O Labirinto Invisível - Neil Gaiman - Tradução: Érico Assis


Zatara - John Bolton


Fale ao contrário
Porque o tempo não corre ao contrário
Porque caminharei até ter resposta
O grafite ao contrário na parede invisível
Porque estou me adiantando…
Observe meu pó.



O medo é do desconhecido.
Matamos o que não entendemos.
Veja:
Fale ao contrário
Anime um sonho
Veja:
Fale ao contrário
O glamour esconde o medo



A vontade de ir em frente, necessidade ardente.



(Observe meu pó, minha filha,
observe meu pó.)



Preciso de mais que ilusão,
Fazemos com espelhos,
E coelhos
Atanores
E pombos…



Achei que havia encontrado meu caminho
Até o centro do Labirinto Invisível
Mas havia — quem sabe — descoberto nada
Mais do que a entrada.



Observe meu pó.



Quando surge a Magia, quando as luzes se acendem,
Quando visto minha cartola
E meu casaco de muitos bolsos
Quando falo ao contrário…



Então soube que avançava no Labirinto.



E uma vez tendo superado o engano
Superado os outros
Superado “O Grande”, “O Fantástico”, “O Mestre da Ilusão”
Superado todos
Assim que viram meu pó,
Descobri



O vazio
O ponto oco no centro do Labirinto



Sem retorno
Sem caminho de volta



Nem mesmo falando ao contrário
Nem mesmo fazendo o caminho ao contrário



Recuei à segurança,
Ao mundo da ilusão,
Ao palco,
À ribalta,
Todos os olhos sobre mim e ninguém vê.



Porque eu não falo ao contrário
Porque eu não digo



(Etion Meriv Satelobrob)



E a noite não vira borboletas.



Nada de mim dou ao público,
Tanto quanto dou aos espelhos
E fios
E truques
A desilusão da ilusão e a mão que
Engana o olho…



Minha vida é estrobo como o raio de um holofote
E de olhar o inverso posso apenas ver
Os corpos dos animais e dos pássaros
Que se pavonearam comigo ao palco escurecido
E ajudaram-me a lograr todos.



Truques de passarinhos e chapéus de coelhos mortos.



Eles observam meu pó.



Curvo-me pela última vez, com orgulho, o mais
Orgulhoso que
Pode ser um conjurador
Me desfaço em chamas,
Sumo em fumaça.



Não se caminha para trás,
E estou perdido no Labirinto Invisível,
Não posso refazer meus passos.



Escrevi meu nome na parede do
Labirinto Invisível.
Fui tão aplicado en meus estudos:
Entreguei todo meu tempo e meu coração a
Esta busca.



Escrevi meu nome, mas não consigo
Mais encontrá-lo:
Minhas cinzas se espalham como pó pelo
Labirinto Invisível.


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ANEXO

Minha edição de Livros da Magia, que é a da Panini, o encadernado lançado em 2013

John Zatara, ao final da saga Góticos Americanos, escrita por Alan Moore em Monstro do Pântano, se sacrificou para salvar a filha, Zatanna, da fúria da Entidade conhecida como A Besta. No Livro 1 de Livros da Magia, O Labirinto Invisível, Neil Gaiman o insere entre as grandes figuras místicas do Passado que o Vingador Fantasma leva Timothy Hunter a conhecer. O poema acima fala de todo preço pago sfoao se aprofundar no Reino Mágicko, o qual nunca é algo fácil de suportado. Um belo poema onde o quadro mesmo da realidade é direto, uma mensagem para todos os iludidos que pensar sem tal Caminho recheado de rosas, sorrisos e, alegrias e sorrisos. Há sacrifícios a serem feitos junto a inescapáveis preços a serem pagos. 



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