Não sei se essa é uma opinião impopular, mas admito que gosto bastante da franquia Velozes e Furiosos, pois essa é uma franquia de sucesso para lá de improvável e que começou como um filme de carros e assaltos e escalonou para uma franquia de blockbusters em que os personagens fazem toda sorte de absurdos. Tanto que assisti a Velozes e Furiosos 10 na pré-estreia. A franquia é capitaneada por Vin Diesel, um brucutu da nova geração. A verdade é que, com exceção de seu papel em O Resgaste do Soldado Ryan e dublando o Groot em Guardiões da Galáxia, ele sempre “interpreta” (bem entre aspas) o mesmo personagem, o arquétipo do careca marrento e casca grossa, seja em XXX, Ridick, O Último Caçador de Bruxas, Bloodshot etc.
No
enredo desse décimo(!) filme da franquia, Dominic Toretto (ou Vin Diesel) só
quer saber de viver em paz e criar seu filho Brian, papel feito pelo ator mirim
Leo Abelo Perry, ao lado da esposa Letty (Michelle Rodriguez), prezando pela
coisa que mais importa para ele, que é a família. É óbvio que a tranquilidade
não iria durar para sempre e a ameaça de um novo vilão paira sobre Toretto e
seus entes queridos, sob a forma de Dante, interpretado por Jason Momoa, o
filho do vilão do quinto filme, cujo papel coube ao ator português Joaquim de
Almeida. Não acho Mamoa um bom ator, particularmente, ele é mais um representante
da nova leva de brucutus, mas talvez esse seja seu melhor papel. Ele está bem à
vontade no papel, e Dante é uma espécie de Coringa do Toretto, um vilão imprevisível
e galhofa ao mesmo tempo. Vale dizer que temos dois Aquaman no filme. Momoa e
Alan Ritchton, que foi o Aquaman em Smallville. Richton é outro brucutu
que está em alta depois da série Richter na Amazon Prime. No longa, ele é
Aimes, o novo chefe da Agência, para a qual Toretto realizou diversas missões
nos filmes.
A
vilã do oitavo filme, Cypher, interpretada por Charlize Theron, literalmente
bate à porta de Toretto, depois de ser ferida por Dante, o que significa que a
coisa vai ficar preta para ele, sua família e amigos. Enquanto isso, Roman
(Tyrese Gibson) lidera parte da equipe de Toretto, que é emboscada em uma
missão falsa para a agência em Roma. Depois disso, todos são incriminados e
passam a ser perseguidos pela Agência. No entanto, Toretto não está sozinho, e
tem uma nova aliada, Tess, a filha do antigo chefe da Agência (que era
interpretado por Kurt Russel), papel feito por Brie Larson, a atriz que todo mundo
adora odiar, a Miss Simpatia em pessoa. Então, até aí, já temos o Groot, dois
Aquaman e a Capitã Marvel no filme.
Fortalecendo
o elenco estelar, temos a volta de John Cena, com Jakob, o vilão no nono filme
e irmão de Toretto, que agora virou aliado de primeira hora. Ele é quem tem a
missão de levar o Brianzinho, o filho de Toretto, em segurança, para que Dante
não apanhe o menino. Então, também temos o Pacificador no filme. Quem volta
também é Jason Statham como Shaw, que só tem uma breve cena no filme, a despeito
de ser uma cena de ação em que ele mete a porrada e tiro em tudo. Helen Mirren,
que é uma grande atriz, mas que atua em um monte de porcarias porque precisa
reformar o banheiro, também volta com a mãe de Shaw.
Obviamente,
o roteiro é o ponto fraco do filme, que é mais pretexto para proporcionar cenas
de ação absurdas e que forçam a suspensão de descrença a níveis estratosféricos.
Há diversos furos de roteiro e até mesmo de continuidade. O roteiro de Velozes
e Furiosos 10 é um queijo suíço de tanto furo, mas a última coisa que alguém
vai querer ver em um filme da franquia é um roteiro consistente. Quer filme com
bom roteiro, vá assistir a O Poderoso Chefão ou coisa que o valha. O
diretor Louis Leterrier é um veterano em filmes de ação e tem no currículo filmes
como Carga Explosiva e O Incrível Hulk. E, realmente, em quase 2
horas e meia, o longa tem cenas de ação impressionantes. Destaco duas: a da
corrida com a bomba em Roma e a do ato final, em que Toretto tem de resgatar
seu filho das mãos de Dante. Muita perseguição de carros, muita explosão, muita
destruição de propriedade como só um filme desse tipo pode proporcionar. E quem ficou ofendido com o retrato que a franquia
fez do Rio de Janeiro no primeiro filme pode ficar ofendido novamente, porque há
várias sequências na Cidade Maravilhosa e a esculacham mais uma vez, mostrando
a cidade como um paraíso de bandidos, gangues e prostitutas (o que não deixa de
ser verdade), com direito até a um racha entre Toretto e Dante.
Ah,
e muito se engana quem pensa que a franquia irá se encerrar nesse filme. Essa é
só a parte 1; ainda vem a parte 2 aí, a exemplo de Guerra Secreta e Ultimato.
Na verdade, dá para dizer que Velozes e Furiosos 10 é O Império
Contra-Ataca da franquia, em que as coisas são errado para serem
solucionadas no filme seguinte. E vou logo dar o spoiler: na última cena,
temos o retorno de Gal Gadot à franquia, a personagem dela não morreu. Então, temos
a Mulher-Maravilha no filme também.
Vale
a pena assistir a Velozes e Furiosos 10? Depende; se você quiser
desligar o cérebro por 2 horas e meia, vale. Mas do contrário você pode ver um
filme de Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni. Não vá querendo assistir a um
filme como Velozes e Furiosos por causa do roteiro e pelas boas
atuações, pelo amor de Deus, né? Nota 6,5 de 10.
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