Quando se fala do filme “Pantera negra” temos uma concordância
geral de que a obra revela muitos temas para debate e o filme abre espaço para
esses debates.
Chadwick Boseman que viveu o personagem e o eternizou, morreu
neste último final de semana vítima de um câncer de Cólon. Faço esse texto como
uma homenagem ao ator e a obra e legado que deixou.
Além do próprio protagonista rei Tchala, quem rouba a cena
no Filme é o vilão Killmonger (Michel B Jordan), Killmonger é um misto de ódio,
supremacia e radicalismo, tudo em um homem só. Devido a todo o contexto de construção
do personagem: seu pai foi morto pelo então rei de Wakanda, rei Tchaka, o
motivo da morte ? o irmão do rei e pai de killmonger estava ajudando
traficantes a roubarem vibranium de Wakanda , como pretexto de que seria para
ajudar a comunidade de negros ao redor do mundo.
Após toda uma construção killmonger chega até Wakanda e reivindica
sua parte no trono do país, e qual é o caminho para que o vilão se torne rei?
um desafio até a morte com o atual rei, no caso Tchala. O ponto da minha argumentação entra agora: até
onde obedecer às leis e tradições é algo bom? Pois vejam bem Tchala acaba correndo
risco de perder a luta e entregar seu país nas mãos de um lunático radical, mas
aceita o desafio para obedecer a suas leis e suas tradições.
A lei é justiça? ou as leis diversas, são todas instrumentos
da justiça? a verdade é clara, existe justiça sem lei, mas não existe a
liberdade sem as leis, temos então um paradoxo.
Frédéric Bastiat escreveu sobre algo que se faz atual a cada
dia que se passa aqui no brasil: a perversão da lei. Como é nítido no filme
pantera negra, a lei pode ser facilmente desviada de seu propósito inicial,
nesse nível toda questão politica será de cunho delicado e crucial, sempre
temos lutas no congresso, no senado e no executivo para discutir mais leis.
Através de todas essas incansáveis discussões sobre tudo
isso, a lei é pervertida. Killmonger no filme perverte a lei que já existia,
pois se torna rei de forma “legal” e por mais monstruoso que seus planos sejam,
seus servos lhe obedecem pois sabem que ele detém o poder da lei.
Devemos temer mais do que tudo a perversão da lei, pois com
a lei pervertida, são criados os Estados policiais e a lei é transformada em um
instrumento de qualquer tipo de ambição, ao invés de ser usada como freio para
reprimi-la.
Os wakandanos , assim como qualquer outro povo comemoravam
suas majestosas leis e constituição, mas esqueciam da justiça em sua forma
pura, da justiça que rege ou em teoria deveria reger as leis e assim, para
manter seu amor platônico pelas leis preferiam seguir um deposta do que se
rebelarem e seguir a verdadeira justiça.
No mundo da ética liberal Partimos do ponto de que todo ser
humano nasce livre e tem pleno conhecimento de suas capacidades, se cada homem pudesse
se dispor livremente dos frutos do seu trabalho e consequentemente do fruto de
sua justiça, o progresso social seria incessante, ininterrupto e infalível. Mas
a mentalidade geral dos wakandanos e até mesmo a nossa, foi cauterizada pelo
poder dos legisladores, e a perversão da lei, que é em suma a lei sem a
justiça, destrói para o próprio bem dos legisladores diversos graus da
humanidade.
Temos exemplos: a lei pervertida destrói a liberdade por
meio da escravidão(até meados de 1800 a escravidão era legalizada no Brasil, toda
lei é realmente, inevitavelmente boa?) ,
destrói a própria liberdade de expressão por meio da opressão ( a polícia não serve
para defender o cidadão, em última instancia ela serve para ser o braço forte
do Estado) e por fim destrói a propriedade por meio da espoliação, e com propriedade
falo também de nossas próprias vidas.
Reflexão que fica de tudo isso: Justiça é justiça, leis são suscetíveis
a devaneios de homens, respeite o que é justo e nem sempre o que é justo, está “certo”.
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