Justiceiro - O Primeiro Sacramento de Frank (mataram o Justiceiro e esqueceram de enterrar) - Review

 


O Primeiro Sacramento de Frank trata-se do primeiro volume da nova e polêmica fase do Justiceiro. Na verdade, estamos presenciando o assassinato de um personagem em razão de nutellagem. Todo mundo sabe o quanto o símbolo do Justiceiro se tornou problemático para a Marvel nos últimos tempos, uma vez que ele foi apropriado por policiais, soldados e invasores do Capitólio. Não que já não houvesse certa má vontade com o personagem, considerado um dos mais de extrema-direita da Marvel. Essa não é a primeira cagada que fazem com o Justiceiro, ele já foi anjo, Frankenstein e outras atrocidades nas HQs, mas essa é a primeira vez que fazem mudanças no personagem não apenas para aumentar as vendas, mas principalmente por razões políticas.


O escritor designado para escrever essa desgraça é Jason Aaron, que inclusive fez um ótimo trabalho escrevendo o Justiceiro Max. No entanto, ele pode dar a desculpa dos guardas dos campos de concentração nazista para escrever essa HQ, "só estava seguindo ordens". No enredo, Frank Castle, o Justiceiro, não é mais o carrasco do submundo, mas o principal assassino do Tentáculo. Como conseguiram cooptar Frank? Muito simples, ressuscitaram sua esposa, Maria; é o pussy power em ação.




As mudanças mais chamativas no Justiceiro foram em seu símbolo, que agora lembra um oni japonês, e em sua técnica de matar. Ele trocou as armas de fogo por espadas. Pelo menos, o personagem não perdeu sua violência, mas ele mata agora de maneira mais tosca. E também fizeram um baita retcon com Castle: agora ele é um assassino porque estava determinado a ser e já tinha cometido seu primeiro assassinato na infância. Uma grande bobagem para quem conhece a história a fundo do personagem. Na HQ O Pelotão, por exemplo, escrita por Garth Ennis, Frank é um novato na expedição de sua companhia no Vietnã e nunca tinha tido nenhuma morte confirmada. Entretanto, nessa reformulação, ele sempre foi um assassino, e é por isso que a arquissacerdotisa do Tentáculo o escolheu. É óbvio que o Justiceiro está sendo manipulado pelo Tentáculo, e isso não acabará bem, certamente.



 Os alvos de Castle são maiores também; ele está em guerra com outras organizações criminosas, como a organização do deus Áres, que vende armas para outras organizações, como a Hidra e a do Monge do Ódio. Não dá para negar que provavelmente o Justiceiro está enfrentando seu oponente mais poderoso até hoje; afinal de contas, ele é um deus. Ares que é um personagem que oscila entre ser herói e vilão na Marvel. Há um tempo atrás, ele era membro dos Vingadores.



Outro aspecto que me desagradou muito é que agora o Justiceiro tem uns poderes, umas magias negras que lhe permitem ter onisciência e coisas do tipo, o que vai de encontro à premissa básica do personagem, que é de um cara sem poderes que conta só com sua perícia de combatente.

O encadernado ainda tem uma história extra, escrita por Torunn Gronbekk, que mostra o Justiceiro indo atrás do Monge do Ódio. A arte de Jesus Saiz é muito boa, com seu desenho detalhista. Na verdade, o único ponto positivo é a arte, porque a história é um completo lixo. A única nota que posso dar para essa HQ é 0, a despeito da bela arte, porque é um grande desrespeito com o Justiceiro e os fãs. E a Marvel que enfie esse 0 no reto e faça bom proveito.









 No início dos anos 90, o Justiceiro chegou a ter três títulos mensais, Punisher, Punisher War Journal e Punisher War Zone, além de várias graphic novels, e ajudou a salvar a Marvel do buraco. Ele tinha até um título da linha 2099. Depois do Aranha e dos X-Men, o Justiceiro era o personagem que mais vendia na Marvel. Todavia, é assim que a editora o recompensa agora. E isso sem contar outras mídias, os três filmes do personagem, em que ele é interpretado por Dolph Lundgren, Thomas Jane e Ray Stevenson, respectivamente, mais a série da Netflix, com Jon Bernthal. Até no desenho do Aranha dos anos 90, o Justiceiro deu as caras, em uma versão mais infantilizada, coisa impossível de imaginar hoje em dia. Podem-se destacar também os jogos de videogame do Justiceiro. Os nutellas têm mais importância atualmente que os fãs raiz. A coisa está preta para o Justiceiro; talvez nunca mais teremos o bom e velho Frank Castle de volta.

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