Sim. Somos um País de Maricas.


O intrépido Bolsonaro bem que tentou. Todos vimos e somos testemunhas de que ele tentou. Contra a sua natureza de macho das antigas, Bolsonaro tentou e se esforçou em adotar uma postura e um tom mais comedidos em suas aparições e em seus pronunciamentos - talvez o fugaz vislumbre de uma trégua e do início de uma política de boa vizinhança com certas alas da política e da grande mídia. Tentou ser mais manso, mais contido, mais moderado. Tentou sorrir e parecer simpático àqueles cujo desejo é o de esganar. Tentou ser mais político, na pior acepção da palavra. Tentou, enfim, ser um fingidor; adjetivo que só cabe ao poeta, que, no fundo, é um maricas. 

Mas há um limite para tudo e para todos. Mais ainda para a paciência e para a boa vontade de um macho das antigas. Bolsonaro não recebeu nenhuma contrapartida positiva de seus adversários políticos e da grande mídia por sua incipiente e canhestra polidez. Antes pelo contrário, só chumbo grosso e perfídias e trairagens estão a despontar e a raiar em seus horizontes.

O ex-juiz Sérgio Moro, a quem Bolsonaro confiou o mais alto cargo da Justiça do país, não só deixou o cargo cuspindo no prato em que comeu, dizendo que possuía provas contra graves improbidades cometidas pelo Presidente, sem, no entanto, nunca ter apresentado nenhuma, como agora, aparentemente, pretende lhe fazer frente nas eleições de 2022, coligando-se ao mauricinho global Luciano Huck. Não bastasse, vem sendo também aventada a possibilidade da candidatura do general Hamilton Mourão para 2022, por algum partido do centrão. Até tu, Mourão? Militar das antigas a quem Bolsonaro condecorou como o seu segundo-em-comando.


Pois ele voltou! O Mito voltou novamente! Bolsonaro mandou às favas e à merda qualquer possibilidade de alianças políticas futuras e de ser elogiado pelo William Bonner em horário dantes mais nobre da televisão brasileira. Mandou à puta que o pariu o comedimento e o centrão de Rodrigo "Nhonho" Maia, o Marquês de Rabicó da Câmara dos Deputados. Pois deles, do comedimento e dos mercenários de nossa política, Bolsonaro não precisa. Nunca precisou.

Amado por uns, odiado por outros tantos, o fato, queiramos ou não, é que Bolsonaro perpetrou uma façanha notória e inédita na história política do país :  elegeu-se Presidente da República sem ter feito nenhum acordo, coligação ou conchavo com ninguém; nem com outros partidos nem com empreiteiros nem com os poderosos e onipresentes canais de televisão. Bolsonaro se fez Presidente sozinho. E sozinho, mostra agora, continuará a se fazer. Bolsonaro envergou a faixa presidencial ao peito sem dever absolutamente nenhum favor de campanha, sem ter leiloado pastas e ministérios como garantia de apoio político.

No país do homem cordial, onde a troca de favores e, mais ainda, de favorecimentos é a moeda corrente, muito melhor cotada que o dólar e o euro, é inadmissível que alguém chegue à Presidência da República sem dever nada a ninguém, sem ter o rabo preso e comprometido com a canalhada da Câmara e do Senado. Essa é a grande mágoa, o grande ranço do establishment político, econômico e midiático contra Bolsonaro, saber que ele chegou lá sem pedir as bençãos deles. O resto, o resto é pretexto, é subterfúgio, são desculpas esfarrapadas, é birra e esperneio de quem foi alijado da mamata a que estava habituado.

Bolsonaro voltou a ser Bolsonaro. E voltou com tudo. Sem economizar munição de sua metralhadora giratória de uso exclusivo das Forças Armadas. Ontem, em poucas palavras, que Bolsonaro não é homem de lero-lero nem de vem cá que eu também quero, o Capitão estarreceu jornalistas, comentaristas políticos, articulistas e outros VPC (viadinhos politicamente corretos). Mostrou que Bolsonaro ainda é Bolsonaro. Que é só o que ele sabe ser.

Sobre a gripe chinesa, sobre o comunavírus, o Messias lascou : "A pandemia foi superdimensionada". Será? Será que a pandemia chinesa foi mesmo superdimensionada pelas lentes distorcidas e sempre mal-intencionadas dos meios de comunicação dominantes?

O prefixo super-, do latim, quer dizer "sobre", "além de", "acima de". Porém, não especifica o quão acima, o quão SUPERior. Aos afeitos aos quadrinhos, como um dia eu fui, é mais que conhecido e recorrente o termo super-humano, alguém com dotes e atributos além dos humanos, acima deles. E pode ser aplicado desde ao Super-Homem, capaz de arrancar um planeta de sua órbita com um único soco, até ao Capitão América, um atleta anabolizado pelo supersoro, bem treinado e disciplinado pra cacete e que consegue levantar, segundo o site marvel.fandom.com, 360 kg. O termo super, portanto, abrange uma larga gama de possibilidades.Valendo-me, pois, da inespecificidade do prefixo super e, por conseguinte, de sua enorme plasticidade, digo-vos que sim, digo-vos que a pandemia foi superdimensionada.

O vírus existe, é claro. Foi bem criado. A pandemia e o comunavírus são, sem dúvida ou qualquer questionamento, dignos de atenção, apreensão e vigilante prevenção. Mas serão dignos de todo esse alarde, alarmismo e terrorismo midiático ao qual estão a nos submeter nos últimos seis ou mais meses? Duvido muito. Dignos da implosão e do sucateamento da economia? Duvido mais ainda. Alguns setores não só continuaram em atividade como até experimentaram uma expansão durante a pandemia; a exemplos, os supermercados e o ramo das reformas residenciais e prediais. Será que houve um número maior de contaminados e de mortos entre os trabalhadores dos serviços ditos essenciais do que entre os que ficaram em home office ou entre os que perderam seus empregos? Duvido muito que pesquisas tenham sido feitas a esse respeito. Se alguns serviços foram mantidos, tomando-se os devidos cuidados, por que não todos? Não sei em que grau do amplo espectro abarcado pelo prefixo super Bolsonaro coloca o superdimensionamento da pandemia, mas que ela foi superdimensionada, foi.

Bolsonaro seguiu dizendo : "A manchete amanhã. ‘Não tem carinho, não tem sentimento’. Tenho sentimento com todos que morreram. Tudo o que eu falei sobre o vírus lá atrás, e eu apanhava como um cão sarnento em porta de igreja, se comprova que é verdade agora. Até a isenção de impostos para vitamina D. Isolamento vertical, que não podia ser daquela forma. ‘Fique em casa, economia a gente vê depois’ –afundaram vocês".

Nesse caso, na primeira parte, quando diz que, ao contrário do que pensam dele, ele lamenta os 160 mil mortos pelo vírus chinês, Bolsonaro mente. Como eu também mentiria caso dissesse o mesmo. Como também vocês, meus cada vez mais minguados leitores, a não ser que tivessem vítimas da Covid-19 entre os seus entes queridos, estariam a mentir se afirmassem o mesmo. Até, e principalmente, o VPC que dissesse sentir empatia não só pelos mortos como por toda a humanidade e quiçá pelo planeta estaria mentindo. Ninguém sente ou lamenta, de fato, a perda do outro, que lhe é desconhecido e distante. Não existe isso de empatia pela dor do semelhante. Aliás, nem existe essa balela de empatia. Que tal sublime e tão apregoado sentimento é fake, é uma construção social. É mais uma invenção do serumaninho sensível e civilizado, geralmente um inútil e um perdedor, que, muito mais interessado do que em ajudar com o fardo do infortúnio alheio, está a querer é que se apiedem e se condoam de seus fracassos. Que tal reação, tal desconforto que nos acomete frente às tragédias daqueles que não nos são próximos não é empatia. É medo. É cagaço de que ela, a tragédia, venha também bater à nossa porta e às dos nossos. É o alarme de nosso instinto de sobrevivência. Este sim, um sentimento natural, gravado a ferro, fogo, adenina, timina, guanina e citosina no nosso DNA e no de todas as outras espécies. Mas até o necessário ditame biológico de primeiro sobreviver para depois, se for o caso, salvar o outro é tido hoje como politicamente incorreto. Foi, assim, esse alarme biológico, conspurcado e transformado em empatia. O Zezinho morreu de Covid-19 lá no Acre. Ficou triste por ele? Sentiu empatia? O caralho. Ficou é com medo. Ficou em alerta pela possibilidade de também acontecer com você. Como eu disse, nessa parte, Bolsonaro mentiu.

Acertou em cheio, no entanto, na sequência, acertou que a vida não pode parar em detrimento dos mortos, que os vivos não podem se acovardar e estagnar frente a iminência da morte. Acertou na mosca, o Mito. Ora porra, estamos na iminência da morte desde o momento em que fomos dados à luz. Antes disso, até. Estamos na iminência da morte desde o instante de nossa fecundação no útero, desde o momento em que o espermatozoide do pai fez fiu-fiu, passou uma cantada no óvulo da mãe e este, ao invés de processá-lo por assédio sexual, se abriu e se arreganhou para ser penetrado. Desde que éramos um inocente zigoto estávamos na iminência da morte. Poderíamos não nos ter bem fixado ao endométrio materno, poderíamos ter nos mal dividido e malformado. Poderíamos ter sofrido um aborto, espontâneo ou praticado por alguma feminista que defende a vida dos bebês-focas e bebês-tartarugas e é militante convicta do fetocídio humano. Vivemos na iminência da morte. E se a vida é sagrada (há controvérsias), mais sagrados ainda os meios que permitem a sua manutenção, as atividades econômicas, no caso. Parar com a vida pela iminência da morte? Por isso? Só por isso? Melhor seria que nem a tivéssemos começado.

E se a porcentagem de infectados e de mortos pelo vírus chinês na população brasileira é superior à maioria dos outros países, a culpa também não é de Bolsonaro. É da falta de educação congênita do brasileiro. O brasileiro tem orgulho de ser grosseirão e mal-educado. Valoriza o "jeitinho" e despreza toda e qualquer regra (regra, para ele, é autoritarismo), não tem nenhum respeito pela ordem, hierarquia ou disciplina. Eu mesmo, durante esta pandemia, no mercado em que me abasteço, tive que, por várias vezes, discutir com pessoas atrás de mim na fila do açougue, dos frios, do hortifruti, do caixa etc e fazê-las observar e obedecer às marcas de distanciamento impressas no chão. Todos me fizeram cara de cu. Um até tentou acalorar a discussão, mas foi aconselhado a não pelo atendente do balcão, que ameaçou chamar o segurança caso ele não respeitasse as marcações. Culpa do Bolsonaro, a escrotice desse sujeito? Que é aquele tipo de verme que faz churrasco na calçada de casa e bota sertanejo universitário no máximo volume para incomodar a vizinhança? Culpa do Bolsonaro, o sujeito ser o tipo de verme que eu, caso possuísse os supracitados atributos super-humanos, a todos de sua lais exterminaria? Não, claro que não. A eleição de Bolsonaro para a Presidência da República pode até ser um reflexo dessa falta de educação do brasileiro. Um dos efeitos dela; jamais a causa.

Para fechar com chave de ouro e coroar o bolo com rutilante e rubra cereja, o Capitão disparou : "Tem que acabar com esse negócio, pô. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas, pô".

Somos mesmo um país de maricas? Sim, somos. Não éramos. Nem sempre fomos. Broncos, chucros, ignorantes, iletrados prepotentes, sim, sempre fomos um país de. De maricas, começamos a ser quando nos passou a ser conveniente, vantojoso e mesmo lucrativo. Começamos a nos tornar um país de maricas a partir da Constituição de 1988, a malfadada "Constituição Cidadã", a maldição nos legada pelo safado do Ulysses Guimarães.

Carta Magna que abre suas páginas nos declarando todos iguais perante a lei, para depois, logo em seguida, fragmentar-se, segmentar-se e promover a segreção favorável de certos grupos da população em Estatutos especiais. Estatutos, estes, que são verdadeiras cartilhas de criar indolentes, vagabundos, moleirões e encostados de todos os tipos. Estatutos, estes, que são verdadeiros bunkers a blindar os seus escolhidos de todas as adversidades e contrariedades da vida; inclusive e sobretudo a de ter que trabalhar, de ter que pegar no batente.

A partir da promulgação da desgraça desta Constituição, todo mundo começou a se autodeclarar vítima de alguém ou de alguma coisa, todo mundo começou a querer um estatuto para chamar de seu. Viramos, sim, em pouco mais de três décadas, um país de vitiminhas, de ofendidinhos, de melindrados, de coitadinhos, de mimizentos, de frouxos, que barganham facilmente os seus brios e dignidade por qualquer esmola governamental. Ou seja : um país de mariquinhas.

Em certos ambientes sociais, é muito benquisto o cara que se declara fraco e em posição de vulnerabilidade, o maricas que, ao invés de tomar as rédeas da própria vida nas mãos e virar gente, prefere viver da comiseração alheia - e dos impostos alheios também, é claro. Ser maricas hoje em dia no Brasil é legalmente vantajoso e bem visto socialmente. É a viadagem institucional.

Sim, Bolsonaro está certo. Somos um país de maricas. Temos que parar de sê-lo? Sim. Deixaremos de sê-lo? Duvido muito.

Bolsonaro, afasta de mim esse cálice. De Guaraná Jesus rosa de purpurina!

em tempo : e teve um singelo recadinho até para o recém-eleito Joe Biden, que nem se sentou ainda à Casa Branca e já está querendo meter o bedelho na Amazônia : "Assistimos a um grande candidato a chefia de Estado (Biden) dizendo que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, ele vai levantar barreiras comerciais contra o Brasil (...) Apenas na diplomacia não dá (...) Quando acaba a saliva tem que ter pólvora".
    



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