Arthur não conseguia conter a ansiedade que corria por suas veias. Correndo desesperadamente pela Rua da Praça 7 - A praça mais bela de todo o Brasil do Sul -, carregava em sua mão uma rosa vermelha, que ele mesmo comprara momentos antes. Ele não queria chegar atrasado ao seu primeiro encontro - literalmente o primeiro, visto que nunca tivera um antes.
— É pra você - disse ele, rápida e afobadamente.
— Obrigada, ela é linda
— Não tem espinhos, apesar de você ter pedido uma rosa espinhosa. - ele falou isso se referindo a uma conversa anterior que tiveram pelo celular, na qual ela disse que ele deveria entregar uma rosa com espinhos para a garota por quem ele estava apaixonado.
— Não gosto de espinhos, "tá" bom assim - respondeu Isabella, sem graça e ainda sorrindo.
Por um segundo, houve um silêncio e nenhum dos dois sabia o que falar. Ela tinha 22 anos e era meio palmo mais alta que ele, de 18. Ela era Administradora e já passara por diversas aventuras românticas e carnais na faculdade (de fato, estava em seu horário de almoço). Ele era recém-formado no segundo grau e nunca sequer havia tido uma namorada. Os dois se conheceram numa festinha de despedida de uma amiga em comum, numa pizzaria, onde foram os dois primeiros a chegar e um sentimento estranho e bonito tomou conta deles. Ela se sentiu desacreditada por se apaixonar. Ele se sentiu enfeitiçado.
Aquele um segundo de silêncio na praça parecia uma eternidade e causava um grande desconforto no desajeitado Arthur. Ela apontou para um banco e sugeriu que se sentassem lá. Assim fizeram.
— Por que você estava correndo? - quebrou Isabella o silêncio, deixando-o sem graça
— Como você me viu correndo se você não estava na praça? - respondeu o rapaz assustado e envergonhado por ter sido visto naquelas condições
— Eu estava na praça. Eu só estava numa posição estratégica. Não queria ser vista.
— Por que?
— Para observar. Mas por que você "tava" correndo?
— Gosto de correr - enquanto falava, suas pernas estavam inquietas e se moviam para frente e para trás. Enquanto falava com ela, reparou que ela tinha uma manchinha abaixo do seu olho esquerdo, em sua pele morena. Achou aquilo fofo, como que uma perfeita imperfeição.
— Essa manchinha que você tem, é tão bonita - Isabella
estranhou o elogio
que nunca antes
recebera, mas gostou de ele ter achado a mancha algo positivo. Isso a
levou a dar aquele sorriso.
Não um sorriso qualquer, mas AQUELE que fazia o coração de Arthur estremecer.
Tímido, doce e iluminante. Essas três palavras definiam aquela expressão facial que deixavam os escuros olhos de Isabella mais claros que toda a água do mar.
— Eu não gosto de espinhos nas rosas - ela respondeu, tentando desviar-se do elogio
— Então por que você pediu que eu desse uma rosa espinhosa para você?
— Porque a paixão tem espinhos.
— Mas o amor, não - completou o rapaz, que a essa altura já estava completamente encantado, seduzido pela moça.
Enquanto dizia isso, após reunir MUITA coragem, colocou sua mão sobre o longo cabelo dela e começou a carinhá-lo. Ela deixou, o que era algo que ele não esperava (ou não acreditava). Os dois ficaram lá, naquela posição durante cerca de cinco minutos, mas parecia que a tarde inteira havia passado. Por conseguinte, ela deitou sua cabeça em cima do ombro dele, e isso fez seu coração ir a mil. Enquanto ela fechava seus olhinhos, ele disse que ela não se parecia com aquela majestosa rosa, mas se assemelhava mais a uma florzinha delicada, embora ela se recusasse a ser comparada a uma.
— Você é uma florzinha teimosa - disse ele e, em seguida, beijou-a no cabelo, sentindo seu doce perfume.
Ora, naquele instante, se fez soar o alarme do celular dela, que sempre disparava no momento em que devia voltar ao trabalho. Ela tirou a cabeça do ombro dele, e mexeu no celular, dizendo que era hora de ir embora. Ele, recusando-se a ver terminar aquele momento mágico, acompanhou-a até o prédio onde ela laborava. À entrada, ela olhou para baixo, sorriu e disse:
— É aqui.
Ele, num repentino
momento de constância, abraçou-a forte e não deixou que se soltasse. Quando ia beijar-lhe a bochecha, ela virou sua cabeça, fazendo
com que o beijo lhe atingisse na boca. Abrindo seus lábios, fez com que sua língua começasse a batalhar contra a dela.
Não obstante o beijo tenha durado pouco tempo, para ele, durou toda uma eternidade. Eles se despediram e ele voltou para a sua casa, com um sentimento misto de alegria e tristeza por aquele momento ter acabado. Mas definitivamente, completamente, perdidamente ainda mais apaixonado pela moça e ainda sem acreditar naquele momento altamente improvável. Seguiu conversando com ela pelo celular e pensando nela o resto do dia.
No dia seguinte,
ao entardecer, caminhava
pelo centro da cidade e viu um casal abraçado,
beijando-se mui intensamente. A mulher carinhava o peitoral do homem,
que era alto e musculoso, enquanto
ele apertava a cintura dela. Arthur, encantadamente imaginou como seria se aqueles dois fossem ele e Isabella. Mas... Seu encantamento logo se transformou em desilusão quando ele percebeu
que, de fato, aquela mulher era Isabella.
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