Godzilla
vs Kong foi um blockbuster divertido de três anos
atrás, mas que pecava pelo roteiro, fraco e sem pé nem cabeça, que enfocava
mais os humanos que os monstros. Conseguiram mudar isso nessa sequência, Godzilla vs Kong: O Novo Império?
Infelizmente, não muito. Ainda assim, se for um filme para desligar o cérebro,
é divertido.
Devo
dizer que esse é um filme muito mais do King Kong que do Godzilla. E Kong nesse
filme já não tem o status de um simples monstro. Ele praticamente é o
herói do filme. Esqueçam o Kong monstro, que poderia ameaçar a humanidade. Está
certo que Kong sempre quis ficar quieto no lugar dele, sendo o rei da selva, e os homens apareciam para atazaná-lo e transformá-lo em atração do show
business. Entretanto, ele era um monstro que causava caos e destruição. Em O
Novo Império, ele salva todo mundo. Até entendo que, como um símio, ele é
mais próximo de nós, humanos, e o filme quis puxar a brasa para a sardinha do
Kong, uma vez que ele é o monstro americano.
No
enredo, tanto Kong quanto Godzilla começam a agir estranhamente. Kong passa a
cada vez mais ir adiante na terra subterrânea, a procura de outros de sua
espécie, e Godzilla está migrando para várias partes do mundo, à procura de
mais energia. Destaque para uma luta de Godzilla com outro monstro em Roma. No
filme, o time Godzilla sumiu; só há o time Kong, que são os humanos que ajudam
o gorilão, compostos pela doutora Ilene Andrews, interpretada por Rebecca Hall,
o podcaster Bernie Hayes (Brian Tyree Henry) e a menina Jia (Kaylee
Hottle), a última sobrevivente da tribo da Ilha da Caveira. Junta-se à equipe o
veterinário Trapper, vivido por Dan Stevens e que tem uma implícita tensão
amorosa com a doutora Andrews. Apesar de gostar pessoalmente bastante de Rebecca
Hall como atriz, o núcleo humano é chato e desinteressante, e o filme perde
força quando se foca nele.
Kong, por fim, acaba por encontrar outros de sua espécie em suas andanças, uma tribo de símios gigantes; porém, é hostilizado e atacado por um bando deles. É nessa ocasião que ele encontra o filhote Suko, o Kong baby, que com certeza deve vender muitos bonequinhos. A tribo de símios gigantes é liderada pelo maligno Skar King, que consegue controlar outro monstro titânico, Shimo, a fera glacial. Durante a luta com Skar King e Shimo, Kong fica bem ferido. Por conta disso, o time Kong obtém para ele uma tipoia mecânica, e ele fica com um braço de ferro bem “massa veio”. O time Kong encontra remanescentes da tribo de Jia na terra subterrânea, que revelam que eles é que estavam manipulando Godzilla, pois queriam a ajuda do largatão para ajudar a derrotar Skar King, uma vez que ele já tinha derrotado o símio antes.
Há
duas sequências muito boas de luta de monstros no filme. Uma é quando Kong
reencontra Godzilla no Egito, e os dois monstros destroem as pirâmides. A
segunda é o apoteótico confronto final entre Kong e Godzilla e Skar King e
Shimo no Rio de Janeiro, com direito à ajuda da Mothra, que retorna e convence
Godzilla a ajudar. Até o Godzilla é gado.
A
direção de Adam Wingard é ok, nada digna de nota, mas faz bem sua função de coreografar
lutas de monstros gigantes. De resto, o filme tem muitos problemas: a edição é
confusa, as atuações são rasas, bem como há muitos furos de roteiro e continuidade. No
entanto, se você quiser curtir Godzilla vs Kong: O Novo Império vai ter
de desencanar disso tudo. Pessoalmente, creio que não dá para exigir um roteiro
muito complexo ou bem escrito nesses filmes de monstros. Não que um blockbuster
tenha de necessariamente ter um roteiro ruim. Há blockbusters com
bons roteiros (por exemplo, a trilogia do Batman de Chistopher Nolan), mas
sempre foram poucos e estão cada vez mais raros. Godzilla Minus One é
uma exceção; se você for ver, a maioria dos roteiros dos filmes do Godzilla é
fraca. Não que não exista filme de monstro com roteiro bom: o primeiro Godzilla
de 1954 é um longa com um roteiro muito bom para a época; o King Kong de
1976, com Jeff Bridges e Jessica Lange, também é outro filme com roteiro bom.
No entanto, a maioria dos longas de monstros gigantes tem roteiros bem fracos,
no geral.
Não
quer dizer que não é possível se divertir com Godzilla vs Kong: O Novo
Império, se for para assistir despretensiosamente. O ponto forte é a CGI
dos monstros, principalmente do Kong, que está com expressões bem humanas. Quem
for ver o filme sem maiores exigências é capaz de se entreter, e é basicamente
para isso que esse filme é feito, um filme fast food, igual aos da
Marvel e outros, que você assiste, se diverte (ou não) e depois esquece. Nota 6 de 10.
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