Uma das gratas surpresas que tive atualmente foi descobrir o mangá Gokushufudou – Tatso Imortal, uma daqueles inusitados mangás de comédia nonsense japonesa. Pessoalmente, gosto desse tipo de comédia, mas sei que não agrada a todo mundo. No entanto, pode estar certo que essa é uma leitura muito divertida.
Gokushufudou
começou a ser publicado pela Panini este ano, por enquanto foram publicados
quatro volumes por aqui. No Japão, é publicado desde 2018 e é escrito e
desenhado por Kousuke Oono. Enfim, qual o enredo do mangá? Trata da vida do
ex-yakuza Tatsu imortal, que hoje trabalha como dono de casa em tempo integral.
Sim, é isso mesmo, um pressuposto bem nonsense.
Na realidade, não há muito mais que possa comentar sobre a história, porque ele é um mangá de comédia bem básico. Tatsu é casado com Miku, uma designer assalariada que trabalha em uma grande empresa. Enquanto Miku trabalha, Tatsu fica tomando conta da casa, cozinhando, fazendo faxina, fazendo compras etc. São hilárias as histórias do Tatsu no supermercado. Ele ainda tenta se integrar à comunidade local, fazendo amizade com a associação das donas de casa e recolhendo contribuições para o bairro.
Engraçado
é que ocorre uma inversão aí, pois no Japão é bastante comum que a mulher deixe
de trabalhar quando se casa para cuidar da casa e dos filhos. O Japão é um país
bastante machista, mais que o Brasil, na verdade. Não que esteja fazendo juízo
de valor porque a sociedade japonesa é muito diferente da nossa e é complicado
condenar. Fugindo um pouco do assunto, mas nem tanto, acontece até no meio
artístico. Várias atrizes de tokusatsu, por exemplo, abandonaram a
carreira para casar com uns caras ricos no Japão.
Ao
longo das histórias, vão aparecendo outros personagens, como Masa, um ex-colega
da yakusa de Tatso que se torna seu pupilo na arte de ser dono de casa; Hibari
Torii, uma viúva de um chefão da yakuza que se torna empregada de um mercado;
Torajiro, um ex-chefe da yakuza que termina como dono de um food truck
de crepes; além de Gin, o gato do casal Tatso e Miku, que também tem umas
histórias próprias no final de cada volume.
A
arte de Kousuke Oono tem um estilo um tanto arrojado, mas que não deixa de ser
caricatural, e o roteiro é puro nonsense, não é mesmo para ser levado a
sério. Não espere entender por que Tatsu deixou de ser yakuza para se tornar
dono de casa, pois isso não é explicado. O mangá é uma grande tiração de sarro
com a yakuza.
Como
era esperado, Gokushufudou foi adaptado para outras mídias. Há o anime
e, também, o live action. Ambos estão na Netflix. O live action,
acredito que fica a dever, mas é difícil traduzir a estética de comédia de
mangá para uma série com atores. O humor é o típico humor japonês nonsense
que talvez cause estranhamento para nós, mas que pessoalmente curto.
Uma
coisa que os japoneses sabem que fazer que os americanos desaprenderam é como
contar histórias despretensiosas. Nas HQs de super-heróis Marvel e DC, só se
preocupam em qual será a nova saga que será publicada ou em inserir conteúdo de
pautas ideológicas ultimamente, e isso causa um desgaste para os leitores. Mangás
nadam de braçada, pois a preocupação é apenas contar uma história, e pode ser
boba e nonsense, contanto que seja isso mesmo que o público-alvo quer.
Se
recomendo Gokushufudou? Sim, pode ler o mangá ou assistir ao anime, que
certamente será diversão garantida e você estará deixando de pensar em seus
problemas para apreciar uma bobagem de qualidade.
0 Comentários