Há tempos que, desafortunadamente, o verdadeiro talento deixou de ser condição sine qua non para a fama e o estrelato. Há tempos que, desventuradamente, no mundo das subcelebridades, a autodevassa da própria intimidade se tornou em triste equivalente de um grande dom musical, dramático, artístico ou literário. Há tempos que, desgraçadamente, no mundo dos famosetes, uma declarada sexualidade não convencional, não normativa, digamos assim, figura como o primeiro (e, muitas vezes, único) item do Curriculum Vitae.
Na falta de talento - e na ânsia de seus 15 minutos de holofotes -, se homem, o cara diz que curte dar a bunda, beijar pra trás; se mulher, que cola velcro, que rala um coco legal, que se lambuza num mexilhão. Ou ambos, que tanto chupa uma manga sumosa e fiapenta quanto senta num bananão da terra.
Acontece que, hoje em dia, declarar-se homo, bi ou pansexual, não binário, trans etc (e bota etc nisso) já não causa mais espanto ou surpresa, já não dá, literalmente, mais cartaz, não rende matéria ou entrevista em algum Domingão da vida ou programa vespertino de fofocas e baixarias em geral. Ter uma sexualidade "alternativa" já virou arroz de festa.
O que fazer, então, para inovar, para se reinventar, para se reciclar dentro deste nicho tão concorrido e aparentemente já saturado?
Simples. Declarar-se ecossexual!!!
Ecossexual, que porra é essa?, poderão me perguntar. Pois foi a mesma coisa que pensei quando vi a manchete do caso de uma canadense que assim se declara.
Sempre que sou colocado (e sempre involuntariamente) à frente de uma nova variante sexual, antes de ler a reportagem e saber do que se trata, tento fazer um exercício de imaginação, tento fazer uma análise semântica do novo termo, para ver se lhe adivinho o significado.
Ecossexual... será a pessoa que pratica um sexo que não impacta negativamente o meio ambiente? Um sexo autossustentável? Bom, sexo autossustentável existe desde sempre : é o punheteiro. De pronto, abandonei a ideia. Primeiro, não há novidade nenhuma em ser punheteiro; depois, se tem alguém que nada tem de ecologicamente correto, esse alguém é o punheteiro : ele espanca o macaco, esgoela o bem-te-vi, depena o sabiá, enforca a jiboia e enverniza o pescoço da girafa.
Desisti de minhas elocubrações. Fui à reportagem.
Sonja Semyonova, canadense de 45 anos, diz-se ecossexual, garante sentir tesão pela natureza. Em especial por um grande e robusto carvalho que conheceu em uma de suas caminhadas por um parque público de Vancouver.
Em entrevista ao New York Post, que deve estar com uma falta de assunto desgraçada, Sonja, que tem por profissão ser "coach de autointimidade e especialista em contar histórias eróticas" (na minha época, isso se chamava atendente de telessexo), conta como conheceu o carvalho e como se apaixonou por ele : "Eu percorria um caminho perto da árvore cinco dias por semana durante todo o inverno. Percebi uma conexão. Adoro a sensação de ser pequena e apoiada por algo tão sólido, com a sensação de não ser capaz de cair. Existem semelhanças entre o sexo com as pessoas e o erotismo que os ecossexuais sentem com a natureza, mas não são a mesma coisa".
Mas ela diz que não existe putaria física entre os ecossexuais e a natureza, que tudo fica no terreno platônico, que ela gosta de imaginar o planeta Terra como seu amante : "Um grande equívoco é pensar que ecossexualidade significa sexo entre as pessoas e a natureza. A ecossexualidade é uma forma diferente de explorar o erótico. Assistir à mudança das estações é para mim um ato erótico. Você sai da morte no inverno e então tudo ganha vida na primavera e acasala".
Em seu instagram, ela dedicou um poema ao carvalho, cujo um dos versos diz : "Eu sei que você me tocou de uma forma que nenhum homem já se atreveu".
Rapaz, o que essa Sonja tá precisando é de uma boa pistolada, de uma boa surra de um perobão grosso, de um viril jequitibá.
Então, isso é ecossexual? Ter tesão por árvores, pela natureza?
Sabem de nada, esses gringos, querendo lançar tendências globais... sabem de nada. O quão ilusos são em sua arrogância de primeiro mundo.
Se isso é ser ecossexual, essa prática já existe faz é tempo. E, claro, como não podia deixar de ser, é invenção brasileira. Que putaria e bagaceira é conosco mesmo.
O tataravô do rock, o despirocado Serguei, ainda na década de 1990, em entrevista a Jô Soares, contou ao Gordo que, em certa tarde de intenso calor, a caminhar por uma praça de Saquarema, região dos lagos do Rio de Janeiro, encantou-se e entesou-se por um frondoso e rijo cajueiro. Não teve dúvidas : agarrou-se, esfregou-se e aliviou-se no grosso tronco do cajueiro.
E quem não conhece, ou nunca ouviu falar, muito antes do affair de Serguei com o cajueiro, da tórrida e polêmica paixão entre o ator Mário Gomes e uma cenoura?
Sedento por mais detalhes sobre a canadense, consegui um contato da moça, consegui entrar em contato com ela e, numa breve conversa intermediada pelo tradutor do Google, ela me confessou que conhecer o carvalho, que ela, na intimidade, chama de Denis, trouxe novo alento e esperança à sua vida. Que antes de conhecer Denis, o carvalho, achava que nunca mais teria o coração aquecido e reconfortado pelo amor puro e verdadeiro, abandonada que fora por sua paixão anterior, a mandioca do Zé Bonitinho.
É do car(v)alho!!!
Porém, corre à boca pequena, que nem tudo são flores (ou troncos, ou galhos, ou folhas, ou frutos, ou sementes) nesse idílico romance. ONGs ecológicas vão abrir um inquérito contra Sonja, para apurar se o sexo foi consensual ou se trata-se de um típico caso de assédio ambiental, um crime hediondo de fitofilia.
Pããããããta que o pariu!!!
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