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Convidado”, escrito na página:
Minha
mente ainda mastiga o filme. Ontem, quando sai do cinema, eu e meu amigo não
conseguíamos articular muito bem o impacto que o filme Coringa tinha nos
causado então, discutimos aspetos mais técnicos do filme no caminho de volta.
Como
discutir um assunto tão profundo e delicado, de um filme que tínhamos acabado
de ver, se nem conseguíamos explicar o impacto que o filme tinha feito na
gente? Bom, mesmo assim, chegamos a uma conclusão: O FILME FOI SENSACIONAL.
Hoje
pela manhã, recebi uma mensagem dele dizendo que ele tinha ido dormir pensando
no filme, sonhou com o filme e acordou pensando no filme. Exagero? Sinceramente
eu acho que não. E todo o crédito vai aos roteiristas, o diretor e, é claro,
Joaquin Phoenix.
Mas
você deve estar meio confuso com a frase que eu joguei no início do texto
então, deixe-me explicar:
Virgem
Depois dos 30 é um mangá documentário (logo, baseado em histórias reais) com
base na pesquisa de Atsuhiko Nakamura
e ilustrado por Bargain Sakuraichi, sobre a vida de uma porcentagem significante
dos jovens japoneses. 26% dos japoneses solteiros com mais de 30 anos SAO
VIRGENS! Você não leu errado, mas vou repetir:
26%
DOS JAPONESES ACIMA DOS 30 ANOOOOOOS SOLTEIROS SÃO VIRGENS. São homens
socialmente esquisitos, que se apegam à um ideal femininos que não existe. Que
consomem anime, artigos de grupos de J-pop femininos de uma maneira absurda,
que se excluíram de uma sociedade que, alegadamente, não os aceitou nem os
acolheu.
Algumas
histórias sobre esses japoneses excluídos chegam tão longe que acabam em
suicídio (o Japão tem a maior taxa de suicídio do planeta), traumas
psicológicos, e escolhas completamente erradas que são feitas diariamente por
esses homens.
Um
deles, sempre correu atrás da validação feminina pois, desde criança, era maltratado
pela própria mãe, que não aceitava que o filho tirasse notas menores que 10 na
escola. Depois um tempo ele foi morar com a avó, que não o tratava de maneira
muito diferente. Na escola, os outros alunos tiravam sarro dele por ele ser
menor e mais fraco. Ele cresceu debaixo desse abuso, o que acabou com sua auto
estima e, consequentemente, o fez ser ignorado pelo sexo feminino. Ele foi tão
ignorado pelo sexo oposto e ficou tão carente por isso, que foi atrás de afeto
em outro lugar: uma sauna! "Uma sauna"? Bom... Não é qualquer sauna.
No Japão existem algumas saunas onde homens se encontram para terem relações
sexuais com outros homens. "Esse jovem era gay então?" Não! De
maneira nenhuma! Mas essa foi a única forma que ele encontrou de suprir a falta
de carinho que ele sentiu a vida toda. Nessas saunas, os outros homens
faziam.... Bom.... Isso mesmo que você imaginou... Com esse jovem e, mesmo ele
não gostando, ele ficou nessa situação por muitos anos, pois era a única
válvula de escape que ele encontrou e o mesmo sempre admitiu ser covarde demais
para tirar a própria vida.
Outro
caso era de outro homem que também passou a vida sendo rejeitado. Esse também
não tinha muita sorte. Além de não ser particularmente bonito, ele começou a
perder o cabelo bem cedo. Alguns anos depois de perder o cabelo, ele teve um
problema que fez com que ele ficasse sempre com a língua para fora, não
ajudando muito a sua aparência que já não era das melhores. Mesmo com todos
esses problemas, ele tinha o sonho de ser famoso. Iludido, pois não tinha
talento para ser cantor, comediante, nem ator. Até que um dia ele pensou em ser
um ator pornográfico.
Ele
conseguiu, porém os únicos papéis que os produtores passavam para ele, era o
papel do nerd feio e rejeitado que
ficava assistindo outros homens, mais bonitos do que ele é claro, transarem com
as atrizes pornô japonesas. Toda esse infortúnio começou a pesar na sanidade
dele, até o dia em que ele surtou no meio da gravação de um filme pornográfico
e foi correndo, pelado, pra cima da atriz e entrou agarrá-la. Ela, com toda
certeza, sentiu nojo daquele rapaz feio, careca e com a língua pra fora, e o
desprezou, até com razão, na frente de todos e o humilhou mais ainda. Ele, que
já estava mais do que desesperado, disse que se não passasse num show de
talentos que ele participaria naquela semana, iria se matar. Poucos dias
depois, ele se jogou de seu prédio.
Esses são os incels.
Os celibatários involuntários. Seja por serem feios, por serem desajeitados,
por terem algum distúrbio mental, alguma deformidade física, ou simplesmente
por serem socialmente esquisitos, esses homens são vistos como a escória da
sociedade.
Sim,
alguns são responsáveis pelo seu próprio fracasso, mas outros são vítimas
desafortunadas.
Uns
buscam escape no entretenimento, outros na homossexualidade. Uns buscam escape
se excluindo, outros se mutilando.
Uns
se matam, outros são covardes demais para tirar a própria vida.
São
homens que buscam a aceitação da sociedade, mas que não se aceitam e também
parecem não perceber que parte do problema também é responsabilidade deles.
O
que nos devemos fazer para solucionar o problema? Somos parte dele? Deixamos
esses homens para trás na busca pelo avanço da humanidade? Há culpa nas
mulheres?
São
perguntas difíceis e grandes demais para eu saber responder.
Mas
onde está o debate? Quem está expondo isso na mídia?
Se
alguém expõe, isso é feito com um espírito de ajuda, ou é feito com
demonização?
A
mídia vai continuar tratando os incels como possíveis terroristas ou vai tentar
ajudar esses jovens? Infelizmente, eu acho que a primeira opção é a mais
provável.
Ninguém
liga para eles. Nem a mídia, nem o governo, nem grupo nenhum. Eles estão
sozinhos e, quando alguém surge, é para tacar pedra e demonizar, enquanto gerar
clique.
Sim!
Eles devem buscar a responsabilidade dentro de si, mas e os que nasceram com Asperger,
autismo ou pior: ESQUIZOFRENIA?
Quem
vai aparecer para ajudar Arthur Fleck?
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