Cavaleiros do Zodíaco - O Começo é o novo Dragon Ball Evolution? - Review com alguns spoilers







Na verdade, a pergunta é retórica, Cavaleiros do Zodíaco - O Começo não é o novo Dragon Ball Evolution, mas chega perto. Vamos dizer que leva a medalha de prata. Particularmente, fiquei muito surpreso quando a Sony com a Toei anunciou um filme live action de Os Cavaleiros do Zodíaco. Essa é uma coisa que nunca imaginei que iria acontecer. A verdade é que o mangá/anime é realmente muito difícil de adaptar em uma mídia com atores. É só lembrar daquele trecho de piloto que vazou, de uma suposta série de TV dos Cavaleiros dos anos 90, produzida por Haim Saban, o criador dos Power Rangers.



Vamos combinar que Cavaleiros do Zodíaco não é um anime muito conhecido ou que marcou os norte-americanos, ao contrário do que aconteceu na França, na Espanha, na América Latina e, evidententemente, no Brasil. Nesses países, Cavaleiros do Zodíaco foi um marco. A bem da verdade, a franquia é mais amada e faz mais sucesso em tais países que no Japão; Cavaleiros do Zodíaco tem essa característica um tanto atípica de ser mais popular em outros países que em seu país de origem. Não que não tenham feito tentativas ou até mesmo tenham adaptado o anime para versões americanas. Destacam-se o desenho Guardiões do Cosmo, cujo piloto abortado veio à luz recentemente, e o próprio “anime americano” de Cavaleiros do Zodíaco da Netflix.







Na realidade, Cavaleiros do Zodíaco - O Começo teve sim muita influência na série da Netflix, infelizmente. A base do roteiro bem capenga foi essa série. O filme inicia-se com um flashback da luta de Aiola de Sagitário contra Shura de Capricórnio, em que a Aiolia fugia protegendo Saori, a reencarnação de Atena, quando bebê. Depois, corta logo para apresentar o protagonista, Seiya, interpretado por Mackenryu, o filho do lendário ator japonês de filmes de ação Sonny Chiba. Enquanto busca o paradeiro de sua irmã Seika, Seiya luta em ringues de lutas clandestinas que são gerenciadas por Cassius. Sim, a versão do Cassius do anime, que perdeu a luta pela armadura de Pégaso para Seiya e teve a orelha decepada no anime. No filme, ele não tem muitas razões para não gostar de Seiya, além de simplesmente não ir com a cara dele. Inclusive, Seiya tem uma luta com Jaki no ringue, que é outro troglodita que aparece no anime.









Entretanto, as lutas são apenas pretexto para que se descubram os tais “portadores do cosmo”. E o azar de Seiya é que ele se revela como um. Isso chama atenção de Guraad, a vilã do filme, cujo papel cabe a Famke Janssen, a eterna Jean Grey dos filmes dos X-Men e ex-Bond girl vilã em Goldeneye. Vale dizer que Guraad é a versão “empoderada” de Vander Graad, um dos vilões do anime dos Cavaleiros da Netflix e que teve o sobrenome tirado da Fundação Graad, que pertencia às empresas do Mitsumasa no anime original. Ao auxílio de Seiya, vem o misterioso Alman Kido, feito por Sean Bean, outro ex-vilão de James Bond e o Ned Stark. Todo mundo sabe que ele é uma versão de Mitsumasa Kido, o bilionário japonês que protege e cria Saori, enquanto manda seus cem filhos irem treinar pelo mundo para serem cavaleiros. No filme, não quiseram fazer do Kido um “transante” que fica fazendo filhos por aí. Kido tem como empregado Mylock, interpretado por Marc Dacascos, que seria uma versão de Tatsumi, o mordomo da Saori. Diferentemente do anime, em que Tatsumi só sabia kendô, mas era um peso morto, Mylock é um superassassino fodão perito em armas e artes marciais.






Kido apresenta Seiya para sua filha, Sienna, interpretada pela atriz teen Madison Iseman, que obviamente é a Saori do anime, e diz que o destino de Seiya é ser um cavaleiro de Atena. É claro que Seiya não leva isso muito de boa, e fica uma tensão de romance adolescente entre eles. A química entre os dois atores é muito ruim. Kido explica que Guraad é sua ex-mulher, que pretende matar Sienna depois que ela explodiu seus braços quando bebê, porque acredita que a menina tem o poder de destruir a humanidade. Por fim, com a promessa de que o paradeiro de Seika poderia ser encontrado com os recursos de Kido, Seiya aceita ir para a Grécia e treinar com Marin, que no filme fica parecendo um cosplay tosco.







Por sua vez, Guraad tem a seu lado o misterioso Nero, que nada mais nada menos é a versão de Ikki de Fênix no filme. Nero é pessimamente interpretado por Diego Tinoco, um galã latino dos pobres. Ao final do filme, Nero revela que tem seus próprios objetivos, mas a gente não vai saber quais são, porque não são explicados e não há garantia de que uma sequência seja feita. E nem cheiro de Shiryu, Hyoga e Shun. Provavelmente, ficarão para a vindoura mas não muito provável sequência. Além de Nero, Guraad conta com seu exército de cavaleiros negros na versão ciborgue, incluindo-se o Cassius.

No apanhado final, Cavaleiros do Zodíaco - O Começo é sim um filme bem ruim. Até posso tentar defender, ao entender que quiseram adaptar os Cavaleiros de uma forma mais verossímil, até onde isso for possível, mas o resultado final é vergonhoso. O diretor Tomasz Baginski fez o básico, sem ousar nada, sendo um diretor de aluguel igual aos dos filmes da Marvel. Para um longa de baixo orçamento, que custou U$$ 60 milhões, até que os efeitos visuais não estão ruins. As lutas também, achei a maioria aceitáveis em termos de coreografia, Mackenryu é um bom ator no quesito de ação, puxou ao pai. Na verdade, para não dizer que o filme só tem aspectos negativos, Mackenryu é o que se salva nele, o ator tem carisma e fisicalidade e interpreta um bom Seiya. Outra coisa legal é quando tocam uma versão instrumental de Pegasus Fantasy. De resto, o resultado é decepcionante. Não sentiram o cosmo. E você? Já sentiu o cosmo? Nota 3 de 10.



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