Venom - Review

 

Estava na dúvida se faria um review ou não de Venom, porque, francamente, o filme não é grande coisa. Já tinha o assistido no cinema e também o reassisti há pouco tempo na Netflix. No entanto, como já tinha escrito sobre o filme antes, achei que poderia sim ser pauta para uma postagem.

Venom é um personagem que tem certa importância para mim como leitor de quadrinhos de super-herói. Ele foi o primeiro vilão do Aranha realmente monstruoso. O herói tem muitos vilões galhofas e alguns ameaçadores. De destaque, considero o Duende Verde, o Chacal e o Duende Macabro como os mais ameaçadores, em que dava para ver a expressão de maldade deles. Me lembro que o Duende Macabro, que era o arqui-inimigo do Aranha anterior ao Venom, transmitia uma grande sensação de ameaça.


Entetanto. um vilão que tivesse efetivamente essa dimensão gráfica de ser monstruoso, o teioso não tinha enfrentado ainda até o bocudo aparecer. O Aranha tem alguns monstros em sua galeria de vilões, como o Lagarto, Morbius, Stegron e Homem-Lobo, mas Venom deu um upgrade na monstruosidade. Já digo que Venom não é meu vilão preferido do Aranha, mas que quando ele apareceu foi uma sensação. Eddie Brock era um jornalista que tinha uma motivação para odiar o Aranha meio besta: ele culpava o herói por ter o feito cair em descrédito como jornalista por ter prendido o vilão Devorador de Pecados. Então, o simbionte que era o uniforme negro que o Aranha adotou nas Guerras Secretas se une a ele, e assim surge o vilão Venom, que é fusão do ódio de Ed Brock com o ódio do Simbionte, que foi rejeitado por Peter Parker e quer vingança.

O que ajudou o sucesso do vilão foi o design de Todd McFarlane, que o fazia bem monstruoso e era muito inovador para a época. Venom já começa dando um apavoro na MJ e ameaçando os entes queridos de Peter. Para o azar do escalador de paredes, ele era imune a seu sentido de Aranha e podia surpreender o herói quando bem quisesse. Ao contrário de outros vilões, como Duende Verde, Doutor Octopus ou Duende Macabro, Venom não era um grande estrategista, e, na maioria das vezes, seu plano consistia em levar o Aranha para algum lugar e comer o cérebro dele. Até o Mystério tinha planos bem mais elaborados que o Venom. O personagem passou então a ser odiado por uma parcela considerável dos leitores, que o consideravam mais um lixo dos anos 90, apesar de o vilão ter sido criado no final dos anos 80. Começaram a criar os derivados do Venom, como o Carnificina e outros, e aí é que a merda começou a feder mesmo.


 Enfim, chegamos ao filme do Venom. E obviamente todo mundo se lembra do Venom de Homem-Aranha 3. Portanto, ele nem é um personagem inédito nos cinemas. Nem preciso dizer que esse filme do Venom é escancaradamente caça-níquel, fruto do desespero da Sony de querer ganhar dinheiro com os personagens da franquia do Aranha. Pior que eles escolheram um diretor bom, Ruben Fleischer, que é o mesmo de Zumbilândia. No enredo, uns simbiontes entram em contato com o foguete onde estavam alguns astronautas e chegam à Terra. Um dos astronautas inclusive é o John Jameson, filho de J. J. Jameson. Nos quadrinhos, John se tornou o vilão Homem-Lobo. Quando os simbiontes chegam à Terra, eles são descobertos pela corporação do empresário e cientista mau-caráter Carlton Drake, interpretado por Riz Ahmed, que começa a fazer uns experimentos com eles.



Um dos problemas do filme é que ele atira para todos os lados e acaba não se adequando direito a nenhum gênero. Começa como terror, o que creio que seria a abordagem mais promissora. O simbionte vilão do filme, Riot, entra nas pessoas de uma forma que lembra o clássico Invasores de Corpos. Se tivesse ficado nessa toada terror, acho que o filme seria mais legal. Mas então se lembraram que o público-alvo é moleque, PG-13, e mudaram para um tom mais de comédia de super-herói, sendo que Venom deveria ser um vilão, se torna um anti-herói e no final é quase um super-herói mesmo. Tom Hardy está com uma veia cômica apurada. Preciso dizer que é ele que leva o filme nas contas. O Eddie Brock dele é um jornalista que não respeita a autoridade. O problema é que ele é burro. O cara sabe que a mulher (interpretada por Michelle Williams, a viúva do Heath Ledger) trabalha para o tal Carlton Drake, aí fuça no notebook dela enquanto ela está dormindo. Santa burrice, Batman! Eddie acaba irritando Drake durante uma entrevista, é demitido da emissora de TV em que trabalha e também faz sua mulher ser demitida.

Seis meses depois, Eddie está vivendo totalmente fudido, arruinado como jornalista. Então, uma das cientistas que trabalham no laboratório do Drake entra em contato com ele revelando os experimentos que estão fazendo com mendigos e os simbiontes. A princípio, Eddie não quer se envolver, mas depois percebe que está na merda por causa do Drake e topa invadir o laboratório. Lá, Eddie encontra uma mendiga que conhecia que estava com o simbionte e que acaba passando o treco para ele. Eddie escapa do laboratório com uns superpoderes que não entende muito bem.


O resto do filme é só o Eddie descobrindo que tem o simbionte e tendo de escapar dos capangas de Carton Drake. Estavam comparando esse filme até com O Máskara, o que faz certo sentido, pois é a história de um cara normal que entra em contato com alguma coisa que o transforma, e também porque há muito humor em ambos os filmes. Mas acho que não dá para comparar porque O Máskara é muito melhor que Venom. No entanto, há muito humor no filme, sim. A gente achava que seria mais sério, mas vai muito pelo lado mais “engraçalharo” mesmo. O Venom no filme está enorme. Nunca vi uma versão do bicho tão grande antes. Tem uma cena em que o Venom enfrenta uns policiais que é a melhor do filme, em termos de ação. Na maioria das cenas, ele aparece à noite, o que esconde os erros de CG. E o bicho come gente, sim. Engraçado que ele come a cabeça dos bandidos e não sai sangue. É um filme para criança em que o personagem principal come cabeças. E tem até a She-Venom em uma cena do filme.

Venom diz para Eddie que ele está na Terra para poder comer gente (no bom ou no mal sentido, não sei como você interpreta), mas depois fica gostando do planeta e quer impedir o plano de Drake/Riot de trazer o resto dos simbiontes para a Terra. O roteiro do filme é bem fraco mesmo, bem inconsistente. E tem cameo do Stan Lee, apesar de ele não ter porra nenhuma com a criação do Venom. Seria mais justo se o Todd McFarlane fizesse uma ponta. Tanto Stan Lee (que Deus o tenha) quanto McFarlane são dois grandes maus-caracteres dos quadrinhos, mas o mais justo é que McFarlane fizesse a ponta. Há duas cenas pós-créditos: uma com o provável vilão do próximo filme que até a torcida do Flamengo sabe quem é; e outra com cinco minutos do desenho do Aranhaverso. E esse trecho do desenho é a melhor coisa do filme, e não tem nada a ver com o Venom. E, sim, não tem nenhuma referência ao Aranha no filme, nada, zero, neca. Tem referência até ao Superman, mas não ao Aranha.

E a sequência, Venom 2 - Tempo de Carnificina? Baixei o filme, mas ainda não assisti. Quando assistir, talvez faça um review aqui também, se não tiver preguiça. Nota 4,5 de 10.

 

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