Escrito por: Marreta do Azarão
Um elefante adulto pode comer uma média de 100 a 150 kg de folhas, frutos e flores por dia. E, se forem tempos de chuva, época de fartura e opções de cardápio na savana, ele escolhe seu alimento à tromba - que é órgão com sensibilidade olfativa centenas de vezes maior que a nossa -, come só as folhas mais novas, tenras e suculentas, só os frutos mais maduros, enfim, só o filé!
Porém,
menos de um terço de toda essa enormidade de alimento é totalmente
digerido por ele. Quase 70% do que ele comeu saem semidigeridos nas
fezes. Ou seja, o estrume do elefante é material rico em nutrientes, e,
dada à criteriosa seleção feita pelo animal, podemos mesmo dizer que é
uma bosta gourmet.
Então,
um sujeito, um ser humano à toa, olhando e sabendo de tudo isso, pensa :
por que não me valer de todo o trabalho de seleção e coleta do
elefante, por que não reaproveitar as ervas, as flores e os frutos não
digeridos da merda do bicho?
Foi
o que fizeram Paula e Les Ansley ao ficarem sabendo sobre o processo
digestivo do elefante através de um guia durante um passeio a um parque
nacional da África do Sul.
O casal resolveu reaproveitar o esterco elefantino, dar-lhe um novo destino. Criou um gin feito de merda! "Por que não deixamos os elefantes fazerem o trabalho duro de coletar todos esses vegetais para fazermos gin com isso?", disse Paula Ansley.
Primeiro,
o estrume é lavado, seco e esterilizado; depois, os vegetais não
digeridos são extraídos dele e infundidos em gin, para que o álcool
sequestre e guarde o melhor de suas essências herbais, florais e
frutadas. Então, nem é verdadeiramente um destilado de merda, a merda só
entra para melhor compor o bouquet do gin, está mais para um chá de bosta, um tintura de cocô.
"O gin é delicado, amadeirado, quase picante e terroso, capta o espírito mais selvagem da África",
descreve o seu produto Les Ansley, que coleta manualmente, junto com
sua esposa, as fezes dos elefantes. Terroso, tenho certeza de que ele é.
O elefante solta o maior barro e o casal Ansley vai lá e recolhe.
O bouquet
da bebida, dizem seus idealizadores, pode apresentar pequenas variações
de acordo com o tipo de alimento que o elefante tem disponível em cada
época ou estação do ano. A bebida, portanto, apresenta notas de
sazonalidade em seu bouquet.
Estão pensando o quê? Merda também tem terroir!
O rótulo traz, ainda, informações sobre a safra da merda, traz a data e o local de coleta. Uma garrafa de 750 ml do Gin Indlovu sai pela bagatela de US$ 70,00. Quase 300 dos nossos desvalorizados reais.
E, depois, tem gente que diz que as cervejas boas e baratas que eu tomo é que são uma merda.
Muito
a contragosto - muito mesmo - sou obrigado a concordar, neste caso e só
neste caso, com o cocainômano, comedor de merda e de mãe e mamador de
falos cubanos Sigmund Freud. O ser humano tem mesmo uma fixação anal.
Tem verdadeira obsessão e fascinação pelo cu. Por tudo que lhe diga
respeito, por tudo que possa ou entrar ou sair dele.
Digo isso porque o gin não é um caso isolado de produto gourmet derivado do cu de outro animais.
O mais famoso deles é o café Kopi Luwak da Indonésia, o mais caro do mundo, feito a partir de grãos de café cagados do cu da civeta, o simpático bichinho aí abaixo.
A
civeta, que a exemplo do elefante, também tem rígido controle de
qualidade do que come, só se alimenta dos melhores frutos do cafeeiro,
só dos mais maduros e adocicados. A civeta beneficia o fruto da café
como faria uma fábrica : ao comê-lo, retira-lhe a polpa e a casca,
defecando apenas os grãos já "limpinhos; grãos que, ao longo dos
intestinos da civeta, sofrem a ação das bactérias e das enzimas
digestivas do bicho, que interagem quimicamente com eles, mudam-lhes
certa propriedades e conferem-lhes um gosto peculiar, exótico e único.
A civeta faz todo o trabalho para o ser humano, só não torra os grãos, porque é animal espada e não queima a rosca.
O quilo do Kopi Luwak pode atingir o valor de US$ 2.800,00, mais de dez mil reais, segundo o site Grão Gourmet, em cotação de janeiro de 2019.
No Brasil, há um similar do Kopi Luwak,
o Café Jacu, produzido pela Fazenda Camocin, na reserva florestal da
Pedra Azul, no município de Domingos Martins (ES). Na Fazenda Camocin, a
civeta é substituída pela ave Jacu e o processo que se segue é o mesmo.
A ave aí abaixo.
Ainda
que muito mais barato que seu concorrente indonésio, o preço do café
Jacu não é café pequeno : R$ 700,00 o quilo, segundo o site da própria
Fazenda Camocin.
Isso sim é que é dar valor ao cu!!!
São todos produtos refinados, sofisticados, afrescalhados e gourmets.
Custam os olhos da cara. Ou, nesses casos, o olho do cu!
Pããããããta que o pariu!!!!
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