A capa alternativa de Jae Lee que Tom King TENTOU CENSURAR. |
Planejava escrever outro artigo da série
dos vilões, e ainda o farei, mas talvez tenha de elaborar melhor o artigo e
tive a ideia de aproveitar outro dos temas “coringa” que tenho guardado para posts, até mesmo porque tive ensejo,
pois acontecimentos recentes no mundo dos comics
voltaram a pôr em evidência a problematização e a censura de capas de revistas.
Este é para ser um post com assunto
mais descontraído, apesar de que não tem nada de engraçado na censura ou
perseguição a capas. Na verdade, é um assunto muito sério, que até compromete a
liberdade criativa dos artistas de HQs.
Há umas semanas atrás, o escritor
lacrador de quadrinhos Tom King surtou com uma capa variante desenhada por Jae
Lee, um dos maiores artistas da indústria, responsável por Inumanos e O Sentinela,
entre outras obras. O motivo do surto de King foi por ele ser o escritor da HQ
do Rorschach e por Jae Lee ter desenhado uma capa para a HQ Cyberfrog, de Ethan Van Sciver. O
problema é que Van Sciver é um membro do movimento Comicsgate, que é “antilacre”
e defende que os quadrinhos voltem a ser um meio para entretenimento, sem
diversidade forçada e proselitismo político.
Essa censura de Tom King causou o maior
mal-estar no meio dos comics. Afinal
de contas, um cara branco acusou um cara asiático de fazer parte de um
movimento contra a diversidade. Santa falta de lógica, Batman! E Jae Lee soube de tudo enquanto estava de
luto pela morte de seu cachorrinho, o que só serviu para deixá-lo mais puto da
vida.
Infelizmente, essa não foi a primeira
vez que um autor de quadrinhos reclama da capa variante de uma HQ que escreve.
O lacrador e “feministo” Greg Rucka também censurou uma capa da
Mulher-Maravilha ilustrada por Frank Cho, que mostrava parte da calcinha da
amazona. Cho lavou roupa suja em público e denunciou a censura de Rucka. Na
verdade, nenhum dos dois saiu ganhando nessa história. Cho ganhou uma legião de
haters social justice warriors e
Rucka ficou com fama de censor.
Imagine então a capa da Mulher-Maravilha desenhada por John Byrne nos anos 90. Hoje em dia, ela não seria aprovada nem fudendo.
Devo salientar um aspecto: censura de
capas de quadrinhos de super-heróis Marvel, DC e afins sempre existiu, mas não
era exatamente uma “censura”; era um crivo do editor, que aprovava não apenas a
capa, mas também o conteúdo das histórias. Porém, o que ocorre é que, com o
advento da internet, essas capas censuradas costumam vazar e repercutir. E
também estamos vivendo tempos de muita polarização, em que os social justice warriors escolheram os
quadrinhos como um de seus alvos, graças aos super-heróis estarem mainstream por conta das adaptações de
filmes e afins. O problema é que os SJW não consomem as HQs que pleiteiam. No
máximo, baixam scans piratas dos
gibis, pois são contra o capitalismo.
Outro caso famoso de censura nos comics recente foi a capa da Mulher-Aranha
desenhada por Milo Manara. Desnecessário apresentar Manara; o cara é um dos
maiores artistas das BDs europeias vivos. Apesar de Manara ter umas histórias
até meio apelativas, a exemplo de O Clic,
Perfume Invisível etc., ele é foda,
um gênio, que aproxima as HQs da arte. Então, quando se pede para um dos
maiores artistas do gênero erótico desenhar uma capa de revista de uma super-heroína,
espera-se que ele a desenhe de forma sensual, não? É o mínimo. Bom, o estranho
é que tem gente que acha ruim. A capa de Manara foi atacada por uma turba de feministas
virtuais, lideradas por Eliana Dockterman, a mesma que recentemente escreveu um
artigo na Time detonando os
super-heróis e os comparando a policiais fascistas. Acusado de ter
sexualizado a Mulher-Aranha, Manara fez uma declaração um tanto irônica na
época, mas que pode ser traduzida como: “vão tomar no cu, seus ianques caipiras
e hipócritas; nunca mais vou desenhar a porra de um personagem de quadrinhos de
super-heróis americanos”. E assim foi.
Obviamente, há mais alguns exemplos de capas censuradas ou problematizadas. Alguns, eu até acho coerente. É o caso da Action Comics em que mostra Clark e seu pai, Jonathan Kent, bebendo uma cerveja de boa. Parece nada demais, né? Realmente, não é nada tão sério, só que não. A DC fez um recall da capa e substituiu a cerveja por soda. E, nesse caso em particular, não posso deixar de dar certa razão para a editora; afinal de contas, não me lembro de ter visto Clark Kent beber cerveja em muitas histórias. Além de o álcool provavelmente na ter muito efeito na fisiologia kriptoniana, Superman aparenta não gostar muito de beber, preferindo uma velha e boa limonada. Então, sim, acho um pouco estranho ver o herói biritando, a não sem em Superman III, uma vez que ele está alterado.
Não é o caso da capa da reimpressão do encadernado da saga Massacre dos Mutantes. Na capa original de The Uncanny X-Men no 210, Wolverine aparece fumando seu tradicional charuto. Porém, na capa do encadernado, o charuto foi suprimido. Ou seja, o mais famoso dos mutantes foi alvo da patrulha antitabagista, apesar de há anos Wolverine fumar nos quadrinhos. É importante lembrar que o pai de Joe Quesada, o editor sênior da Marvel, faleceu de câncer de pulmão, o que explica a implicância de Quesada com heróis fumando. Ainda assim, era da característica de Wolverine gostar de fumar e beber. No entanto, atualmente ele não fuma mais nos quadrinhos e deu uma maneirada no álcool, apesar de ainda fatiar gente com suas garras de adamantium. Ou seja, fumar não é legal, mas matar bandido vagabundo, sim.
Vamos a outra capa controversa, a de Batman/Superman no 40.
Nessa edição, originalmente Batman posicionava-se atrás de Bekka, a mulher do
Órion, e a enlaçava com um dos braços. Santa encoxada, Batman! Previsivelmente,
feministas reclamaram da capa, e a DC decidiu por apagar o braço do Cavaleiro
das Trevas.
Imagina então a capa da Action Comics de John Byrne, com o pornô
de Superman e Barda. Essa seria vetada no ato hoje em dia. Aliás, não teria
como essa história ser feita atualmente, pois Byrne está no ostracismo tanto na
Marvel quanto da DC.
Que tal uma capa mais controversa ainda, a que o brasileiro Rafael Albuquerque fez para a revista da Batgirl, em homenagem à clássica HQ A Piada Mortal. Foi só revelarem essa capa que ela foi bombardeada por uma horda de feministas teenagers, exigindo seu cancelamento. Há de se destacar que a média de leitores da revista da Batgirl é formada por meninas adolescentes e jovens adultas. Entretanto, se fosse uma capa da revista do Batman, que possui uma diversidade de leitores homens bem maior, o esperneio provavelmente seria o mesmo.
Que tal uma capa mais controversa ainda, a que o brasileiro Rafael Albuquerque fez para a revista da Batgirl, em homenagem à clássica HQ A Piada Mortal. Foi só revelarem essa capa que ela foi bombardeada por uma horda de feministas teenagers, exigindo seu cancelamento. Há de se destacar que a média de leitores da revista da Batgirl é formada por meninas adolescentes e jovens adultas. Entretanto, se fosse uma capa da revista do Batman, que possui uma diversidade de leitores homens bem maior, o esperneio provavelmente seria o mesmo.
E, para arrematar, uma capa bem
polêmica, que praticamente foi cancelada por todo o meio dos comics, a de Vengeance of Vampirella no 1, da Dynamite. Nela,
Sonja e Vampirella ficam de hostess
do personagem Cecil, símbolo do ComicsGate. Essa capa quebrou a internet e fez
os lacradores surtarem geral, como nunca antes. E, obviamente, a Dynamite teve
de censurar a capa.
Esses foram apenas alguns exemplos de
capas canceladas ou problematizadas na indústria dos comics. Quem souber de mais alguma que desconheço ou possa talvez
ter esquecido, pode mencionar nos comentários. Infelizmente, com o advento do
politicamente correto e da polarização nas redes sociais, essas tretas
envolvendo capas de revistas devem ficar cada vez mais comuns. Ou talvez já
sofram de censura prévia. Prevejo tempos sombrios.
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