Não Me Pergunte De Onde Eu Vim


O Ozy me chamou pra escrever aqui depois de meses trocando farpas e ideias em horários que a maioria das pessoas normais já teria ido dormir. Eu não sou uma especialista em nada. Nem jornalista, nem crítica profissional, nem doutora em porra nenhuma. Eu sou só alguém que cansou de ler os mesmos textos sobre os mesmos assuntos com as mesmas conclusões de sempre. Talvez por isso ele tenha me chamado. Porque eu não escrevo pra agradar, não passo pano pra narrativa de ninguém, e não tenho medo de falar besteira se isso fizer alguém pensar de outro jeito. Não sou simpática, não sou fake humilde, e não tenho um avatar de anime com bio "escrevendo pra sobreviver". Eu só escrevo.

 

Quando ele me mandou mensagem dizendo que queria abrir espaço pra outra voz no blog, eu ri. Achei que era ironia.

Mas ele tava falando sério.

Disse que gostava do jeito como eu dizia as coisas com raiva e clareza. Que às vezes parecia que eu escrevia pra acertar socos — não no leitor, mas em mim mesma. E talvez ele tenha razão. Às vezes eu escrevo só pra não sair quebrando tudo por aí. Às vezes escrevo porque não quero ter que explicar nada pra ninguém com paciência. Vou só escrever o que eu vejo, do jeito que eu vejo. E se isso te fizer ficar mais tempo do que o normal rolando a tela, já é lucro.

 

Não espere frases motivacionais. Não espere que eu termine os textos com uma lição bonitinha. Eu não tô aqui pra te ensinar a viver. O mundo tá cheio de gente com diploma ensinando tudo errado. Eu não sou uma dessas. Eu sou só mais uma cabeça tentando não explodir sozinha. E se você quiser ler, ótimo. Se não quiser, também. Eu vou escrever do mesmo jeito, nesse momento enquanto escrevo isso, tenho algumas coisas rascunhadas.

 


Pretendo publicar ao menos um ou dois textos por semana. Sem prometer constância demais, porque a vida real não é cronograma de influencer. Mas também sem ficar nesse choro eterno de “bloqueio criativo” que o Ozy adora dramatizar. E sim, pode printar: isso aqui é uma cutucada pública. O cara que fundou esse blog e escreveu alguns dos melhores textos que eu já li sobre cultura pop, HQs, séries e a porra toda, agora vive nesse estado de “acho que já disse tudo o que tinha pra dizer”.

 

Pois eu discordo. E acho que no fundo ele também. Só que ele é orgulhoso demais pra admitir. Então talvez esse meu movimento de invadir o blog seja também uma forma de dar um empurrãozinho. Ou um tapa. Porque tem coisa demais acontecendo no mundo, conteúdo demais sendo empurrado goela abaixo, e pouca gente com coragem de parar pra escrever sem filtro, sem roteiro de marketing e sem hashtags. Se ele realmente acha que não tem mais nada a dizer, que bom que eu cheguei. Mas se por acaso ele ainda tiver alguma faísca acesa, quem sabe meus textos não sirvam de isca pra fazê-lo voltar a cuspir verdades como fazia nos cinco primeiros anos desse blog?

 


Quanto aos temas... espere de tudo um pouco. De quadrinhos à política, de comportamento a cinema, de putaria à filosofia barata de mesa de bar. Posso escrever sobre o prazer de quebrar um copo no chão de propósito e depois limpar como se fosse só terça-feira. Posso escrever sobre por que acho que a maioria dos roteiristas de hoje tem medo de silêncio. Ou por que todo mundo virou fã de true crime só porque não tem coragem de cometer um. O ponto é: se eu tiver algo pra dizer, eu vou escrever. E você vai ler, mesmo que seja pra discordar até o fim.

 

Então é isso. Eu cheguei. Não prometo ser simpática, mas prometo ser honesta. Se o Ozy tiver juízo, vai voltar a escrever também. E se não tiver, eu escrevo dobrado. Não porque quero tomar o lugar dele, mas porque às vezes a melhor forma de desafiar alguém é mostrar que você ainda tem fôlego quando ele já tá dizendo que cansou.

 

M. Valentine.

Sem emojis. Sem likes mendigados. Só palavras afiadas.