Uma das séries de TVs mais notórias de todos os tempos e que sem dúvida foi crucial para a popularidade de Batman foi a série de 1966, com Adam West e Burt Ward nos papeis do Homem-Morcego e seu sidekick, Robin. A série é conhecida principalmente por ser camp e galhofa e foi idealizada pelo visionário produtor de Hollywood William Dozer. Sou meio dividido com relação a essa série. Por um lado, ela foi responsável pelas pessoas em geral não levarem o Batman a sério por décadas. Está certo que os leitores de quadrinhos sabem que o personagem teve muitas histórias sérias depois da série, mas a maioria, não. Por outro lado, a rigor, Batman só tem a popularidade que tem hoje no mundo por causa dessa série.
Acredito que, se não fosse pelo seriado, o personagem até seria popular nos EUA, mas no resto do mundo, não. E, vamos ser francos, o Batman vinha também tendo umas histórias bem galhofas nos quadrinhos naquela época. O Batman do Dick Sprang é um pouco antes da série de TV. E, se a gente for fazer uma comparação com a série do Batman dos anos 60 e Gotham, por exemplo, qual é a melhor série? A do Batman, claro.
Neste post, comento sobre os dois primeiros episódios da série, Hi Diddle Riddle e Smack in the Middle, ambos dirigidos por Robert Butler. No enredo, o Charada, interpretado pelo histérico Frank Gorshin, foge da penitenciária, ao mesmo tempo em que um bolo explode na Embaixada da Moldávia. A Dupla Dinâmica acredita que há relação e consegue surpreender o Charada rendendo um curador com uma arma. Quando Batman parte para cima do vilão, aparece a imprensa e fotografa a ação. Foi tudo uma armação do Charada. O vilão tinha emprestado uma peça para o curador, e a arma na realidade era um isqueiro.
Batman é então intimado e processado por
agressão, e deve ser obrigado a ou pagar uma quantia exorbitante para o
Charada, ou então revelar sua identidade. Sem saber o que fazer, a Dupla
dinâmica decide investigar uns associados do Charada em uma boate. Batman entra
no estabelecimento, mas, Robin, como é menor de idade, tem de ficar esperando
no Batmóvel. Chegando na boate, obviamente todo mundo reconhece o Cruzado de
Capa, mas Batman diz que para o garçom que "não quer chamar atenção".
Um cara vestido de morcego aparece em uma boate e diz que não quer chamar
atenção, tá bom.
O herói chega na teúda e manteúda do Charada, Molly, vivida por Jill St. John, que também foi a Bond girl Tiffany Case, em 007 - Os Diamantes são Eternos, com Sean Connery. Jill pode morrer realizada, pois foi tanto Bond girl quanto "bat girl". É nesse episódio que Batman faz a famosa dança Batusi com Molly, a dança que marcou gerações. Molly droga Batman, e Robin, por sua vez, resolve investigar por conta própria, mas acaba capturado pelo Charada.
Na
Mansão Wayne, Bruce está desesperado por causa do sumiço do Robin. Alfred
também diz que a tia Harriet está em pânico porque viu que ele e Dick não
dormiram em suas camas. Vale dizer que a tia Harriet existe nos quadrinhos e
que ela não é tia do Bruce, é tia do Dick. O Charada faz Robin ligar para
Batman; claro que é uma armadilha do vilão, que põe Molly disfarçada de Robin.
O Cruzado de Capa leva Robin/Molly para a Batcaverna, que se revela. Óbvio que
Batman já sabia que era Molly o tempo todo e tinha sabotado a arma dela.
Molly entra em pânico e acaba caindo para a
morte no reator no Batmóvel. Batman fica triste e lamenta pelo destino da
"pobre criança". O herói então resgata o verdadeiro Robin, e juntos
sabotam o plano do Charada, que era roubar as joias do Mamute da Moldávia, se
escondendo dentro do mamute. Batman e Robin aparecem, e tudo termina em
pancadaria cheia de onomatopeias. O Charada "morre" em uma explosão,
só que não, obviamente voltaria a atazanar a Dupla Dinâmica em vários futuros episódios.
Esses dois primeiros episódios já apresenta algumas
das características da famosa série, a atmosfera camp, o humor com
roteiro que transitava entre o inteligente e o pastelão, a garota do vilão, que
em certa medida sempre se apaixonava por Batman, os capangas burros do vilão,
atuações caricatas e exageradas, quando não canastronas mesmo, e a tradição do cliffhanger,
de finalizar o episódio sempre com os heróis em apuros, em uma armadilha do
vilão, para que consigam escapar no episódio seguinte.
Vale dizer que o Charada maníaco e histérico de Frank Gorshin serviu de base para o Charada de Jim Carrey, em Batman Eternamente, uma vez que Carrey evidentemente não se interessou em saber como era a personalidade do Charada nos quadrinhos. Aliás, a série de 66 influenciou na caracterização caricata dos vilões tanto dos filmes do Batman de Tim Burton quanto, obviamente, nos de Joel Schumacher, apesar da diferença geracional e da proposta de fazer um Batman mais “sério”.
0 Comentários