Pois é, agora, segundo matéria da CNN, a gente não pode mais usar inocentemente a palavra "gibi" por ela ter supostamente uma origem racista. Engraçado que "gibi" é um substantivo 100% nacional que usamos para denominar os quadrinhos. E é o mais popular, tanto que sofria certo preconceito dos acadêmicos, que preferem o esnobe termo "romance gráfico". Em Portugal, empregam-se os nomes "banda desenhada" ou "história em quadradinhos". Qualquer significado racista que tenha tido ficou no passado. Não há nenhuma alusão recente a racismo na palavra.
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cg3ldpgvgnlo
Li argumentos que defendem que "isso é
uma hipocrisia, porque quem defende que gibi atualmente não é uma palavra
racista é o mesmo tipo de pessoa que condena a linguagem neutra". Bom, no
caso da linguagem neutra, já temos uma mudança na estrutura da língua portuguesa,
que absorveu a declinação feminina e neutra do latim e a incorporou no
masculino. E aceito não usar mais a palavra "gibi" se deixarem de
implicar com o verbo "denegrir", por exemplo, que provém do latim
"denigrare" e tem por significado "difamar" ou
manchar", sem qualquer sentido racista, seja denotativo ou conotativo.
Isso também pode
ser dito de "criado-mudo", cuja origem mais provável seja uma
tradução literal da palavra dumbwaiter
da língua inglesa. Ou também o "feito nas coxas", que também é alvo
de lenda urbana, que associa a expressão a uma origem racista, sem que exista
nenhuma comprovação.
Os que condenam
esses tipos de palavra ou expressão argumentam que na verdade não interessa se
a palavra não é originalmente racista, mas que ela pode gerar “gatilho” de racismo.
Creio ser isso uma grande estupidez, porque se a pessoa tem uma natureza, uma
inclinação ou uma criação racista, não é isso que vá transformá-la em um racista.
A verdade é que estamos na era do terraplanismo linguístico. Defender a ciência não é só ser a favor da vacina ou concordar que a terra é plana. Atribuir siginificado racista a palavras que não têm nada de racista também é negacionismo. O negacionismo relativo à ciência, à medicina e à astronomia é condenado, porém o negacionismo linguístico, histórico e biológico é louvado. Tempos negros, literalmente.
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