Meu Deus do Céu, que gibi mais caça-níquel! Pediram para Brian Michael Bendis escrever uma história com Demolidor, Punho de Ferro, Luke Cage e Jessica Jones, com o objetivo de aproveitar a série dos Defensores da Netflix. Mas acabou que essa série ficou abaixo da crítica, a Netflix cancelou as séries da Marvel, e Bendis saiu da editora e foi cagar o Superman na DC. Então, ler essa HQ é meio fora de timing. O título Os Diamantes São Eternos é uma referência mais do que óbvia a James Bond.
Não que ela seja a pior coisa do mundo; é até legível. Na Marvel, meio que existia um "Bendisverso", que eram personagens que Bendis gostava de escrever. E o quarteto dessa HQ são alguns desses personagens. Talvez com exceção do Punho de Ferro; acho que o escritor não trabalhou muito com o personagem. Mas Bendis escreveu uma das mais memoráveis fases do Demolidor, criou Jessica Jones, e Luke Cage era figurinha carimbada nas histórias de Alias, Demolidor e Novos Vingadores. E é bom ver Bendis trabalhando com personagens mais urbanos de novo também.
No enredo, o antigo arqui-inimigo de Luke Cage, Willis Stryker, o Cascavel, aparece novamente vivo. Depois de Demolidor, Punho de Ferro e Luke Cage detonarem a boate do vilão, ele resolve ir atrás dos heróis. Assim, Cascavel explode a Heróis de Aluguel, ataca as empresas Rand e pratica um atentado contra Matt Murdock. Detalhe: as memórias de todos quando a Matt ser o Demolidor foram apagadas, com exceção do Foggy, do Homem-Púrpura, das crianças púrpuras e agora do sidekick do Demolidor, o Ponto Cego.
Não satisfeito com tudo o que fez, Cascavel ainda mete umas balas em Jessica Jones, bem no escritório dela. Sentindo-se vulneráveis, os heróis resolvem se unir como a equipe improvisada "Os Defensores" e partir para cima do Cascavel. Mas isso não será tão fácil. Alguém está por trás do vilão e está o financiando. Sem contar que agora Cascavel tem força sobre-humana, talvez por causa da droga IGH (Hormônio de Crescimento Inumano). Em uma sequência, ele quase parte a espinha do Punho de Ferro. O vilão também quer roubar o território da Gata Negra e do Cabeça de Martelo, e a guerra é iminente.
Bendis aproveita para botar uns outros personagens da Marvel como participações especiais. Por exemplo, tem uma sequência em que o Blade aparece, para ajudar Luke Cage. E é uma participação gratuita, com o Blade com o aspecto do Wesley Snipes (apesar de que provavelmente nunca mais veremos o ator como o personagem). O Justiceiro também faz sua participação e entra em conflito com os heróis. Bem como a Enfermeira Noturna, que é outra queridinha do Bendis. Idem, o Rei do Crime. Até o Hellstrom, o Filho de Satã, dá as caras, só para revelarem que a Jessica já dormiu com ele, na época em que era bêbeda e promíscua. Que informação desnecessária, não? Ah, e o Miles Morales Menino-Aranha também. A história terminará em outro encadernado. Como Bendis picou a mula da Marvel, e a série da Jessica Jones foi cancelada na Netflix, essa deve ter sido uma das últimas histórias em que a Jessica foi protagonista, infelizmente. Sem o Bendis na Marvel, devem botar a personagem na geladeira ou até matá-la, se não souberem o que fazer com ela. Bom, matar, acho que não a matam porque há uma nova diretriz da Marvel proibindo de dar fim em personagens mulheres.
Engraçado que o Bendis no início de carreira
era um escritor que todo mundo pagava pau, vindo de HQs independentes da Image
como Jinx e Torso. Depois que ele assumiu os roteiros de Homem-Aranha
Ultimate, Demolidor e Alias, tornou-se um dos grandes autores
da Marvel, mas, com o tempo, foi ficando massificado, principalmente quando começou
a escrever Os Novos Vingadores, e passou a ser alvo de hate de
boa parte dos leitores. Bendis é o novo Chris Claremont, mas para Claremont
demorou uns quinze anos até que passassem a dizer que o trabalho dele ficou
ruim; Bendis levou bem menos tempo.
No entanto, não nego que Bendis inovou muito o
meio dos comics com seu estilo. O que ele fez foi basicamente transcrever
a linguagem das séries de TV para os quadrinhos de super-herói. Lendo uma HQ de
Bendis, a gente já reconhece que é dele só pelos diálogos. Se, por um lado, isso
distingue o autor, por outro, torna seus cacoetes imediatamente reconhecíveis.
Outra característica de Bendis é “enrolar” demais. Uma história que poderia ser
contada em seis edições acaba por tomar doze números de uma revista. Mas isso
não é culpa só de Bendis, mas também da maioria dos escritores de quadrinhos
contemporâneos, que gostam de estender a história para compilar tudo em encadernados.
É a tal “narrativa fragmentada”.
Esse encadernado tem os competentes desenhos de David Marquez, que ajudam a história a ficar melhor, uma vez que Bendis já não escreve bem há muitos anos, e o roteiro dessa HQ de Os Defensores é meio insosso. Nota 7 de 10.
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