Escrito por: Olavo Carvalho
Última leitura. E
continuam as aventuras de Kenshiro, o herói porradeiro, na terra desolada à la
Mad Max. O protagonista está no encalço de Jagi, seu irmão adotivo e um dos
quatro herdeiros do estilo Hokuto Shinken. Jagi é tão malvadão que até amarra
uma criancinha em uma pedra com o dobro de seu tamanho. Para variar, ver
criancinhas mortas é algo que deixa Kenshiro injuriado, e ele faz uma promessa
ao irmão do moleque que irá matar Jagi.
Esse volume também foi
o volume dos flashbacks. Mostra o duelo de Kenshiro e Jagi, e o mestre do
estilo Hokuto escolhe Kenshiro como herdeiro do estilo. Jagi fica indignado e
resolve pedir satisfações a Kenshiro. O protagonista então enche a cara de Jagi
de porrada, e a cabeça dele dilata por causa dos golpes. Desfigurado, ele jura
vingança contra Kenshiro.
Como se não fosse pouco
flashback, ainda há o de Jagi se gabando de que manipulou Shin para dar um
cacete em Kenshiro e sequestrar sua noiva Yuria. Em vista disso, óbvio que ele
fica mais puto ainda e parte para cima de seu “irmão”. O problema de Jagi é que
ele é outro vilão que morreu na praia. Um dos problemas do protagonista é que
ele é forte demais e liquida seus inimigos sem muito esforço. É uma mistura de
Batman e Wolverine no quesito de “ser foda”, apesar do visual do Stallone,
outro fodão dos anos 80.
Sinceramente, Kenshiro
é um protagonista que não tem grandes desafios; o único vilão que deu um pouco
mais de trabalho para ele ate agora foi Shin, e só no flashback do primeiro
volume. Depois, ele apanha que nem uma vadia criada. Jagi é a mesma coisa;
parece um vilão foda, mas passa vergonha. A luta entre ele e Kenshiro é boa,
mas dá para ver que Kenshiro é bem superior. Jagi até emprega o estilo Nanto
Shinken, mas nem isso equilibra a luta. Antes de morrer despedaçado, ele diz
para Kenshiro que seus outros dois “irmãos” estão vivos.
O segundo arco desse
volume começa com Kenshiro indo atrás de seu irmão Toki. Esse Toki é tipo o
Jesus Cristo do mangá, que prefere usar o estilo Hokuto para curar as pessoas.
Kenshiro escuta de um valentão que Toki se tornou mal e agora usa as pessoas
como experiência para testar os pontos de pressão. E de fato esse Toki de agora
é o maior filho do puta sádico. Kenshiro desafia o capanga bucha de seu “irmão”
em uma queda de braço sobre uma serra e aparece lá para tirar satisfação. Vendo
que Toki enganou os pais de um menino doente e o matou (outra criancinha morta!
Esse mangá é de infanticídio), Kenshiro fica indignado e parte para cima do
vilão. Mas ele ainda não consegue usar o Hokuto, pois tem sentimentos por seu
irmão.
Para variar, ainda
acontece outro flashback, de Toki voltando para a comunidade que construiu e
encontrando seu povo massacrado por uma gangue de bárbaros. Enfurecido, ele
liquida todos. Mas entra em desespero e fica malvadão. Fim do flashback.
Para dar mais raiva de
Toki, o pai do moleque que ele matou fica injuriado e parte para cima do vilão,
apenas para ter uma morte horrível. Kenshiro se enfurece de vez, aparentemente
ele vira a jogo e começa a vencer Toki, mas o vilão usa o corpo da mãe do moleque
como escudo, e a luta mais uma vez pende para ele.
Então, Rei, o good fellow de Kenshiro aparece, e
acontece a resolução ex machina da história.
Rei diz que na realidade Toki não é Toki; é um falso Toki. Na verdade, é um tal
de Amiba, que substituiu Toki. Esse é o efeito placebo que Kenshiro precisava
para liquidar Amiba, aka Toki, que perde a luta vergonhosamente e é
despedaçado.
Começa então o último
arco desse volume que é Kenshiro e Rei indo atrás do verdadeiro Toki, que está
preso na cidade-prisão de Cassandra, sob o julgo de um governador sádico. Desse
ponto em diante, parece que o mangá sai da estética Mad Max e entra na estética
Conan, pois os vilões parecem todos bárbaros de capacete de chifre. Se
Kenshiro conseguirá liberar Toki, isso ficará para o próximo volume.
Enfim, o roteiro de
Buronson é divertido e seus personagens são carismáticos. O enredo ainda é
simples, mas está ficando um pouco mais complexo. O desenho de Tetsuo Hara é
excelente, bem detalhista e expressivo, mas meio datado para o leitor moderno
de mangás. E continua uma grande mistura de gêneros, desde mundo pós-apocalíptico
tipo Mad Max até westerns e também épico de histórias de bárbaros. Vamos
esperar que nos próximos volumes Kenshiro enfrente inimigos mais fortes, porque
os que vêm aparecendo até agora não têm dado nem para o cheiro. Nota 8 de 10.
0 Comentários