Texto da Tag "Escritor Convidado", escrito por: Máskara - Cientista Político. Mais textos dele podem ser lidos em seu Instagram: https://www.instagram.com/maskaracientistapolitico/
Em seu livro “O
conceito da angustia” Soren Kierkegaard aborda um tema, que ele chama de
“determinações intermediarias”, as determinações intermediarias são o que
podemos chamar de exemplos, exemplos no circulo familiar, escolar e até no
ambiente de trabalho.
Kierkegaard afirma e
com razão que os exemplos que um ser humano tem durante sua vida fazem dele que
ele é no final dela e ao decorrer dela. Para ele este era um dos motivos das
pessoas se tornarem más, felizes ou tristes por exemplo.
Hoje vivemos em um
Mundo onde a geração de exemplos não é lá essas coisas, não temos grandes
exemplos na política, não temos grandes exemplos na mídia. Na ordem ampliada a
necessidade ou o anseio por ser um “exemplo” fica em segundo plano. Com a
derrocada dos valores Familiares, e a crescente ascensão do individualismo utilitarista
neoliberal, o ser humano se tornou nocivo (mais nocivo), mas nem tudo está
perdido.
C.s Lewis em seu
Livro intitulado “A abolição do Homem”, argumenta em cima de um tema que ele chama
de “difusão de humanidade “. E como se dá essa difusão? Lewis nos traz o
exemplo de um Pai que é um soldado romano, este por sua vez está contando aos
seus filhos como é lindo e belo morrer em uma guerra para proteger seu país e
sua parte do império, pois fazendo isso protegiam suas mães e irmãs.
Naquela época era algo
de se aplaudir se doar pelo bem de outro, e de outros que nem nasceram ainda, o
pai romano estava difundindo sua humanidade ali para seus filhos e pouco se
importando em explicar o porquê era “belo” se doar por outro alguém. Se
entregar por alguém era Belo pelo fato de ser belo sem muitas explicações sobre
o termo, a colocação do termo, o contexto do termo etc. Afinal racionalizar
demais tudo foi que que tornou as atuais gerações tão vazias e carentes de
exemplos. Ao difundir sua humanidade pura e simples como ela era, o pai romano
se tornou um determinante intermediário na vida deles.
“Ah Maskara mas vivemos
em um país onde o abandono paterno é enorme, e o índice de divórcios
crescestes, como se pode ter determinações intermediarias?”. Realmente uma Tarefa
difícil, mas hoje temos difusão e acima disso liberdade ! não temos difusão de
humanidade como citado acima, mas difusão cultural, tecnológica... a
globalização ajudou nisso, e se não temos exemplos para seguir em nossa
cultura, em nossa história, em nossa vida cotidiana, nós temos esse exemplo na
historia e no mundo.
Nossas determinações
intermediarias estão no Passado recente ou mais antigo, ou seja, não estamos
“sós”, dos grandes Estadistas como Lincoln e Churchill, até o patriarca José
Bonifácio, ou O corajoso revolucionário Voltaire, e mais antigo ainda o próprio
guerreiro Aquiles entre outros.
Hoje a
individualidade se tornou nociva, a ignorância se alastrou, porém exemplos no
passado não faltam para que nós possamos seguir rumo ao sempre incerto futuro. A
humanidade é algo atemporal e a difusão dela também deveria ser não se pode
negar nossa história em comum. Todavia vê-se um certo medo em seguir seus
próprios ideais e sair do “padrão” desse mundo da Pós-verdade, onde temos de
fato muitas verdades porém poucas certezas, e este mesmo medo é o principal
gerador de uma covardia silenciosa, que nos faz perpetuar diversas injustiças
harmoniosas, afinal não é muito difícil de ver que o mundo parece estar
“doente”.
Onde você tem buscado
suas determinações intermediarias, o que faz você ser você? quais são seus
exemplos, e você próprio tem sido exemplo para alguém?
“Tento resumir, de modo simplório,
a grande reflexão aqui contida ... A tentativa de abolir a moralidade equivale,
no fim, abolir o
próprio homem.” C.s
Lewis.
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