O IMORTAL HULK #01 - #10

 


A nova HQ do Gigante Esmeralda, O Imortal Hulk, chegou esmagando os conceitos que os fãs do personagem tinham dele. O que parecia ser quase impossível o roteirista Al Ewing conseguiu: injetou uma nova e incrível força no título do Verdão. Com uma mistura de ação, horror e terror ele, literalmente, mandou para o inferno a natureza da relação Banner/Hulk, mostrando um novo e terrível lado da vida do amaldiçoado cientista que ousou mexer com forças que imaginava conhecer, mas que se revelaram ser algo muito além do que o seu vasto conhecimento científico estava preparado para enfrentar.


O primeiro encadernado (#01 - #05) trás a frase que marcou sua estreia nos quadrinhos: "Homem, Monstro... Ou Ambos?" e o segundo nos deixa próximos da resposta quando mergulhamos mais profundamente nos horrores que a Porta Verde libera. Todos os superseres cujos poderes tem origem na radiação gama estão vivendo situações complicadas, ligadas ao mistério dessa porta e o que habita do outro lado, a única certeza é a de que sua natureza é maligna, muito maligna mesmo.

O segundo encadernado(#06 - #10), intitulado A Porta Verde, se o primeiro cativa o leitor pela abordagem sobre a natureza dos poderes do Hulk e a nova vida na qual Banner se vê forçado a levar, viajando de um lugar para o outro sempre guiado por impulsos subconscientes do seu outro "eu", agora sua atenção é presa pelos chocantes acontecimentos dessa edição. Parece que o Hulk sempre sabe para onde Banner deve ir, como um imã ele é atraído para locais em que seres gama irradiados estão envolvidos em problemas.



Mas qual o motivo de ser chamado de Imortal agora? 

Banner voltou a sofrer a metamorfose como nos seus primeiros dias: o Hulk só vinha quando o Sol se punha. Embora essa não seja a primeira vez que essa chave seja usada, quando ele passou pela fase cinza também foi assim e ainda não era um momento de ira que o transformava. A diferença é que, agora, o cientista precisa morrer para o monstro aparecer, chegando ao ponto de tirar a própria vida para mudar.



Tudo começa com um dia normal em uma cidade do interior americano, Banner se encontra em um posto de gasolina de volta a sua rotina de andarilho até algo desagradável acontecer: ele é baleado na cabeça durante um assalto, ao cair da noite ele se transforma no Hulk dentro do necrotério como se nada tivesse acontecido. O monstro reaparece para acertar as contas com o infeliz ladrão que se arrepende amargamente do seu ato e, como em poucas vezes visto, ele está mais assustador, inteligente, sombrio e malicioso do que nunca. Algumas referências aparecem homenageando a clássica série de TV: Uma repórter começa a investigar os relatos sobre as aparições do Hulk e seu nome é Jackie McGee, versão feminina de Jack McGee, o repórter que perseguia o monstro e no posto de gasolina da edição 1 vemos a capa do Investigador Nacional, o jornal sensacionalista para o qual McGee trabalhava. Isso e o fato de que o cientista vive fugindo pelas estradas, roubando roupas e se metendo em perigos pelo caminho é o próprio espírito da série.


Outro atrativo dessa nova fase é a arte estupenda do brasileiro Joe Bennet junto ao também brasileiro Ruy José na arte final, além de nos trazer um visual mais clássico ao Hulk, os momentos de maior tensão e horror nos fazem esquecer que estamos lendo uma HQ de herói, parece que estamos com uma revista de terror nas mãos. E não podemos ignorar que as capas são feitas por Alex Ross, todas fantásticas. Não foi à toa a indicação ao prêmio Eisner pelo material incrível, Bennet afirmou que suas inspirações artísticas vieram das publicações da Warren Comics, os famosos quadrinhos de terror publicados aqui na revista Kripta, da Rio Gráfica Editora, nos anos 70. Podemos perceber essas influências nas sequências mais "gore", como quando ele enfrenta um enlouquecido Sasquatch em um hospital, um alterado Homem-Absorvente no deserto e outras criaturas que parecem saídas de pesadelos, sendo ele mesmo aterrorizante. 


Esses dois elementos: os roteiros de Al Ewing e a arte dos brasileiros Joe Bennet e Ruy José tornaram o título do Hulk um dos melhores da Marvel em publicação atualmente, talvez até mesmo o melhor. A Panini optou pela publicação em encadernados. Foi uma boa escolha levando em consideração os últimos desempenhos de revistas mensais encabeçadas pelo Gigante Verde no país, na verdade os fãs tiveram que esperar 15 anos para vê-lo novamente em um título próprio nas bancas, desde 2005 ele vinha vivendo de "aluguel" em Universo Marvel e Marvel Action.


Depois de tudo o que Banner passou, desde sua morte após ser flechado pelo Gavião Arqueiro, a ressurreição pelo Téntaculo, por Arnim Zola e pelas mãos de um dos Anciões do Universo, o cientista não tem mais certeza de que está vivo ou morto, se ele não passa de uma carcaça controlada pelo seu monstruoso alter ego, porém a verdade é que Hulk só existe por causa do Banner e ele é um porto seguro para onde a criatura pode se refugiar. Se Banner morrer é adeus Hulk, ele sabe disso, sabe que precisa do cientista fracote para viver.


Assim quem não pode morrer, mesmo que queira? Banner. Porque, de uma forma ou de outra, ele sempre irá retornar carregando a maldição de se tornar o Hulk, essa sinistra relação entre eles não é explicada desde o inicio, mas durante o desenrolar das situações em que eles se metem, novos detalhes vão surgindo e nos dando mais entendimento sobre esse ciclo doentio de morte e horror em que vivem. Ao final do segundo encadernado somos levados para o outro lado da Porta Verde e, pelo que tudo indica, até o momento estávamos vendo apenas a ponta do iceberg. A descida para o verdadeiro inferno está apenas começando.

Levando em conta os materiais que vem sendo publicados, O Imortal Hulk é um sopro gama de ânimo para os leitores que buscam uma boa HQ para ler em tempos de criatividade escassa.

Altamente recomendado.





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