Retrospectiva Melhores histórias do Hulk (Anos 90/Era Peter David)

 

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De todos os roteiristas que trabalharam nas histórias do Hulk, aquele que muitos consideram ter sido o melhor é o talentoso Peter David.



Tendo assumido os roteiros do Incrível Hulk a partir da edição 331, Peter David passou 12 anos escrevendo as histórias do Golias Verde, resgatando vários elementos dos quadrinhos clássicos,  ao mesmo tempo introduzindo novos conceitos, como as múltiplas personalidades do Banner. 



Como um escritor, Peter David foi um dos mais populares da indústria, responsável por várias trabalhos memoráveis tanto para Marvel quanto a DC. Sua fase no Hulk é um de seus sucessos mais lembrados pelos fãs, que até hoje consideram a fase mais celebrada do personagem,  no  mesmo patamar que clássicos como o X-men do Chris Claremont e o Lanterna Verde do Geoff Johns.

Visto essa importância, decidi dedicar esse capitulo da retrospectiva para falar das melhores histórias na revista do Incrível Hulk nessa fase do Peter David e o motivo de ser considerada um de seus melhores trabalhos.

Vamos começar...

Círculo Vicioso 


* Leitura: The Incredible Hulk vol.1 nº 338 a 345

Um dos aspectos principais da fase do Peter David no Hulk foi a forma como ele abraçou a narrativa continua das histórias. A revista tinha um clima de novela mexicana, com cada edição com a outra, fazendo parte de uma saga maior.

A primeira dessas sagas foi o Círculo Vicioso, o arco das Bombas Gama. Se trata uma história “road trip” focada no Hulk, em companhia do Rick Jones e o agente da SHIELD Clay Quartermain, viajando pelos Estados Unidos enquanto tentam encontrar bombas gama que o governo tem trabalhado em segredo.

Durante essa aventura, Hulk enfrentam vários inimigos, tanto velhos quanto novos e lidam com vários dilemas de histórias passadas, incluindo os traumas causados por seu pai e seu relacionamento complicado com a Betty Ross.

Mas o Hulk e seus amigos não são os únicos interessados nas bombas. Além deles, outro personagem envolvido nessa busca, é o que rouba cada momento da história quando aparece: o Líder. Graças ao roteiro de David, o vilão é muito bem retratado como esse o gênio calculista que está sempre 10 passos à frente do Hulk e seus aliados. No final, fica claro porque o Líder é um dos, senão o maior inimigo do Golias Esmeralda.

Trabalho de segurança 


* Leitura: 
The Incredible Hulk vol.1 nº 347 a 348

Outro destaque da fase do Peter David foi a forma como ele resgatou o clássico Hulk cinza das primeiras histórias do Stan Lee e Jack Kirby. Por meio de um retcon, ele reestabeleceu o personagem como uma personalidade alternativa do Bruce Banner. Diferente do Hulk verde, o cinza era menos forte, porém era inteligente e tinha uma personalidade bem fanfarrona, resultando nos momentos mais divertidos da fase.

Entre suas melhores histórias, uma das mais lembradas foi quando o gigante cinzento, se aproveitando que o mundo achava que tinha sido morto numa explosão, se escondeu em Las Vegas. Adotando a identidade de Joe Fix (conhecido no Brasil, como Joe Tira-Teima), Hulk passa a trabalhar como segurança no casino Coliseu.

Essas duas histórias estabeleceram um novo status na fase de David, colocando o Hulk num novo cenário, com novo elenco de apoio, ao mesmo tempo mostrando ele tendo aventuras com um clima bem mais urbano e noir, envolvendo gangster e, ocasionalmente, super vilões, sem nunca perder o humor e diversão dos quadrinhos.

Contagem 



* Leitura:The Incredible Hulk vol.1 nº 364 a 367

O Hulk pode até ser um dos seres mais fortes dos quadrinhos, mas como ele poderia vencer um inimigo que não pode bater?

Essa é a pergunta feito pela Contagem, uma quadrologia bem intensa que mostra o protagonista sendo vítima de um envenenamento, capaz de afeta-lo mesmo em sua forma de Hulk. Com seu dias contados, Hulk sairia numa corrida contra o tempo para tentar descobrir um antídoto e quem estaria por trás desse esquema contra sua vida.

É uma história é um perfeito thriller de suspense, com a narrativa prendendo a atenção do leitor e fazendo questionar se o Hulk irá sobreviver, ao mesmo tempo em que apresenta um mistério envolvendo vários personagens da mitologia do Hulk.

Conflito de personalidades 


* Leitura: The Incredible Hulk vol.1 nº 376 e 377

Como muitas mudanças nas hqs não duram para sempre, claro que o Banner voltou a se transformar no Hulk verde selvagem que os fãs conhecem. No entanto seu retorno criou um novo problema: O Hulk Cinza também vivendo na mente Banner.

Não suportando um ao outro, os dois Hulk começaram a brigar pelo controle, causando instabilidade nas transformações do Banner.

Para evitar que a situação piorasse, o doutor Samson, com a ajuda do Mestre do Picadeiro, hipnotizou Bruce, permitindo que ele pudesse realizar uma terapia com o cientista e seus dois alter-egos.

Isso resulta numa história bem pessoal, que mostra o Banner e os Hulks lidando com suas memórias traumáticas, vendo os eventos que levaram as criações de cada um deles e no final encontrando um equilíbrio, resultando numa nova transformação.

Rino Estampado 


* Leitura: The Incredible Hulk vol.1 nº 378

Confira link da review completa: https://ozymandiasrealista.blogspot.com/2024/12/rino-estampado-o-especial-de-natal-do.html

Mentira verde 


* Leitura: The Incredible Hulk vol.1 nº 383 e 384

Mais um arco que destaca um vilão clássico do Hulk: O Abominável.

Diferente de outras aparições, nessa o brutamontes não está em busca de uma nova revanche com o Hulk. O interesse dele é com atriz Nadia Dornova, que, na realidade, é sua a esposa. Percebendo as atividades de seu inimigo, Bruce, com a ajuda do Panteão (um grupo secreto que busca proteger o mundo) vai atrás de Blonsky, fazendo o vilão sequestrar Nadia.

Para complicar as coisas, durante essa história, Hulk é chamado pelo Doutor Estranho para auxiliar os heróis numa batalha contra o Thanos, onde ele acaba sendo encolhido pelo Titã Louco. Agora como o Hulk vai confrontar o Abominável e salvar Nadia com esse tamanho de formiga?

Além da genialidade do David em fazer essa história se conectar com evento do Desafio do Infinito sem prejudicar as tramas, o ponto alto é todo desenvolvimento do Abominável. No lugar do monstrão obcecado em derrotar o Hulk e se provar o mais forte, David caracteriza Blonsky como uma figura trágica, um homem preso no corpo de um monstro e forçado a se isolar da sociedade. O dilema dele não saber se deve revelar para Nadia sua identidade é bem escrito e culmina num dialogo profundo entre Banner e Blonsky que expõe as semelhanças entre os dois rivais.

Pequeno Hitler 



* Leitura: The Incredible Hulk vol.1 nº386 e 387

Eis uma pergunta: Se soubessem que uma criança está destinada a se tornar um ditador no futuro, vocês seriam capazes de mata-lo para poupar vida de vários inocentes?

Esse é o dilema que Hulk encara nessa história. O conflito gira em torno de Delphine, do Panteão (falarei deles no próximo item), tendo uma visão sobre um menino, filho de um embaixador que, de acordo com a visão dela, se tornar um ditador e dominaria o mundo no futuro. Sendo um sobrevivente do Holocausto, Aquiles se rebela contra seu grupo e vai atrás da criança para mata-lo. Sendo avisados por Agamemnon, Hulk e Rick Jones vão a Israel para tentarem impedir esse assassinato. No entanto, a presença do gigante verde acaba chamando a atenção de Sabra, que vê o Hulk como aquele que está tentando matar o garoto.

Como um filme de Exterminador do Futuro, a trama dessa revista consiste em muitas cenas de perseguição, lutas e reviravoltas, com a força vindo dos debates éticos sobre os valores morais dos heróis vs o compromisso deles em fazer o necessário para proteger os inocentes.

Essa história é também uma boa evolução do personagem de Aquiles, com o passado dele na Segunda Guerra criando uma trágica ironia de um personagem invulnerável mas que sofreu tantas perdas ao seu redor, além de dar uma motivação compreensível para um personagem tão antipático.

 

Guerras e pedaços 



* Leitura: The Incredible Hulk vol.1 nº390 a 392

Como citei eles no item anterior, acho que já pra falar sobre o Pantheon (ou Panteão no português). Criados por Peter David, eles eram um grupo de super humanos, descendentes do imortal Agamemnon. Com nomes e habilidades de figuras da mitologia grega, eles buscavam intervir em problemas no mundo.

No início, eu não era fãs dos personagens e achava que o papel deles poderia ser assumido pelos Vingadores ou qualquer outro time da Marvel.  Contudo, minha perspectiva mudou ao ler Guerras e pedaços.

Essa história tem o Hulk e o Pantheon invadindo a nação de Trans-Sabal para ajudar a resistência a derrubar um líder opressor. Devido a interferência desses super-humanos, o ditador pede ajuda ao governo dos EUA, que enviam o X-Factor. No entanto, enquanto ambos grupos se enfrentam, o ditador sequestra Alex Summers, e planejando usá-lo para criar uma bomba atômica.

Embora ver Hulk e o Pantheon interagindo e enfrentando o X-Factor (cuja hq também foi escrita por Peter David) seja divertido, a força do roteiro se encontra no debate ideológico entre os dois lados. Enquanto o X-Factor trabalham para o governo, mesmo sabendo de sua corrupção, Hulk e o Pantheon acreditam que eles devem usar seus poderes para fazer o ditador responder por seus crimes.

Apesar de poder dizer que o Hulk e seu grupo estão certos nesse argumento, David dá uns pontos válidos para o X-Factor, visto que a batalha leva um de seus aliados a cometer um ato bem questionável, fazendo o Golias Verde entender o que o seus oponentes estavam tentando avisa-lo, questionando até onde ele e o Pantheon devem intervir no mundo.

 

Fechamento do círculo 



* Leitura: The Incredible Hulk vol.1 nº393

Hulk teve vários inimigos em sua vida, desde militares como General Ross a monstros gama como o Líder e Abominável. Mas, aquele que lhe causou a maior dor de todas foi uma figura esquecida por muitos fãs: Seu velho assistente, Igor Drenkov.

Tendo feito sua primeira aparição na mesma revista que o Golias Esmeralda, Igor era um espião russo que impediu que a explosão da bomba gama fosse interrompida para que pudesse se livrar de Banner e roubar sua formula. Sua tentativa de assassinato acabou saindo pela culatra, com Banner virando o Hulk e confrontando Igor, que acabou sendo preso pelo exército.

Depois de anos ausente, Igor faz seu retorno nessa edição, sendo sequestrado pelo Hulk, Por ser o dia da criação da bomba gama, Hulk começa a forçar Igor a reviver as ações que ele tomou naquele dia, como forma de se vingar de Igor por ter, indiretamente criado seu alter-ego. No entanto, o ato do suposto herói acaba chamando a atenção do governo russo, que enviam o Protetorado do Povo (um grupo de super humanos russos) para resgatar Igor e confrontar o Hulk e o Pantheon.

Seguindo o modelo de histórias de figuras como Oppenheimer, essa é uma trama bem reflexiva, que faz os leitores, assim como os personagens na trama, julgarem Igor e pensar se ele merece ser punido por ter causado o acidente de Banner.

 

Fantasmas do passado 


* Leitura: 
The Incredible Hulk vol.1 nº397 a 400

Se Circulo vicioso foi sobre o Hulk sofrendo uma derrota nas mãos do Líder, Fantasma do Passado é sobre ele tendo sua revanche.

Fazendo seu retorno como antagonista, o líder e seus seguidores invadem a base do Pantheon, buscando recrutar o grupo para ajudá-lo a proteger um grupo de pessoas, que o Líder está mantendo numa cidadela sob a promessa de poderem viver livres e protegidas de agentes da Hydra. Naturalmente o Hulk não confia no Líder, porém Aggamenon, o lider aceita a oferta, fazendo Hulk sair frustrado, sentindo como se todos tivessem virado as costas para ele.

Em paralelo a isso, Rick Jones estaria lidando com luto após sua namorada Marlo ser morta por uma psicopata. Após todos os heróis se demonstrarem incapaz de revive-la, Rick acaba sendo abordado pelo Líder, que revela ter meios para ressuscitar Marlo. O teste é se ele pode ser confiado.

Esse é mais um arco que prende a atenção do leitor com suas reviravoltas e twists inesperados. Mais uma vez, o crédito se dá a forma como David escreve o Líder, caracterizando-o como vilão arrogante mas ardiloso, sabendo como manipular as pessoas para atingir seus interesses. Seu plano envolvendo ele aparentemente descobrindo "o segredo da ressurreição" é um conceito fascinante e, provavelmente, serviu de inspiração para uma fase que irei falar em um futuro capitulo da retrospectiva.

Outro personagem a se destacar é o Hulk, que chega no auge de seu drama emocional, se isolando das pessoas por acreditar que todos com que ele se importam se voltaram contra ele. É graças a Betty (que também teve lidou com seus dilemas) que ele reconhece seu erro e voltar a ação, provando que, mesmo um Hulk como o Professor pode ter histórias pessoais e interessantes.


Tempo de inatividade 



* Leitura: The Incredible Hulk vol.1 nº405

Um dos desafios que uma equipe tem que superar não é apenas enfrentar oponentes do exterior, mas sim resolver conflitos internos entre os membros da equipe.

Isso se torna um tópico revelante nessa edição, onde Hulk tem que intervir em uma briga entre dois integrantes do Pantheon, Aquiles e Ajax, cujo coração se partiu após descobrir que seu companheiro estava envolvido com sua amada Atlana.

A forma como essa briga termina é um momento bem tocante, que demonstra a compaixão que o Hulk/Banner consegue ter, assim como uma compreensão de sua dor e sofrimento.

 

Dia da liberação 



* Leitura: The Incredible Hulk vol.1 nº410 e 411

É fácil para um herói enfrentar um criminoso que age contra a lei. Mas, quando se trata de se opor a um vilão de dentro do sistema, a dificuldade é bem maior.

Nesse arco de duas partes, o Hulk, ao saber que uma antiga colega de faculdade dele foi presa pelo governo e estava sofrendo maus-tratos na prisão, decide liberta-la. A única pessoa ficando entre o Hulk e o Pantheon e a moça que ele vem resgatar, é Nick Fury e a SHIELD.

Como um filme de fuga de prisão, a narrativa é composta por várias reviravoltas e momentos bem épicos do Hulk e seus aliados. Simultaneamente, o roteiro aborda tópicos relacionados a corrupção no sistema presidiário e político, criticando a forma como aqueles no poder abusam de sua posição para prejudicar e/ou controlar outros.


Futuro imperfeito 


* Leitura: 
Hulk Imperfect Future 1 e 2

Um tipo de história que um super herói tem que passar é uma viagem para o futuro onde ele vê o impacto que suas ações tiveram no mundo, para melhor ou pior.

No caso do Hulk, Futuro Imperfeito o mostra sendo transportado para um mundo distópico, controlado pelo misterioso Maestro. Ao falar com a resistência que trouxe para aquela época, Hulk se reencontra com Rick Jones, que revela a identidade do Maestro: É o próprio Hulk.

Com uma premissa tão simples, Peter David criou um de seus melhores arcos, colocando Banner contra um oponente que representa seu maior medo. Além de ser tão forte quanto o Hulk, o Maestro é inteligente e sabe torturar Banner de várias formas, deixando marcas profundas no herói que ele teria que lidar nas histórias seguintes.

O casamento de Rick Jones 


* Leitura: The Incredible Hulk vol.1 nº 418

Pelo visto a regra de que casamentos em hqs de heróis nunca saem como planejado não se aplica somente aos super heróis, mas também as pessoas próximas a eles.

Depois de muito drama e construção nesse periodo, Rick Jones e Marlo finalmente iriam se casar. Por ser um personagem conhecido por grande parte dos heróis, a cerimônia contou com a presença de vários convidados especiais, desde os Vingadores, o Quarteto Fantástico e os Defensores.

Porém a comemoração foi interrompida por ninguém menos que Mephisto, que tinha secretamente manipulado a Marlo para captura-la e usa-la como moeda de troca pela alma do Hulk.

Apesar da descrição ser épica e grandiosa, essa revista foca-se mais na comédia e as divertidas interações entre os personagens. Até mesmo o conflito do Hulk com Mephisto, algo que poderia ser longo e cheio de pancadaria, é resolvido de uma forma bem astuta e, ao mesmo tempo, hilária.

A última dança 



* Leitura: The Incredible Hulk vol.1 nº419

Quem assistiu o filme da Capitã Marvel, provavelmente conhecem o Talos como aquele skrul carismático vivido pelo Ben Mendelsohn. Enquanto aquela versão era um aliado dos heróis, o personagem das hqs era o completo oposto.

Talos, o Indomável, foi apresentado como um skrull que nasceu sem a habilidade de metamorfose, o que ele compensou com sua força bruta e selvageria nas batalhas. Depois de ter sido capturado pelos Kree numa missão (algo que era considerado desonra no Planeta Skrull) e se recusado a tirar a própria vida, Talos se tornou alvo de chacota pelos outros Skrulls.

Para reclamar a honra que ele perdeu, Talos vem a Terra e confronta o Incrível Hulk, na esperança de que ele lhe desse uma morte honrada.

Embora ache a versão do MCU divertida e um dos pontos positivos de um filme bem mais ou menos, devo dizer que acho a versão das hqs bem mais interessante, com motivações bem compreensíveis. A conclusão de sua busca por sua honra perdida é um dos meus momentos favoritos da fase de Peter David, demonstrando mais uma vez sendo talento de conseguir dar, a histórias simples, momentos bem emocionantes para os personagens.

 

Conceitos míticos 



* Leitura: The Incredible Hulk vol.1 nº421 a 423

Até agora nessa lista, o Hulk enfrentou super vilões, monstros, aliens, o governo e outras ameaças ligadas a ficção cientifica. Em “Conceitos míticos”, Peter David introduz um novo tipo de oponente para o gigante verde, os asgardianos.

Acontecendo logo após o arco “Guerra de Troia”, Hulk e o Pantheon, descobrem que Agamemnon mentiu para eles sobre sua imortalidade. Ele obteve esse poder após ter feito um pacto com uma raça de aliens, em troca de deixá-los escravizar seus filhos e descendentes. Sentindo-se traído, os heróis vão atrás de seu traiçoeiro líder. Porém, ao encontra-lo, eles todos acabam sendo transportados para Asgard, se metendo num confronto entre Thor (não é o Thor Odison, mas sim Roger Norvell) e os três guerreiros e os Gigantes de Gelo.

Essa é uma aventura de pura fantasia e sword &magic, sendo recheada de interações divertidas dos Pantheon com os guerreiros de Asgard e cenas de ação épicas, com a melhor sendo Hulk e Agamemnon indo parar no reino de Hela e tendo que enfrentar seu exército de mortos vivos para escapar. Como bônus, o Peter David representa a narração como se fosse um livro, mostrando o talento que ele tinha para escrever personagens desse lado fantasioso dos quadrinhos, com a mesma qualidade que os do lado sci-fy.

Que a escuridão venha 


* Leitura: The Incredible Hulk vol.1 nº420

Uma dura lição que um super herói é forçado a encarar, cedo ou tarde, é que, mesmo com seus incríveis poderes, eles não são deuses e não podem salvar todo mundo, mesmo pessoas com quem eles se importam.

Sendo um personagem trágico e marcado por perdas e traumas, o Hulk já passou por várias experiências, principalmente na fase do Peter David. Porém sua maior perda envolveria um de seus amigos clássicos, Jim Wilson (sobrinho do Falcão).

Tendo sido vítima de uma agressão, Jim foi levado para o hospital, onde Bruce descobriu que o rapaz estava morrendo de aids. Com poucos dias de vida, Jim propôs que Bruce realiza-se uma transfusão do seu sangue para salva-lo. No entanto, Bruce sabe essa ideia é arriscada, visto que seu sangue radioativo poderia ter efeitos colaterais, colocando-o num dilema moral: Ele deve seguir a ideia de seu amigo ou recusar o pedido, quebrando suas esperanças?

Para um personagem que não foi tão usado desde os anos 70, Jim Wilson foi muito bem caracterizado, com o roteiro fazendo o leitor se importar com o personagem e entender melhor o conflito interno do Hulk. Seu questionamento é interessante e aprofunda como os heróis tem que lidar suas consequências de suas ações e fracassos.

A queda do Pantheon 



* Leitura:The Incredible Hulk vol.1 nº424 a 426

Depois de muita construção, a Saga do Pantheon chega a sua conclusão em uma trilogia emocionante.

Tendo capturado Agamemnon, Hulk e o Pantheon o colocam em julgamento, fazendo confessar como tem usado o grupo todo esse tempo para realizar suas ambições. Como um megalomaníaco, o vilão admite sua culpa, demonstrando sua indiferença em relação a equipe que ele criou e revela sua arma secreta: Os cavaleiros sem fim, um exército criado por todos aqueles que se opuseram a Agamemnon e ele fez uma lavagem cerebral. Em resposta ao despertar desse exército, Hulk lidera o Pantheon contra os guerreiros de Agamemnon, em uma batalha que resulta na destruição do Monte.

Embora esse arco não tenha sido o fim de Peter David escrevendo o Hulk, não deixa de ser uma bela conclusão para a história que ele tem criado não só do Hulk com o Pantheon, como também para seu drama com seu elenco de apoio. Cada personagem consegue fechar seu arco, seja Ulisses travando seu duelo decisivo com Aquiles ou Cassiopéia descobrindo o destino de seu pai Perseu.

Mas, no coração disso tudo, o foco principal é dado para Hulk e Betty Ross. Desde seu encontro com o Maestro, Hulk tem criado distância de Betty, temendo envolve-la em sua vida e isso resultar na morte dela e sua transformação no Maestro. Porém é mostrado no final não só como Betty é uma badass, mas, assim como ela funciona como ancora para Hulk e sua humanidade, Bruce é quem lhe dá motivação e força para continuar a viver. A vida deles pode ser trágica e complicada, mas é o amor que um sente pelo outro que os incentiva a encarar esses problemas ao invés de fugir deles.

Questões graves 



* Leitura: The Incredible Hulk vol.1 nº - 1

Hoje em dia, muita gente conhece as participações que o Stan Lee fazia nos filmes da Marvel. Entretanto, o que muitos provavelmente não sabem é que, muito antes disso, Stan Lee tinha participações supresas nos próprios quadrinhos da Marvel, de vez quando interagindo com os personagens que ele criou.

Em “Questões graves”, o bigodinho branco faz uma aparição surpreende diante do Hulk, quando este se vê em um cemitério. Agindo como um Fantasma do Natal, Stan Lee, através de um teatro de marionetes, faz o Hulk relembrar últimos dias que viu seu pai, Brian Banner, após esse ter sido liberado do hospício onde ficou internado desde que matou sua esposa.

A pedido dos médicos, Bruce fica encarregado de cuidar seu pai, com muitos dizendo que ele tinha mudado, embora o próprio Bruce tivesse suas dúvidas. Embora, a princípio, parecesse que os médicos estavam corretos, Brian, no dia do aniversário da morte de Rebecca, tem um argumento com seu filho.

Tal como mostrado em histórias anteriores, os dois se encontram no cemitério, onde travam uma briga. No entanto, ao invés de Brian apenas deixar Bruce sozinho e nunca mais vê-lo, nessa visão o cientista acaba jogando seu pai contra o túmulo de sua mãe, acidentalmente matando-o, um evento que causa estranheza no Hulk, que não tinha recordações. É então revelado por Stan Lee que isso são memórias que Banner trocou por falsas devido ao colapso que teve durante o incidente.

A edição é um grande retcon na backstory, porém Peter David executa essa mudança de forma bem consistente com a caracterização do Banner e o drama psicológico construído em suas histórias. Como demonstrado, Bruce sempre teve medo de suas emoções, principalmente sua raiva, por associa-la ao seu pai, apavorado com a ideia dele poder ser um monstro como o homem que matou sua mãe. Revelar que ele matou Brian apenas torna mais compreensível essa insegurança Bruce carrega dentro si. Pode-se argumenta que Brian era um monstro irredimível e mereceu tal destino, mas, na visão do Bruce, o fato que ele foi capaz de matar uma vida apenas confirmou seu medo, levando a se desassociar ainda mais das emoções. Bruce Banner é sem dúvida uma das figuras mais trágicas dos quadrinhos.

Com esse tom sombrio e tópicos pesados sobre relação abusiva e memórias reprimidas, é possível que alguns achem que a presença do Stan Lee iria criar uma distração, mas, por sorte, Peter David soube driblar esse problema, com a revelação sobre quem o Stan Lee casando com o estilo de “contos de terror” da revista, lembrando clássicos como o Além da Imaginação.

Então é isso! Quais são suas histórias favoritas do Hulk do Peter David? Sintam-se a vontade para colocar suas opiniões e ideias nos comentários abaixo.