Era o ano de 2003. Lembro-me de que foi o inigualável professor Miquele, geneticista e carcamano das antigas, quem chegou com a notícia na escola.
Tinha dado na Folha de São Paulo : "A burrice é genética, diz James Watson".
James Watson, geneticista inglês de vasta biografia, foi quem, nada mais nada menos, junto com Francis Crick, desvendou a estrutura de dupla-hélice do DNA, em 1953, considerada a descoberta científica mais importante do século. Ou seja, é o pai da matéria quem estava a dizer.
Era início de fevereiro, estávamos ainda sem alunos, em reunião de planejamento do ano letivo, agrupados por disciplinas. Miquele, segurando o jornal pelas duas pontas, sem falar nada, num silêncio dos mais zombeteiros, foi passando de grupo em grupo a exibir a notícia. Chegava, exibia a manchete, deixava-se ficar ali por um pouco e se dirigia ao próximo grupo. Demorava-se mais, provocadora e propositalmente, nos grupos das disciplinas de "ciências" humanas. Rodou pela sala toda e se foi, sem dizer palavra, com uma enorme satisfação no rosto.
Aluno que fora dele na faculdade e honrado que fui em ser seu colega de trabalho pelo ano de 2003, ao fim do qual se aposentou, também saí da sala (o tal planejamento nunca serviu pra porra nenhuma, mesmo) e o encontrei no corredor, rindo às pampas com outro dos raros e grandes mestres que conheci, o Odair, químico e o maior ufólogo vivo do Brasil. Juntei-me a eles para saber mais da reportagem e, claro, também para troçar da indignação e da cara de bosta que fizeram os das humanas.
Watson, baseado em extensa pesquisa e coleta de dados, afirmava que alguns casos de burrice, de incapacidade de aprendizagem, são genéticos, sim. Dizia dos casos verdadeiramente clínicos. Não do cara que queria ser engenheiro do ITA e acabou entrando só na Poli, ou do cara que queria ir pra Havard e teve que se contentar com a USP, ou daquele que saca horrores da física newtoniana, mas a mecânica quântica não lhe entra na cabeça. Watson dizia dos casos de burrice em que o sujeito não é capaz de aprender sequer direito os rudimentos de seu próprio idioma, de cálculos básicos etc. Watson se referia às pessoas de comprovado QI muito abaixo da média e que não têm nenhum transtorno mental.
Esse tipo de burrice é uma desordem de natureza genética, ele afirmava, assim como a fibrose cística, a hemofilia etc. E ao ser chamado pelos próprios colegas de profissão (mui amigos) de preconceituoso, ele rebatia dizendo que preconceito é negar que tais casos de burrice sejam doenças e, por conseguinte, impedir pesquisas que possam buscar uma cura para eles.
Não é à toa que Watson é conhecido entre seus pares por Honest Jim. Um dos poucos cientistas com coragem para dizer as coisas como ela são, que não submetem a ciência ao politicamente correto.
Para terminar, Watson dizia que cerca de 10% da população mundial tem algum grau de burrice genética.
Dez por cento? Então, até que o mundo está bem, se comparado ao Brasil. Aqui, metade da população padece dessa burrice inata e irremovível. Aliás, um pouco mais da metade. 50,90%, para ser mais exato.
Não há como esse povo aprender. Há-lhes um impedimento cromossômico, só pode ser. Não há - não houve - argumentos irrefutáveis e provas concretas, insofismáveis e cabais que lhes façam entender que elegeram, de novo, um ladrão, um perigoso facínora, um chefe de quadrilha.
Diante de congênita e inexpugnável burrice, só nos resta tentarmos o famoso último recurso : entenderam, ou querem que eu desenhe?
Então, tá. Eu desenho. Ou melhor, a SECOM, a Secretaria Especial de Comunicação Social, do Governo Federal, já desenhou para mim. Vejam porque os grandes veículos de comunicação do país, feito a Folha de São Paulo, malharam Bolsonaro do começo ao fim de seu mandato, o porquê nunca noticiaram uma única medida boa tomada pelo Mito, e ele tomou várias.
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