FUGA DO MUNDO BIZARRO – UMA HISTÓRIA DO VILÃO MAIS TRÁGICO DO SUPERMAN

 


FUGA DO MUNDO BIZARRO – UMA HISTÓRIA DO VILÃO MAIS TRÁGICO DO SUPERMAN

Superman possui uma das mais diversificadas galerias de vilões das HQs. Seus oponentes variam de empresários corruptos , meta humanos, organizações criminosas invasores alienígenas, duendes e seres místicos dentre outros.

 


Algumas pessoas podem achar que a maioria dos adversários do homem de aço são inferiores as galerias de outros heróis icônicos como Batman e Homem Aranha (sem dúvida, tal pensamento se deve a forma como os filmes não exploraram a maioria dos inimigos do Superman, focando apenas no Lex Luthor e no Zod). Embora eu até seja mais fã de vilões do Batman, do Aranha e do Flash, não significa que eu ache os vilões do Superman chatos e esquecíveis. Muito pelo contrário: Eu acho maioria deles antagonistas bem legais, com conceitos bem criativos. Quando bem escritos, eles podem ter histórias bem profundas e emocionantes. Um desses vilões que comprova isso é Bizarro, um dos meus vilões favoritos do Superman (perdendo apenas pro Lex Luthor).



Criado por Otto Binder e artista George Papp na edição Superboy nº68, em 1958, Bizarro foi introduzido como um clone imperfeito do Superboy, que nasceu após o jovem herói ter sido  acidentalmente atingido por um raio duplicador. Tendo os mesmo os poderes do garoto de aço e parte de sua memória, o clone tentou seguir o exemplo do Superboy e ajudar as pessoas. Mas devido a sua aparência deformada e compreensão distorcida do mundo, ele acabava mais assustando as pessoas do que ajudando.





A história teve um final bem trágico, com a pobre criatura morrendo para restaurar a visão de uma garota cega que ficou amiga dele. Porém a presença do Bizarro na mitologia do Superman estava longe do fim pois o personagem retornou no ano seguinte, em Action Comics nº254, agora sendo um clone do Superman criado pelo Lex Luthor para lutar contra o Superman. Só que o Bizarro se rebelou contra seu criador e mais uma vez tentar imitar o Superman, com os mesmos resultados desastrosos.




O que eu gosto do Bizarro é o fato dele não é mal intencionado, mas sim um rejeitado incompreendido, querendo apenas encontrar aceitação e companhia, o que sempre termina em tragédia. Suas histórias, até mesmo as mais cômicas da Era de Prata, possuem um aspecto melancólico, lembrando muito classicos de terror como Frankenstein.



Nesse texto pretendo falar sobre “A Fuga do Mundo Bizarro”, uma história escrita pela dupla Geoff Johns e o Richard Donner (sim, o diretor do filme do Superman do Reeves) e publicada na Action Comics nº 855 a 857 em 2007, que não só restaurou elementos da mitologia do Superman da Era de Prata como apresentou, em minha opinião, a melhor representação do Bizarro e sua dinâmica com o Homem de Aço.



Portanto, sem mais delongas, vamos lá...

TRAMA

Um tempo atrás Superman teve um confronto com seu clone imperfeito Bizarro, impedindo-o de matar uma criança. Durante a interação dos dois, Clark informou ao Bizarro que, embora fosse seu clone, os dois eram completamente diferentes. Deprimido com esse comentário, Bizarro deixou a Terra, buscando encontrar um lugar onde conseguiria aceitação.



No tempo presente, a criatura retornou a Terra e sequestrou Jonathan Kent. Com seu pai em perigo, Superman foi ao espaço para tentar encontra-lo e chegou ao Mundo Bizarro, um planeta em formato cúbico habitado por cópias imperfeitas das pessoas da Terra.



Enquanto explora esse mundo insano e distorcido, Clark começa a aprender mais sobre a vida do Bizarro e descobre que seu clone não sequestrou seu pai querendo machuca-lo, mas sim em busca de ajuda.

HOMENAGEM A ERA DE PRATA

Apesar das polêmicas, uma coisa é certa sobre Geoff Johns: O cara é um fã da Era de Prata da DC comics. Em vários de seus trabalhos, ele faz referências as histórias da época e restaura alguns de seus elementos. As histórias que ele fez do Superman são um perfeito exemplo disso, com Johns tendo restaurado vários aspectos da versão pré-crise como o passado do Clark como Superboy, ele conhecendo a Legião dos Super Heróis, Lex Luthor sendo colega de Clark em Smallville o Brainiac voltando a ser um colecionador de cidades, etc...



No caso desse arco, ele e Donner trouxeram o Mundo Bizarro e seus habitantes, com a história reintroduzindo as versões bizarras de vários personagens da mitologia do Superman, sejam seus aliados, inimigos e até mesmo a Liga da Justiça, deixando os fãs bem curiosos para ver o quão estranhos são essas novas versões dos personagens conhecidos.





Mas Johns e Donner vão além de apenas restaurar elementos do passado. Eles também dão certo upgrades neles, como o detalhe do Mundo Bizarro ser iluminado por um sol azul, que dá novos poderes tanto para o Bizarro quanto para o Superman, o que é pura criatividade tirada da Era de Prata, onde as HQs tinham esse aspecto mais surreal.



SOLIDÃO DOS HOMENS DE AÇO

Outra mudança que Johns e Donner fizeram com o conceito do mundo bizarro é a relação do Bizarro com os outros habitantes. Ao invés de ser aceito, ele é considerando "o inimigo número 1 do Mundo Bizarro", sendo tão temido e odiado por seus habitantes quanto era na Terra, com os Bizarros chegando até mesmo apoiar seu inimigo, Lex Luthor Bizarro, em seus planos para eliminar o pobre monstro. É triste ver o Bizarro criando um mundo habitado por copias imperfeitas como ele, apenas para ser rejeitado de novo. O cara nunca ganha um desconto.




Nota: A cena em que ele cria a Lois Lane- Bizarro é uma clara referência ao filme clássico a Noiva de Frankenstein de 1935.




O fato dele ser temido pelos habitantes poderia servir pra demonstrar como Bizarro é  realmente o oposto do Superman, que tem família, amigos e é aceito pelas pessoas da Terra.




Porém a história, numa forma surpreendente, demonstra como Clark e Bizarro são semelhantes em um aspecto-chave: Solidão.



Assim como Bizarro, Clark também passou por momentos solidão em sua juventude, quando ele ainda era um garoto tendo que esconder seus poderes do resto do mundo. É natural que Clark teria esses sentimentos, não podendo revelar seu segredo para amigos e pessoas próximas ou participar de atividades como esportes sem correr o risco de machucar alguém acidentalmente. Esse sentimento ficou ainda mais difícil depois que ele descobriu ser um kriptoniano, o ultimo de sua raça, fazendo Clark sentir que não teria ninguém que pudesse entender o que ele estava passando (claro que ele tinha aliados como seus pais e Lana Lang, mas eles não são super humanos ou tiveram que ter o mesmo auto-controle que o Clark).



Apesar de Clark dizer que ele e Bizarro não são a mesma pessoa, não tem como ignorar essa semelhança entre os dois. A diferença é que Clark teve alguém que Bizarro precisa para poder guia-lo, uma figura que possui um papel nessa história tão importante quanto os dois Supermen: Jonathan Kent.

O PAI DOS HOMENS DE AÇO

Se tem um motivo do Superman ser um herói tão bondoso e altruísta é a forma como ele foi criado pelo Jonathan e a Martha Kent. Jor El pode ter sido quem o enviou a Terra, mas Jonathan Kent foi seu “Tio Ben”, o homem que lhe deu seus valores e o ensinou a importância de ajudar os outros.



"Fuga do Mundo Bizarro" exemplifica isso não só mostrando Jonathan sendo um badass e lutando ao lado do filho, após esse ter desenvolvido a habilidade de compartilhar seus poderes com seu pai, mas também sendo um mentor tanto para o Clark quanto para o Bizarro.



Mesmo tendo sido sequestrado por ele, Jonathan não fala com Bizarro com raiva e frustração, mas sim empatia e convence o incompreendido a ter esperança no Mundo Bizarro e tenta ajudar os habitantes que ele criou. Ele faz o mesmo com o Clark, incentivando o filho a tentar ajudar o Bizarro e seu mundo, mesmo que pareça difícil devido a forma distorcida como os seres desse planeta enxergam as coisas.





A conexão do Clark com seu pai é muito aprofundada pelos flashbacks, que revelam como o Jonathan foi de grande suporte na sua infância, não só ensinando o jovem Clark seus valores morais mas também ajudando o filho a nunca se sentir sozinho no mundo.

Esse arco pode até ser uma versão moderna de uma história da Era de Prata, com viagens pelo espaço, clones e poderes bizarros, mas, em seu núcleo, é uma história bem profunda e tocante, abordando temáticas sobre busca por aceitação, família e o laço entre pai e filho. 



Essa HQ pode até não ser história favorita do Superman do Johns (essa posição pertence ao Up Up and Away) nas com certeza é uma história muito boa, sendo uma recomendação para os fãs que quiserem conhecer mais do Superman e de sua relação com o Bizarro.



Então é isso, concordam comigo? Discordam? Qual a opinião de vocês quanto ao “Fuga do Mundo Bizarro”? Sintam-se a vontade para colocar suas opiniões e ideias nos comentários abaixo.


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