Publicado originalmente em
aos 01/07/2016
Direção: Anthony e Joe Russo
Produção: Kevin Feige
Produção executiva: Victoria Alonso, Louis D'Esposito, Alan Fine, Nate Moore, Stan Lee e Michael Witcher
Roteiro: Christopher Markus e Stephen McFeely
Baseado em Capitão América de Joe Simon e Jack Kirby
Elenco: Chris Evans, Robert Downey Jr, Scarlett Johansson, Sebastian Stan, Anthony Mackie, Jeremy Renner, Don Cheadle, Paul Rudd, Elizabeth Olsen, Emily VanCamp, Tom Holland, Chadwick Boseman, Paul Bettany, Frank Grillo, Daniel Brühl, Martin Freeman, William Hurt
Música: Henry Jackman
Cinematografia: Trent Opaloch
Companhia produtora: Marvel Studios
Distribuição: Walt Disney Studios Motion Pictures
Lançamento:
Estados Unidos - 6 de maio de 2016
Brasil - 28 de abril de 2016
Brasil - 28 de abril de 2016
Idioma: Inglês
Orçamento: US$250 milhões
Receita estimada: US$1.147.559.253
SINOPSE
Depois dos eventos de ‘Vingadores: Era de Ultron‘, ‘Capitão América: Guerra Civil‘ encontra Steve Rogers liderando o recém formado grupo de Vingadores em seus esforços contínuos para proteger a humanidade. Mas após outro incidente, envolvendo os Vingadores, resultar em danos colaterais, aumenta a pressão política para instalar um sistema de responsabilização, comandado por uma agência do governo para supervisionar e dirigir a equipe. O novo status quo divide os Vingadores, resultando em duas frentes – uma liderada por Steve Rogers e seu desejo de que os Vingadores se mantenham livres para defender a humanidade sem a interferência do governo, e a outra que segue a surpreendente decisão de Tony Stark de apoiar a responsabilização e supervisão do governo.
Inomináveis Saudações a todos vós, Realistas Leitores!
Por força do marketing agressivo em redor do grande filme da Marvel neste corrente ano de 2016, o mesmo recebeu o nome de uma das maiores sagas da Editora em Quadrinhos. Uma saga que profundamente discutiu o teor da segura monitoração dos vigilantes e heróis, uma forma de controle dos mesmos visando a estabelecê-los como superarmas oficiais do Governo Americano. O Homem de Ferro é a favor do famigerado Ato de Registro, no qual todos que assinarem os termos do mesmo tem suas identidades reveladas e direitos assegurados pelo Governo. O Capitão América, temendo que tal modo de controle descambe para uma forma autorizada de restrição das liberdades civis dos Super-Heróis e vigilantes, toma o controle da resistência contra o Ato. A partir daí, uma Verdadeira Guerra Civil toma conta do Universo estabelecido pela Marvel para a ocorrência do mesmo, cujas maiores consequências foram tornar Tony Stark em um dos personagens mais odiosos da Editora e Steve Rogers em um mártir.
Baseado nessa premissa, a versão cinematográfica da citada saga teria tudo para ser apresentada em toda sua plenitude, consistência e substância no Cinema se a Marvel não se adiantasse na pressa de dar uma resposta á Distinta Concorrente em relação a Batman Vs Superman. Como bem li em diversas críticas pela Internet, se o estúdio tivesse a paciência de segurar a trama até o início da Fase 4, teríamos, então, um caminho melhor pavimentado em torno do tema, que, ao invés de se concentrar em um filme, abarcaria sete ou nove daquela Fase. Não há nada de autêntica Guerra Civil em Capitão América: Guerra Civil; o que se vê no filme e foi antecipado pelo título desta resenha é uma caçada a Bucky Barnes (Sebastian Stan), o Soldado Invernal, em uma trama que, se não chega a ser melhor ou a estar no mesmo patamar de excelência do segundo filme do Capitão (o qual eu e muitos consideram como o melhor filme da Marvel), não deixa de ser um ótimo filme. Filme este que fica marcado pela falta de um investimento maior em um roteiro mais denso, profundo e fundamentador de discussões mais firmes sobre o tema principal do mesmo.
A Disney deveria se manter afastada das produções de filmes da Marvel que denotem uma maior seriedade, como este. Claramente se percebe a amenização do pesado clima que a história exige desde que, no começo da discussão acerca da implementação do Tratado de Sokovia, mantendo os heróis sob a jurisdição governamental, tudo não chega à densidade psicológica exigida. Em meio a tal interferência, Anthony e Joe Russo fizeram o que puderam, muitas vezes seguindo a exigência de “leveza” do estúdio para o qual trabalham. A marca registrada da imensa maioria dos filmes da Marvel, os alívios cômicos (muitas vezes, até, surgindo em momentos tensos e dando estranheza à sequência), foram utilizados com moderação pelos irmãos, mas foram desnecessários, a meu ver. Como parte de uma premissa bastante séria, algumas pontuações cômicas, até mesmo um tanto quanto forçadas, resultam em um efeito de deslocamento em um filme que deveria ser 100% sério. A mão da direção executiva da Disney, pensando apenas em não aumentar a classificação etária, o que lhes traria um retorno financeiro maior, pesa bastante.
No entanto, como escrevi acima, o filme, apesar dessa clara interferência, não deixa de ser interessante, tanto em algumas sequências de ação quanto nas de diálogos. Chris Evans e Robert Downey Jr. estão excelentes em seus papéis, com intensa carga dramática e densidade que antes não foram vistas em nenhum filme que protagonizaram no Universo Cinematográfico Marvel. A tendência da grande maioria das críticas é enaltecer apenas o segundo ator, mas Evans se sai muitíssimo bem ao carregar a oportunidade de demonstrar o peso de um dilema moral a mastigar-lhe a alma e que fica explosivamente nítido ao final do filme. Em seu trabalho, demonstrando um vigor e interesse que não foram vistos em A Era de Ultron, Downey encarrega-se de uma brilhante interpretação como um homem atormentado pela culpa e responsabilidade por cada morte acidental provocada pelas ações dos Vingadores. Há várias nuances nas interpretações dos dois que se complementam de modo harmonioso no que toca às motivações que levam-no ao embate ideológico, físico e moral proposto pelo roteiro. Dentro deste, porém, um melhor acabamento poderia desenvolver com maior potência o conflito entre os dois que leva à divisão do grupo. De novo, enfoco a pressa e o pouco tempo do filme para tratar com mais apuro tudo que está em jogo.
E tempo em tela é o que Zemo (Daniel Brühl) não tem para que seu plano é motivações sejam melhor desenvolvidos. Apesar da firme atuação de Brühl, é como se a sua função fosse basicamente estar ali para dar um motivo a mais para a divisão dos heróis. Seu plano é inteligente, metódico e bem trabalhado; o alcance do mesmo em seu conclusivo sucesso, ao fim, depende muito de circunstâncias favoráveis e coincidências de probabilidades para poder plenamente funcionar. É como se a lógica dos Quadrinhos se transportasse na elaboração de tal plano, o que muitos não entenderam e transformaram, simplesmente, em “furos de roteiro” em suas críticas. O esforço para ligar os comos e os porquês de cada passo dado por Zemo deve vir do espectador que deve ficar bem atento a detalhismos aparentemente quase invisíveis. Detalhes podem confundir em muitos filmes, mas neste estão a todo momento salpicando na tela aos que estão mais atentos.
Falando em interpretação, cada ator tem um momento específico em tela, equilíbrio dinâmico que os torna bem apresentados no longa. Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bethany) demonstram química e carisma, desde já percebidas no primeiro momento em tela dos dois. Cabe aqui dizer que eles merecem um filme, abrindo caminho para a exploração do Lado Místico da Marvel além do Dr. Estranho que vai estrear ainda este ano nos cinemas. Caso algum visitante deste blog a ler esta resenha não saiba, os Poderes Psíquicos de Wanda Maximoff estão ligados à Magia do Caos. Esta nem chegou a ser mencionada ainda no UCM, mas seria bastante interessante ver a inserção da enigmática Agatha Harkness como a Mentora Espiritual de Wanda. Abro espaço aqui para esses comentários porque os dois são meus personagens preferidos no UCM desde que surgiram naquela bomba chamada A Era de Ultron. Após eles, creio que a única dos personagens mais antigos no Cinema que também merecia um filme é a Viúva Negra, já que desde Soldado Invernal a interpretação da Scarlett Johansson tem sido mais firme, segura e fluente. Em comparação ao que foi visto em suas aparições anteriores, a Natasha Romanoff dela evoluiu bastante, conquistou milhares de fãs pelo mundo inteiro e não é apenas uma mulher sensual trajando um collant negro coladíssimo ao corpo. Mesmo com diminuto tempo em tela, mostrou presença e me agradou bastante, já que houve um tempo em que eu não achava nenhuma graça na Scarlett como atriz. Me enganei, felizmente, e está mais do que na hora da realização de um filme somente dela.
Homem-Formiga (Paul Rudd), Homem-Aranha (Tom Holland) e Pantera Negra (Chadwick Boseman) roubam cada cena na qual surgem, se sobressaindo após Stark e Rogers. Os três atores interpretam seus personagens com extrema dignidade e entrega, positivamente agregando muito ao contexto da continuidade do filme. O primeiro é o responsável pela melhor cena de todos os filmes da Marvel até agora; o segundo, em seu habitat natural, em meio a diversos ícones dos Quadrinhos, brilhou com o uniforme e como Peter Parker; e o terceiro, exalando charme, dignidade e expressividade arrebatadora como T’Challa, os aspectos mais típicos de um soberano, alinhado à plasticidade, ferocidade e expansibilidade quando trajado como Pantera, arrebatou instantaneamente fãs (estou entre estes) que ansiosamente aguardam-lhe o filme solo. E é na tão falada e elogiada cena do aeroporto vazio que os três se destacam na luta alucinada e fantástica que no mesmo se desenvolve. O plano da sequencia é tão bem realizado que parece ter sido filmada sem cortes, de quadro a quadro se preocupando no detalhismo da exploração de cada habilidade posta em atividade na batalha. Como leitor de Quadrinhos desde os cinco anos de idade e Fanboy, sem fanatismo, da Marvel das antigas (leia-se o Hulk de Bill Mantlo e Sal Buscema; os X-Men de Chris Claremont e John Byrne; e muitos clássicos dos Vingadores), me senti explosivamente exaltado e eufórico com a belíssima sequência bélica que os Irmãos Russo souberam magnificamente conduzir. É a melhor luta de todo o UCM, o auge do mesmo que se torna desde já um clássico entre as cenas de ação da História do Cinema. Até podemos concordar que este filme vale a pena ser visto apenas por ela, mesmo que os combatentes tenham se contido por se tratarem de indivíduos que mutuamente respeitam-se (a exceção é o Bucky, claro; os que ficam ao lado do Capitão estão apenas por causa desta e, não, para protegerem aquele). É como se os grandes planos-sequências desenhados por George Perez envolvendo diversos heróis; as lutas bem plasticamente montadas por John Byrne; e o drama bélico que apenas Jack Kirby era capaz de reproduzir, tivessem ganho vida na tela do Cinema. Isso é O Poder deste realizando a mais épica de todas as cenas já filmadas em um filme deste Gênero. Filme este que NÃO É “o melhor filme de Super-Heróis de todos os tempos”, como alguns críticos, profissionais ou não, decantaram em algumas resenhas. Ele não chega bem perto de ser tal filme, apesar de ser muito bom, de verdade.
O filme se centraliza mais na caçada a Bucky no que, propriamente, aos problemas ocasionados pelo Tratado em suas consequências diretas relacionadas aos Direitos Civis daqueles que trabalham a favor da Justiça como fora de qualquer Lei Estatal. Daria um belíssimo conjunto de diálogos e situações típicas de um estudo do Superheroísmo e do Vigilantismo, não daria? No entanto, o filme funciona mais como puro entretenimento visceral do que levantador de questionamentos aprofundantes das temáticas acima citadas. Soldado Invernal continua, por causa disso, repetindo o que eu escrevi no segundo parágrafo, sendo o melhor filme da Marvel, assim visto pela quase maioria dos fãs do UCM. Porém, este Capitão América: Guerra Civil agrada a leitores antigos, leitores novos, não-leitores e os que estão se iniciando na leitura de Quadrinhos; e aos que passaram a gostar e conhecer os Super-Heróis da Marvel nos Quadrinhos por causa dos filmes. Na verdade, o filme é uma completíssima História em Quadrinhos bem arquitetada a fim de verdadeiramente ser transportada para a tela do Cinema, figurando como o segundo melhor filme do UCM até agora. Fica um vazio ao fim para quem esperava algo a mais, uma sensação de que poderia ser melhor. O importante, mesmo, afora isso, é que este momento da História do Cinema vem a ser a Idade de Ouro das adaptações de Quadrinhos. É hora de comemorar e aplaudir cada resultado cinematográfico, mesmo que alguns filmes sejam de medianos a fraquíssimos. A Era Heróica Cinematográfica está entre nós e especialmente para os Nerds/Geeks (como eu) é um MOMENTO DE PURA FESTA!!!
Saudações Inomináveis a todos vós, Realistas Leitores!
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