Nota do Ozy: Chacrinha aqui ilustrando o post, |
Escrito por: Jotabê
Desde 2014, entretecidas nos mais de 1.700 posts do Blogson, podem ser encontradas confissões, lembranças, desabafos e imagens que permitem montar um puzzle quase completo de mim mesmo. Por isso, qual o sentido de apagar ou censurar tudo que um dia resolvi tornar público?
Este assunto voltou à cabeça por ter elogiado um texto publicado no blog de meu amigo virtual Ozymandias. Segundo ele, o autor apagou todos os posts do blog que mantinha. “Mas, por sorte, gostou tanto dos que lia, que conseguiu salvar dois, no Word, ainda naquele tempo”.
Acho estranhíssimo que alguém apague tudo o que um dia compartilhou na internet. Que tipo de sentimento leva alguém a fazer isso?Vergonha ou arrependimento por ter-se “desnudado” tanto nos textos publicados? Sentimento tardio de posse pelo que foi tornado público? Frustração por ter sido tão pouco lido e comentado? Ou para (re)criar uma persona de gente “normal”, mais palatável a um possível empregador? Talvez tudo isso ou muito mais, não sei.
Mesmo sem jamais sonhar com a existência da internet, meu pai e seus irmãos, já no fim da vida, rasgaram e queimaram tudo o que escreveram e guardaram ao longo da vida. Fico pensando em um sentimento de pudor, de recato, um desejo de não decepcionar ou constranger filhos e outros familiares, uma vontade de resguardar a imagem que se esforçaram em exibir para a sociedade. O problema disso tudo é que tentaram - em vida - controlar reações e sentimentos póstumos de parentes e conhecidos, esforço absolutamente inócuo.
Os versos finais do poema “Incorrigível” resumem meu sentimento pessoal sobre este assunto:
Como mudar o que se fez definitivo?
Agora é muito tarde, impossível
Corrigir - não a ortografia,
Mas a vida.
Se alguém quiser conhecer o poema na íntegra, o link é este:
Há também um post em que comento o fim do excelente blog “O Elemento Jota”. O link é este:
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