A
Organização Mundial da Saúde (OMS) adverte : quem não morrer pelo
coronavírus vai ficar lelé da cuca, doido de pedra. Ou morre de
covid-19, ou passa a rasgar dinheiro, a comer bosta, a dar estilingada
em avião e a beliscar poste.
A
OMS alerta para o possível surgimento de uma pandemia paralela à do
coronavírus; uma copandemia, digamos assim, de doenças mentais causadas
pelo isolamento social.
Não
é o meu caso - aliás, está longe de sê-lo -, mas o serumaninho médio e
mundano, que deve compor uns 90% ou mais da população global, não
consegue viver bem se longe do fedor da manada. Ele precisa que o cu do
outro esteja sempre às suas fuças - para que possa reconhecer o seu
cheiro também no outro -, e que o focinho ainda de outro esteja a
farejar o seu toba - que o outro, igualmente, se reconheça nele e lhe dê
a sua aprovação. Um círculo vicioso de cheira-cus, é a que se resumem
as relações humanas.
Pensando
bem - ou só pensando -, a pandemia de confusão mental prevista pela OMS
pode ser vista como uma espécie de doença ou infecção oportunista. Que
são moléstias causadas, geralmente, por agentes ou patógenos - externos e
internos - com os quais convivemos diária, normal e pacificamente. Mas
que, frente a uma nossa debilidade, a uma baixa de nosso sistema imune
causado por alguma doença, arvoram-se em valentões e partem para cima de
nós, botam pra fuder, aproveitam de nossa fraqueza para tirar as suas
casquinhas. No jargão futebolístico, um agente oportunista é aquele que
mal se percebe ou se faz ver em campo, mas que está sempre na boca do
gol esperando por alguma sobra, é o cara que fica na "banheira".
Pode
ser o vírus da herpes labial, que se aproveita de uma febre para
eclodir em vesículas nas nossas bocas, muitas vezes depois de anos e
anos inativo; pode ser o fungo Candida Albicans, comum no trato
urogenital humano e que não causa qualquer dano ou desconforto em
condições normais, mas basta que um desequilíbrio de pH, que pode ser
motivado por stress, ocorra para que ele prolifere e cause a candidíase,
mais comum em mulheres; podem ser as bactérias comuns e necessárias de
nosso trato intestinal, onde são não só inofensivas como benéficas a
nós, mas que, se atravessarem a parede intestinal através de alguma
lesão causada por uma amebíase ou verminose e atingirem outros órgãos
via circulação sanguínea, podem causar graves infecções; podem ser
ácaros e outros agentes alérgenos do ambiente; etc etc etc.
Por
isso digo que, caso venha a ocorrer, o surto de demência que tanto
preocupa a OMS será o primeiro caso registrado de pandemia oportunista.
Algo que já está por aí há muito tempo entre nós, só aguardando na
"banheira" a chance de marcar o seu gol.
Explico
: assim como aos fungos, vírus e bactérias oportunistas, estamos
expostos diariamente aos agentes da loucura. Agentes externos (aqueles
entremeados no nosso dia a dia, em nossas relações afetivas, sociais e
laboriais) e agentes internos (aquela loucura íntima e inconfessável
contra a qual lutamos todos os dias (ou não), com a qual conversamos
quando ficamos sozinhos a beber uma cerveja, ou quando botamos a cabeça
no travesseiro).
Como
acontece com os fungos, vírus e bactérias oportunistas, mantemos, o
mais das gentes, no mais das vezes, a loucura sob controle.
Estabelecemos relações diplomáticas e políticas de boa vizinhança com a
loucura que nos cerca e que nos habita. Até que uma fresta se descortine
para ela, até que uma fraqueza lhe aponte uma rachadura em nossa frágil
sanidade e lhe dê o sinal verde para a invasão e a conquista de nosso
território mental.
O
coronavírus e o consequentemente isolamento social abriram esta brecha
para um surto planetário de insanidade mental. Insanidade que,
paradoxalmente, não será contraída pela exposição aos patógenos da
loucura, mas sim e antes pelo contrário, pela falta de contato com eles.
Tenho
cá para mim que a inoculação diária de loucura que recebíamos de nossas
relações sociais e laboriais atuava como uma espécie de vacina contra
nossa loucura íntima e pessoal. Que a loucura coletiva feita em norma
nos imunizasse constantemente contra a loucura individual. Tenho
pensamentos e/ou atitudes que, por vezes, me parecem insanos?, o sujeito
se perguntava. Sim, ele próprio respondia. Mas... a maioria também os
têm e age da mesma forma. Então, não é loucura, ele racionalizava. E
dormia tranquilo.
É
o que eu disse do cheiro nauseabundo da manada, do necessário cheiro do
cu do outro : enquanto o sujeito sentia a própria fedentina, mas tinha a
confirmação diária de que o outro também exalava o mesmo bodum, tudo
estava certo na cabeça dele. E quando ele passou a ter que suportar o
seu fedor sem nenhuma outra referência atenuante? Sem nenhum outro
parâmetro que confirme a sua catinga como normal? Aí, meus amigos, aí é
que a porca torce o rabo para o serumaninho comum; aí é que a casa cai
para o sujeito mediano e medíocre.
Sem
a dose de reforço cotidiana da vacina da loucura coletiva, o sujeito
não consegue mais reagir e combater os agentes internos de sua loucura,
não tem mais como estabelecer se o que ele pensa (o que nunca foi mesmo o
seu forte) está dentro ou fora da casinha. Aí, a loucura interna do
sujeito, feito o vírus da herpes e o fungo da candidíase, toma conta da
casa. Aí, o sujeito despiroca de vez. Não é para qualquer um conviver só
com o próprio cheiro e não ficar louco.
A abstinência da loucura coletiva, imposta pelo coronavírus, poderá trazer a copandemia oportunista da insanidade individual.
E
quais são as recomendações, os remédios prescritos pela OMS para evitar
a loucura global? Aí é que vem a verdadeira loucura! A OMS destacou
cinco itens de uma extensa lista que ela julga ser os mais eficientes na
profilaxia da piração geral.
Frases
motivacionais e de autoajuda!!! É o que nos receita a OMS contra o
desatino! Pããããããta que o pariu!!!! Valha-me Nossa Senhora das Frases de
Parachoques de Caminhão!!! Contra a pandemia da demência, Augusto Cury,
Lair Ribeiro, Paulo Coelho e Içami Tiba! Aí é que eu fico louco!!!
Para a pandemia do coronavírus, a cloroquina (que, meno male, ainda é um produto da ciência); para a copandemia do despirocamento, os gurus da autoajuda.
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