O TAPA DO BEM NO DAVE CHAPELLE E CLARO: NO HUMOR LIVRE



Já dizia o ditado “por onde passa uma boiada, passa um boi”. Tenho grande admiração por Will Smith, entre os atores, ele foi um dos caras que mais me inspirou até hoje, só pesquisar o básico da história dele para ver em parte do por quê ele chegou, para entender isso, um cara que era 110% dedicado no que fazia, que teve uma moral familiar forte, vindo de uma família instável, que o fez querer ter o mesmo... Até começar a se “desconstruir” e ir tolerando vários abusos que a sua atual esposa fez com ele, desde de admitir que o traia mesmo, e foda-se, em rede nacional – ao ponto do próprio sair com essa de “casamento aberto” pra ficar menos feio – a até mesmo fazer aquela cara de nojo, pra uma piada que o próprio Will Smith ria, para que o mesmo, após ter ido agredir um comediante para defender a “““honra””” de sua patroa, a ver dizer que “não pediu, fez porque foi otário”. E onde tá o Will, agora? Internado numa clínica.

Will não deve ter sido o primeiro a ir num palco bater um comediante – mesmo que de leve, o “famoso tapa na cara pra tirar sua moral – e pelo visto não será o último, mas o contexto da situação, naquela cerimônia correndo aos olhos do mundo, parece ter encorajado muitas pessoas com o famoso “ódio do bem”. E agora, Dave Chapelle, um cara que sempre fez o mesmo tipo de humor, vai quem quer, quase foi esfaqueado durante uma apresentação. O humorista fora salvo pelo Jamie Foxx – nosso eterno Django Livre -, que tava na plateia, e o agressor (ou agressora?) parece ter levado a pior e ter saído acompanhado(a) pela polícia, depois de levar umas “cutucadas”, vamos falar assim.



Todo Mundo Odeia o Chris Rock, presente no momento, ironizou perguntando se era o Will Smith fazendo isso, todos riram, e o show continuou. Há muito quero escrever (ou gravar um podcast, que nunca chega...) um pouco sobre a maneira cada vez mais burra, preconceituosa e reativa com que as pessoas agem com o humor nos últimos anos. Já dizia Rick Gervais antes de começar a fritar em uma cerimônia do Globo de Ouro: “...Vamos dar umas risadas às custas de vocês... Podemos? E lembrem-se... Só são piadas. Nós todos vamos morrer em breve e não haverá parte 2.” O humor puro não tem compromisso social, qual a dificuldade em entender isso? “Ah, mas eu não gosto que faça piada com trans, ou negros, ou índios, ou religião, ou estupro, ou sei lá o que”, te entendo, eu também não acho graça em muita coisa, mas as pessoas tem que ter a liberdade de fazer o humor, se não é o seu tipo, não vá assistir. O problema é seu, e não do comediante. Aquilo ali é uma ficção, uma caricatura, uma luz distorcida propositalmente para despertar no público a gargalhada justamente pelo absurdo, que não faria alguém rir normalmente naquela situação real. É querer que o mundo se adapte aos seus limites, é totalmente infantil e egocêntrico.


Pode parecer um caso besta, mas pegue por exemplo. Nem todo mundo gosta de todos os gêneros, e isso é problema de cada um. Eu, por exemplo, apesar da fama de “opressor” em alguns grupos de Telegram por aí, não gosto de filmes com muito gore e violência pra lá da extrema. Filmes como “A Serbian Film” só de ouvir a história no Getro, eu já me contorço. Que infantilidade do caralho seria eu ir ver o filme pra ficar “porra, isso é doente, quem gosta disso tem problema e buá, buá?”. Da mesma forma é um humor, as pessoas tem vivências diferentes de acordo com a idade. Eu tenho 2.8, cresci ali nos anos 90 assistindo Casseta & Planeta e Zorra Total. Ambos os programas conseguiam de forma inteligente expor problemas que o Brasil passava através do deboche com o absurdo. O cara queria mostrar um playboy cheirado indo para balada pra bater em alguém e mostrava isso, e todo mundo entendia. Não vinha um gravatinha com “isso “vou dar porrada” estimula a violência contra x e y”. Só que em parte da adolescência eu fiquei cheio de dedos, com o “não pode”, algo que voltei a largar nos últimos anos.


Conforme o próprio Léo Lins disse ao final do seu show, o “Perturbador” – ao qual quase enfartei de tanto gargalhar -: o humor é feito justamente pra lidar com a dor. Você pega tragédias, todo tipo de absurdo e tenta tirar uma graça daquilo. Logicamente você não vai virar um palhaço homicida que faz essa leitura da forma mais extrema possível.... Porque ao rir da desgraça e de si mesmos, passamos a ser mais honestos com as nossas próprias limitações, bem como todo um mundo que foge ao nosso controle e até por reconhecer a nossa insignificância, dar valor a vida sobre o quanto ela é breve. E sejamos francos, quando até o fucking Lula vou regular a imprensa e me vingar de todos chama a atenção de quer um humor tá chato pra cacete e morreu com o Chico Anysio, você vê que a parada tá embaçada demais...




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