Uma das mais conhecidas expressões “não polêmicas” e pseudorracistas que estão no index prohibitorum ou na “lista negra” (para usar de trocadilho) é “mercado negro”, que se tornou um palavrão para algumas pessoas. No entanto, mercado negro é realmente uma expressão racista, como se convencionou nos últimos tempos, ou apenas mais um caso de “terraplanismo linguístico”? Vamos descobrir.
A origem da expressão
“mercado negro” na realidade vem do alemão schwarzmarkt. É tão somente a palavra que designa aquele tipo de mercado
que não é sancionado pelas autoridades e que pode até ser criminoso. Uma das
expressões que são usadas para substituir “mercado negro” atualmente é “mercado
paralelo”, mas na realidade se trata de falsa equivalência. Se
considerarmos o “mercado negro” o “mercado clandestino” ou “ilegal”, notamos
que todos esses significados são meio difusos e um tanto difíceis de categorizar.
“Mercado paralelo”, por exemplo, seria o
cambismo. Quando pessoas compram ingressos e revendem. Isso é ilegal, porém não
se está vendendo um produto proibido no Brasil. A mesma coisa quando vendem
remédios controlados sem receita. Nem sei dizer se isso configura crime ou mera
infração da legislação farmacêutica. No entanto, você vender um remédio que é
proibido no nosso país, creio que isso abranja o termo “mercado negro”.
Esse também é o caso de cigarros eletrônicos,
que são proibidos por aqui, ou de outros produtos. Aí se caracterizaria o
mercado negro. No entanto, há mercadorias bem mais perigosas que cigarros
eletrônicos, a exemplo de armas, o que até caracterizaria tráfico. No entanto,
se você comprar uma arma sem registro não necessariamente é de tráfico, mas se
enquadraria no tal “mercado negro”.
Percebem que tentar substituir “mercado negro”
por “mercado paralelo”, “mercado clandestino” ou “mercado ilegal” é meio que
discutir o sexo dos anjos? A verdade é que não existem sinônimos exatos. O
“negro” no caso está no sentido abstrato, figurado, e não racial. Proibir uma
palavra geralmente tem um resultado inócuo, até mesmo porque só contribui para
o empobrecimento de nosso léxico, sem um resultado concreto de acabar com o
racismo. Se a palavra existe, ela pode ser usada.







