Vocês se lembram do Tamagotchi? Para quem se lembra (e só revelando o quanto estou ficando velho), Tamagotchi era um brinquedo dos anos 90 criado no Japão, mas que foi febre no mundo todo, que simulava um bicho de estimação eletrônico. Já naquela época, os pedagogos já criticavam muito o brinquedo, dizendo que era danoso para as crianças e tal. Mas, sinceramente, perto dos bebês reborn, os Tamagotchis não são nada, e pior que a demência dos bebês reborn se estende a adultos infantilizados, e não crianças.
No entanto, vamos ser
justos, não se trata de demonizar os bebês reborn, que em outras partes
do mundo não têm efeitos tão nocivos como no Brasil. Em outros países, os bebês
reborn inicialmente pertenciam a um nicho de artesões e colecionadores, e
eles inclusive são utilizados em terapia, para mães que tiveram filhos
natimortos. Então, eles têm um efeito positivo em determinadas pessoas.
Infelizmente, não é o caso do Brasil, em que as pessoas realmente passaram do ponto
com sua devoção aos bebês reborn.
Também quero deixar claro
que não sou contra as pessoas terem bebês reborn. Cada um faz o que
quiser da vida. Eu mesmo tenho uma coleção de bonequinhos de super-herói. Entendo
o fetiche do colecionismo. Porém, quando “mães” de bebê reborn resolvem levar
seus bebês para o SUS ou fazer plano de saúde para eles é que a gente percebe
que a insanidade tomou conta de tudo. Como diria o Coringa: “sou eu, ou o mundo
está ficando mais louco”?
https://www.poder360.com.br/poder-congresso/deputados-querem-proibir-atendimento-de-bebes-reborn-no-sus/
Há relatos de mães de
bebê reborn querendo que seu filho seja batizado na Igreja; advogados especializando-se
em divórcios que envolvem bebês reborn; parteiras que realizam partos de
bebês reborn etc. Há até gatos e cachorros
reborn. Nesses casos, sem dúvida, já se instalou um estado de demência
coletiva. E não me surpreenderia se os políticos decidissem proibir a venda e a
comercialização de bebês reborn em um futuro próximo. Afinal de contas,
o Brasil é um país de gente imbecil, e é uma medida imbecil proibir logo a
suposta causa do problema do que resolver a razão mais profunda deste, que é o
adoecimento da psiquê coletiva dos brasileiros, ou de parte destes.
https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/brasil/padre-diz-que-nao-batizara-bebes-reborn-e-viraliza/
Alguns condenam os
bebês reborn porque os supostos pais e mães deles poderiam adotar uma
criança de verdade, que precisaria de muito mais amor e cuidado, porém não me
parece que um “pai” ou “mãe” de bebê reborn tenham o equilíbrio mental e emocional
para cuidar de uma criança.
No entanto, fica um
questionamento. Se o Brasil permite a comercialização e a venda de bebês reborn,
por que então proíbe as sexy dolls japonesas? Parece-me um caso de dois pesos e
duas medidas. Todavia, é preciso fazer um esclarecimento: as dolls não
são exatamente proibidas por aqui, porém quem quiser adquirir uma terá de
importar, custando o olho do reto. Ou então comprar no Japão e levar de volta
na viagem, correndo o risco de ser barrado da alfândega e ter de pagar uma
multa de mais de R$ 1 mil. Segundo essa matéria do UOL, “trazer um brinquedo sexual do exterior para o
Brasil não é ilegal, mas pode render multa. Isso porque existe no Decreto
Aduaneiro um artigo que proíbe a entrada no país de mercadorias
"atentatórias à moral e aos bons costumes" – sem especificar que
itens seriam esses. Apesar do decreto, esse tipo de apreensão é bastante
incomum de ocorrer, já que o texto apresenta conceitos bastante subjetivos. O
valor da multa, segundo a norma, é de R$ 1.000.”
https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2023/12/27/sex-toy-na-mala-ha-paises-que-proibem-e-ate-o-brasil-tem-decreto-moralista.htm
Na verdade, o único
país que fabrica essas dolls é mesmo o Japão; os outros apenas importam.
Na Coreia do Sul, inclusive, houve a proibição de importação e comercialização
de dolls por um tempo, pois este é um país mais moralista que o Japão e
argumentava-se que essas dolls estimulavam a pedofilia. No Japão,
contanto que o cara pague impostos e não cometa crimes, ele pode fazer o que
quiser. Se quiser ter uma doll em casa, o problema é dele.
https://extra.globo.com/noticias/mundo/coreia-do-sul-poe-fim-proibicao-de-importacao-de-bonecas-sexuais-25634365.html
Há os que dizem que as dolls
impedem interações de homens com mulheres de verdade, mas a realidade é que
no Japão (e não só lá, em vários outros países também, inclusive no Ocidente)
há vários casos de homens que não conseguem se relacionar com mulheres reais.
Então, normalmente, um cara que tem uma doll não consegue ficar com uma
mulher de verdade. Há pesquisas que indicam que a taxa de virgindade masculina
superou a feminina pela primeira vez na história. Existem mais homens que
mulheres virgens hoje em dia.
Entretanto, no Brasil,
se a comercialização de dolls fosse permitida, realmente iria dar merda.
E as dolls iriam receber porrada da direita e da esquerda. Um governo de
direita iria ser sensível a moralistas e evangélicos, que considerariam as dolls
uma imoralidade. O governo atual, do PT, que é de esquerda, puxa o saco das
feministas barangas, que odeiam as dolls e as consideram objetificação das
mulheres. Nunca que o Lula iria aprovar algo que irritasse a Janja e as amigas
dela. O molusco jamais faria isso.
Não que eu considere o
cara ter uma doll misoginia. Sou a favor da liberdade; contanto que alguém
não prejudique os outros, pode fazer o que quiser da vida. No entanto, a narrativa
das pessoas que estão no governo diz que é misoginia. É a mesma coisa que dizer
que “denegrir” é uma palavra racista, eu sei, você sabe, a torcida do Flamengo
e do Vasco sabem que não é racista, é uma palavra que provém do latim. Contudo,
a narrativa que é uma palavra racista é mais importante que a realidade. E setores
que estão no governo e na sociedade defendem essa narrativa.
Não obstante, a ideia
de uma autômata sexual é sim um fetiche, e filmes como Submissão, com Megan
Fox, mostram bem isso. No filme, Megan é uma androide criada para fins sexuais.
E isso também acontece no filme Acompanhante Perfeita, em que a namorada
do protagonista também é uma androide. Claro que esses filmes não deixam de
fazer uma crítica social e defendem que a substituição de mulheres reais por
androides no fundo seria muito ruim.
Entretanto, enfim, fica o
questionamento, “porque o Brasil permite bebês reborn e proíbe sexy dolls”?
As respostas são meio óbvias, mas este post não se propõe a solucionar nada.
Apenas suscitar questionamentos e fazer elocubrações divertidas.








