Não sou adepto nem mesmo simpático às tais aulas videoaulas. A youtubers "engraçadinhos" metidos a professores, uns merdas do caralho, isso sim. Antes pelo contrário, tenho profunda repulsa e aversão a esta modalidade de "ensino".
São
"aulas" fast-foods, sem gosto, superficiais, ocas até a medula. Não é
de se espantar que tanto tenham caído no gosto e na preferência da
corrente geração.
Ontem,
no entanto, travei contato com uma exceção. Com uma honrosa e
honorabilíssima exceção. Frente a qual, só posso dar meu braço a torcer,
minha mão à palmatória e meu saco a chute.
E por três motivos.
Primeiro.
Por se tratar de um tema cuja ignorância é unanimidade nacional : a
porcentagem. Parece-me mesmo que algum atavismo, que alguma danosa
mutação no DNA ancestral da nação tupiniquim tornou o brasileiro
totalmente imune e refratário ao conceito da porcentagem. Do analfabeto
ao engenheiro; que direi, então, do pedagogo?
Segundo.
Pela coesão, pela eloquência e pela clareza com que a docente - ou a
"docenta", como tenho a certeza de que ela exigiria ser chamada - expõe o
indigesto e espinhento componente curricular. Depois de assistir aos
poucos segundos da videoaula, garanto-vos que será virtualmente
impossível e impraticável que o apedeuta não aprenda, de uma vez por
todas e para todo o sempre, as artimanhas da famigerada porcentagem.
Mais fácil, doravante, ele se esquecer de como se anda de bicicleta e de
como se toca uma punheta do que como se calcula uma porcentagem.
Terceiro.
Por ser a "docenta" - como muitos de vocês já podem ter desconfiado -
ninguém mais ninguém menos que ela, a ex-presidanta (e eterna anta)
Dilma Rousseff, um dos grandes vultos (ou das grandes vultas) da recente
e triste História do país. Um dos grandes vultos, não; melhor, uma das
grandes assombrações de nossa recente História.
Usando
o pré-sal como mote e fio condutor de sua videoaula, e mostrando que é
hábil em estabelecer interdisciplinaridades, intertextualidades e em se
utilizar de elementos do cotidiano do aluno como ponto de partida de sua
preleção, como prega a acéfala pedagogia, Dilma Roussef nos dá um show
de prática de ensino, esbanja e sobeja didática.
Abaixo,
a transcrição literal (deu-me um trabalhão do cacete transcrever o
dilmês para o bom português) da videoaula, seguida pela videoaula em si,
que deixaria, se vivos ainda estivessem, Pitágoras, Euclides, Tales de
Mileto, Euler, Isaac Newton, Descartes, Fibonacci, Fermat, Bhaskara,
Pascal, Laplace e outros aquilatados que tais, cheios de vergonha. Até
eu fiquei. Além da porcentagem, Dilma também aborda, como assunto
correlato, a língua portuguesa; sobretudo a concordância verbal e
nominal, quando diz, a exemplo, "não 'é' 30% dos recursos".
"Não
é 30% dos recursos da exploração, é 30% de 25%, ou 30% (pausa) de 30%.
Portanto, não é 30%, está entre 7,5 ou um pouco mais, 12,5 %. Não se
trata de 30%, se trata que a distribuição é 70 a 75% pra a União,
Estados e Municípios, os outros restantes, esta é a lei, os outros
restantes é que são 30, a Petrobrás tem direito a 30% de uma parcela de
25 a 30%. É isso que é o pré-sal".
Engraçadíssimo,
o vídeo. E só não é mais engraçado porque esta desgraça de "presidenta"
foi eleita por duas vezes pelo povo brasileiro para ser a sua líder
política maior. Ah, mas o povão é ignorante...
Não
foi só o povão que elegeu esta excrescência. Foram também as "mentes
pensantes" das universidades; sobretudo o pessoal das "humanas",
Sociologia, História, Geografia, Filosofia, Pedagogia, Ciências Sociais e
outros gastos inúteis do dinheiro público.
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