim como algumas de suas mais subestimadas.
Quais histórias foram
essas?
Bem, são delas que irei
falar nesse texto dedicado as aventuras do Hulk no início do século XXI.
Olhos
de cobra
· * Leitura: The Incredible Hulk vol.2 nº12 e 13
A vida de Bruce Banner é
uma tragédia. Ele sofreu perdas de entes queridos, é temido pela população e
caçado pelo exército. O que mais poderia acontecer com um homem como esse?
A fase de Paul Jenkins
começa dando uma resposta a isso: Bruce Banner está morrendo.
Nessa primeira
história, Bruce se reencontra com Angela Lipscombe, uma colega dele de escola,
agora uma neurologista, e revela que ele foi diagnosticado com um tumor no
cérebro. Sabendo que está com os dias contados, Bruce fica preocupado com o dia
de sua morte, sabendo que, quando isso acontecer, o Hulk assumirá controle de
seu corpo para sempre.
Sofrendo de pesadelos,
Banner, com a ajuda de Angela, Banner usa um aparelho para acessar seu
subconsciente e descobre que sua mente está sendo destruída por uma nova versão
e assustadora do versão do Hulk. Para impedi-lo e salvar sua vida, Banner tem
que convencer os três Hulk (O selvagem, Joe e o Professor) a trabalharem juntos
para salvarem sua existência.
De todos os autores
nessa lista, Paul Jenkins é o roteirista cuja fase funciona como uma sequência
a fase do Peter David, pegando a ideia que ele estabeleceu, do Bruce ter
múltiplas personalidades do Hulk e expandindo-a, criando novos conceitos e
desenvolvendo os conflitos internos do Bruce com sua mente complicada.
Cães de
guerra
· * Leitura: The Incredible Hulk vol.2 nº14 a 20
Se achavam que Banner
lidar com uma doença terminal seria o único problema que ele teria que lidar,
Jenkins trouxe uma reviravolta ao introduzir um novo antagonista para Banner: O
general Ryker.
Em sua primeira
aparição, ele foi mostrado como mais um militar obcecado pelo Banner. Porém,
diferente do general Ross, Ryker se mostrou bem mais corrupto, agindo várias
vezes por trás das costas do governo e não tendo escrúpulos em recorrer a
experimentos gama para atingir apreender o Hulk ou até mesmo ameaçar os amigos
do herói.
Como se isso já não
fosse o bastante, Bruce descobre que seu amigo de confiança, Doutor Samson,
mentiu quanto a sua transformação no Professor Hulk, revelando ser não uma
fusão dele com o Hulk, mas apenas mais uma personalidade.
Tudo esse estresse
começa a afetar Banner em um nível psicológico, com o final da história tendo
grandes consequências para o pobre cientista no futuro.
Sempre
em sua mente
· * Leitura: The Incredible Hulk vol.2 nº24 e 25
Durante esse período de
histórias, Betty Ross, o grande amor de Banner, tinha sido morta por um
envenenamento radioativo. A princípio, Bruce se culpou pela morte de sua
esposa, mas, logo ele descobriu que outra figura foi responsável: O Abominável.
Buscando vingança contra Banner, o vilão se aproveitou de quando Betty ficou
doente e precisava de uma transfusão e trocou o sangue do Banner pelo dele,
causando a morte de Betty e fazendo Banner ser atormentado por sua culpa.
No entanto, nessas duas
edições, o plano do Abominável tem sua consequência. Conseguindo localizar o
assassino de sua filha, o General Ross revela essa informação para Banner.
Tomado raiva e desejo de vingança, Banner se torna o Hulk selvagem e vai atrás
do Abominável, resultando em duelo estrondoso e emocionante.
Além da luta bem
ilustrada pelo John Romita Jr (um dos meus artista favoritos do Hulk por
sinal), essa história descontrói a perspectiva do herói e o vilão: Mesmo sendo
um vilão desprezível, o Abominável tem uns momentos que ajudam a humaniza-lo,
revelando como ele sofre por estar preso no corpo de um monstro. Já o Bruce,
mesmo quando está no controle do corpo, realiza ações bem questionáveis do que
ele faz como Hulk. Esse contraste coloca os leitores numa posição de
questionamento sobre a moralidade e se as ações do protagonista estão corretas
ou não.
Passado Perfeito
· * Leitura: The Incredible Hulk vol.2 nº27 e 28
Além de Ryker, outro
novo vilão, ou melhor dizendo antagonista, que Paul Jenkins introduziu em sua
fase foi o Demônio, uma personalidade que Banner tinha reprimido em sua mente.
No entanto, após o conflito com Ryker, essa personalidade escapou, deixando
Bruce mais tenso, sabendo que, cedo ou tarde, ele iria agir.
Esse inevitável encontro
dos dois finalmente aconteceu nesse arco de duas partes, onde Bruce acorda num
mundo onde ele tem uma vida perfeita: Betty Ross está viva, os dois tem filhas
e ele tem uma boa relação com seu pai...não há nada que possa preocupa-lo.
Porém, como muitas histórias do Hulk, essa felicidade não dura para sempre.
Logo, Banner é contatado tanto pelo Joe, que revela que esse mundo é uma
armadilha do Demônio para se apossar do corpo de Bruce e executar sua vingança
contra o mundo que o magoou. Então Banner, no final, precisa fazer uma dura
escolha: Continuar nesse mundo de fantasia enquanto o Demônio toma controle de
seu corpo ou voltar para a realidade, onde sua trágica vida?
Isso é basicamente o “Para o Homem que já tem tudo” do Hulk.
Mas, apesar das semelhanças, o arco consegue se destacar devido ao protagonismo
dado a um personagem cuja vida é bem melancólica (tornando mais compreensível
porquê é difícil Bruce querer despertar) e a forma como ele tem sido trabalhado
nessa fase que aborda tópicos como mortalidade e luto.
Depois
da manhã
· * Leitura: The Incredible Hulk vol.2 nº34
Enquanto a fase de Paul
Jenkins foi uma continuação das ideias de Peter David, explorando o drama
psicológico do Banner e suas personalidades, a fase de Bruce Jones mudou a
direção da revista para um território bem mais sombrio e pé no chão.
Seu primeiro arco
começa com Bruce mais uma vez fugindo da lei, após o Hulk ser acusado de ter
causado a morte de uma criança. Vivendo escondido numa cidade barra-pesada,
Bruce usa seu computador para conversa com um aliado misterioso, Mr Blue, que
lhe aconselha a permanecer no local e evitar chamar atenção. No entanto, ao saber que seu vizinho está
sendo ameaçado por traficantes, Bruce começa a ter mais dificuldade de conter
seu alter ego verde.
Diferente do trabalho
com Jenkins, o roteiro de Jones é mais próximo de um filme de suspense e
terror. O Hulk nem sequer aparece, com o foco sendo dado ao Banner, que tratado
uma bomba relógio, com o ritmo da história aumentando a expectativa dos
leitores para o momento em que ele irá liberar o Hulk.
Por causa dessa mudança
de ritmo, essa história pode ser um pouco chata para aqueles acostumados com
histórias de ação e pancadaria que o Hulk é conhecido. No entanto é uma trama
bem escrita, que aborda questões sociais e caracteriza bem Bruce Banner, que
tenta fazer a diferença na vida das pessoas, mesmo nas condições que ele se
encontra.
Perseguição
silenciosa
· * Leitura: The Incredible Hulk vol.2 nº35
Um quadrinho nem sempre
precisa de vários balões com falas para funcionar como uma histórias. As vezes
deixar a arte falar pela narrativa torna a experiência bem mais divertida. Essa
é a melhor forma de descrever “Perseguição silenciosa”.
Seguindo o estilo
Marvel “Nuff Said” (um tipo de
história sem dialogo), essa curta edição mostra Bruce Banner chegando numa
lanchonete e vendo uma mãe tendo dificuldade de interagir com sua filha
autista. No entanto, antes que possa falar com elas, Bruce é forçado a fugir
quando percebe um grupo de agentes entrando no local. Apesar de seus esforços,
ele acaba sendo capturado por eles. Mas, graças a uma visão que tem da menina
em perigo faz com que Banner consiga virar o Hulk e escapar.
O final dessa história
é um dos momentos mais tocantes dos quadrinhos, mostrando como um personagem
como o Hulk/Bruce Banner consegue se conectar a vários tipos de pessoas.
Planeta
Hulk
· * Leitura: The Incredible Hulk vol.2 nº92 a 105
Com certeza uma das
histórias mais reconhecidas do Hulk.
Nesse grande arco, os
Illuminati (um grupo formado por Reed Richards, Homem de Ferro, Professor X e
outros grandes líderes e mentes do universo Marvel), após testemunharem um
incidente onde o Hulk destruiu Las Vegas, decidem pôr um fim na potencial
ameaça que o grandalhão representa pra Terra. Enganando-o durante uma missão
espacial, o grupo prende o Hulk num foguete rumo a um planeta desabitado, onde
ele poderia viver em paz e não machucar ninguém.
No entanto a nave acaba
indo parar no planeta Sakaar, onde Hulk é capturado e forçado a participar de
jogos de gladiadores.
Como uma história de
“Gladiador” no espaço, vamos vendo a evolução no Hulk, conforme e ele vai
conhecendo novos aliados e, aos poucos, crescendo de um personagem relutante,
para se tornar líder de uma revolução e, eventualmente, o novo rei do planeta.
Hulk
contra o mundo
· * Leitura: World War Hulk nº1 a 6 e World War Hulk: X-men
Se Planeta Hulk explora
o lado heroico do Hulk, seu potencial de ser um salvador e protetor de outros,
Hulk contra o mundo mostra o potencial dele de ser um grande antagonista.
No final do arco
anterior, Hulk libertou Sakaar, se tornando rei do planeta. Tendo se casado e
engravidado a guerreira Caiera, parecia que ele finalmente tinha encontrando a
felicidade que tanto procurou. No entanto, a nave que o trouxe para o planeta,
acaba explodindo matando vários habitantes, incluindo Caiera. Tomado por uma
fúria maior do que qualquer outra que já sentiu, Hulk reúne seus aliados que
sobreviveram e volta para Terra, buscando vingança contra os Illuminati, a quem
ele culpa pela sua perda.
Hulk contra o mundo
mostra a chegada do Hulk a Terra, com o Raio Negro, o rei dos Inumanos e membro
dos Illuminati, sendo primeiro a ser derrotado por sua ira. Depois disso, Hulk envia uma mensagem para
Terra, dando a população de Nova York um tempo para evacuar a cidade e os
Illuminati se apresentarem.
A exigência do Hulk
leva não só os Illuminati (como Homem de Ferro e Reed Richards), como também
vários heróis a se reunir para impedir sua invasão.
Sob uma visão
superficial, esse arco é pura briga de super heróis, com Hulk provando ser um
dos seres mais fortes do universo Marvel, derrotando vários figurões, como
Homem de Ferro (usando Hulkbuster), Fanático e até mesmo Sentinela.
Porém, por baixo da superfície,
a história continua a trabalhar o questionamento do Planeta Hulk, sobre o Hulk
ser mesmo um herói ou um monstro. Enquanto o primeiro arco mostrou o potencial
do Hulk em ser nobre e heroico, esse tem como dilema se o Hulk é capaz de ter
essas qualidades agora que ele perdeu tudo que ele amava.
A forma como a história
perfeitamente reflete o tipo de personagem que o Hulk é em sua essência,
tornando compreensível o porquê desses dois arcos (Planeta Hulk e Hulk Contra o
Mundo) estarem os favoritos de vários fãs do Golias Esmeralda.
Hulk
Cinza
· * Leitura: Hulk: Gray nº01 a06
Um dos melhores
quadrinhos da Marvel nos anos 2000 foi a coleção da Marvel cores. Ela consistia
em 4 miniséries de 6 edições, escritas por Jeph Loeb e com a arte de Tim Sale,
que exploravam o passado dos heróis na Era Marvel, sob uma nova perspectiva.
Uma desses minisséries
foi “Hulk Cinza”. Sua trama gira em torno do Bruce Banner fazendo uma visita ao
doutor Samson, no dia da morte de sua esposa. Durante a conversa, Bruce se
lembra dos seus primeiros dias como Hulk e o impacto que isso teve em sua vida
e em seus relacionamentos, marcando o início de sua amizade com Rick Jones, sua
rivalidade com Ross e seu amor complicado por Betty.
Essas três figuras
acabam se encontrando com o Hulk quando o general prende Rick. O golias cinza
(na época) vem ao seu resgate mas, ao ver Betty, ele decide leva-la para uma
caverna. Esse ato enfurece Ross, que jurar caçar Hulk e elimina-lo.
Assim como outros
clássicos dessa coleção, “Hulk: Cinza” é uma bela homenagem aos quadrinhos
clássicos do personagem, recriando o clima mais sombrio de suas histórias e a
dinâmica dos personagens, com o Hulk andando na linha de um protagonista
imprevisível.
Porém, o grande
destaque é a forma como o flashback e a narração explora o contraste do Bruce
Banner e o Hulk em relação a sua auto perspectivas. Enquanto Hulk nessa
história é mostrado sendo uma figura incompreendida, Banner é um cientista bem
inseguro, com uma visão muito pessimista quanto a forma como as pessoas o
enxergam. Enquanto o primeiro, apesar de seu temperamento, odeia ser chamado de
monstro, o outro, apesar do apoio de seus amigos, acredita que ele é, de fato,
um monstro. Isso torna o embate entre duas personalidades muito mais complexo
e, ao mesmo tempo, melancólico.
O
fim
· * Leitura: The Incredible Hulk: The End
Como explicado na primeira
história dessa lista, Bruce Banner é incapaz de morrer. Toda vez que chega as
portas da morte, o Hulk o impede e assume o controle, forçando a continuar vivendo
nessa pobre vida que ele tem.
Baseado nesse detalhe,
qual melhor história para encerrar esse capitulo do que uma que explora essa
imortalidade do Hulk?
Me refiro ao Incrível
Hulk: O Fim. Escrita pelo Peter David (sem dúvida o melhor autor do Hulk de
todos), essa pequena história se passa num futuro apocalíptico, onde a Terra é
habitada apenas por insetos gigantes toda humanidade foi extinta... com exceção
de Bruce Banner.
Devido a sua
transformação, Banner consegue sobreviver a esse apocalipse. Porém, isso
resulta nele sendo forçado a viver sozinho, nesse mundo destruído.
Embora breve, essa é
uma história bem sombria e deprimente, com o foco da narrativa sendo confronto
final entre Hulk, que luta por sua sobrevivência, e Banner, que deseja apenas morrer
e finalmente encontrar a paz que lhe foi negada. O final perfeitamente condiz
com a temática das histórias do Hulk, demonstrando como um dos personagens mais
poderosos da Marvel (e dos quadrinhos) no final, é um dos mais trágicos.
Então é isso! Quais são
suas histórias favoritas do Hulk dos anos 2000? Sintam-se a vontade para
colocar suas opiniões e ideias nos comentários abaixo.
















